Friday 18 December 2009

Ate para o ano

Parto hoje para Lisboa, so voltando a Londres no dia 7 de Janeiro. Se nao nos virmos, desejo a todos um optimo Natal e um ano de 2010 cheio de alegrias.

Sunday 13 December 2009

Mais Natal em Londres

Continuando as festividades natalícias, a Margarida e eu fomos passar a tarde a cantar cânticos de Natal no Royal Albert Hall, uma sala de espetáculos que lembra o Coliseu dos Recreios em Lisboa.

Numa sala completamente cheia de várias gerações de famílias, muitos com chápeus de Pai Natal, uma orquestra e coro tocaram e cantaram músicas de Natal, desde as mais tradicionais, como Silent Night, O litle town of Bethlehem ou Good King Wenceslas até músicas mais modernas como Santa Claus is coming to town, Winter Wonderland ou Frosty the Snowman.

Tratando-se de um "sing alone" ou, como disse o Maestro, um karaoke de Natal com música ao vivo, cada lugar tinha uma folha com as letras das músicas para todos podermos cantar, o que fizemos a plenos pulmões.

Uma tarde bem passada em espírito natalício e comunitário.

Natal em Londres

O Natal no Reino Unido é muito divertido e animado, com bandas do Salvation Army, coros e outros grupos a tocarem e cantarem musicas nas estações de comboio, nas principais ruas e esquinas das cidades.

Junto algumas fotografias das luzes de Londres. Acrescente-se que as luzes de Oxford Street, Regent Street e Bond Street são da responsabilidade de uma empresa portuguesa.







Friday 11 December 2009

As coisas certas

Aos meus ouvidos europeus ocidentais de centro, o discurso do Presidente Obama ontem fez todo o sentido e, acrescente-se, a oratória é uma arte que muito ajuda à transmissão de ideias.

Sunday 6 December 2009

O Choque das Civilizações

Queria ter escrito alguma coisa sobre o resultado do referendo Suiço sobre os Minaretes e como vamos, paulatinamente, perdendo a alma e ficando cada vez mais parecidos com aqueles que nos odeiam, mas deixei passar o tempo e já não tenho nada de muito original para dizer.

Sem prejuízo, vamos por caminhos perigosos.

Será? Espero que não...


Tirado do Facebook de uma amiga que conheci em Timor e que agora trabalha no Afganistão.

Fim de semana de rapazes

O meu sobrinho Sebastião veio passar este Fim de Semana a Londres e fizemos um programa de rapazes. A saber:

No Sábado partimos para Twickenham por volta das 11H30 para assistir à final da Taça Mastercard entre os All Black (Nova Zelândia) e os Barbarians (resto do Mundo). O jogo foi mais divertido do que eu antecipava pois o Sebastião, que joga no Direito, explicou-me as regras do Rugby, o que ajuda...

Depois do Haka (o muito barulhento e impressionante cantico de guerra Mauri que os All black cantam antes de cada jogo) assistimos a uma vitória convincente dos Barbarians por 25-18 com 2 ensaios de ponta-a-ponta do campo finalizados por um jogador Sul Africano pequenino (só tem 178cm que, comparado com as outras torres, parece mínimo) mas rápido e eficaz.

Notei duas grandes diferenças entre o que vi no Sábado e o que se vê num campo de futebol: Por um lado, as claques estavam todas misturadas e não houve o menor problema, tensão ou provocação. Por outro lado, um dos ensaios dos All Black foi muito confuso, com jogadores uns por cima dos outros, mas nada disso preocupou o árbrito, que mandou um dos árbritos assistentes ver as imagens de televisão e que todo o estádio pode igualmente ver nos ecrãs gigantes. Quando estavamos todos de acordo que o ensaio era válido, o jogo continuou sem drama.

Depois do jogo, voltámos para Londres debaixo de uma chuva fria e maçadora numa viagem que levou o dobro da ida, pois havia muitas ruas fechadas à volta do estádio que o GPS insistia em aconselhar. Mesmo com a chuva e o frio, ainda bem que fomos de mota pois as pessoas que foram de carro ainda lá devem estar, tal era o trânsito!

Depois do jantar, fomos com a Margarida patinar no gelo ao Winter Wonderland, uma feira de Natal áustriaca que está em Hyde Park. Devo dizer, orgulhoso, que cada um de nós só caiu uma vez, o que, considerando que nenhum de nós tinha patinado antes, foi uma assinalável sucesso.

Domingo foi um dia ainda mais de rapazes!

De manha fomos às London Dungeons, uma mistura de museu e parque de diversões dedicado a tortura, morte e doenças. Muito divertido! Começámos por visitar uma cidade atacada pela Peste Negra com toda a sorte de infectados; depois fomos ver uma sala de operações de um médico da baixa idade média onde fui "escolhido" para ser o doente e abriram-me um buraco na cabeça com um saca-rolhas para libertar a pressão intra-craniana, sangraram-me um pulso para curar uma doença qualquer e deceparam-me uma mão, já que a sangria anterior tinha gangrenado (segundo o Sebastião, sofri todas estas provações sempre a rir). Dali fomos cortar o cabelo ao salão do Sweeney Todd e passear por Whitechapel tendo encontrado Jack the Ripper num Pub com mau aspecto. Finalmente, fomos levados por Traitor's Gate, torturados na Torre, julgados, condenados e enforcados. Um programão!!!

Após todas estas provações, fomos a outro Museu, mais sério mas dentro do mesmo estilo: o Winston Churchill Britain at War Experience que reproduz com objectos da época e cenários, o dia a dia da população civil de Londres durante o Blitz. O Museu é bem sucedido nos seus objectivos e fica-se cheio de admiração pelo espírito britânico que muito aguentou. Uma curiosidade: durante a guerra, os únicos bens que nunca foram racionados foram o tabaco e as bebidas pois a sua falta afectariam a capacidade de restir das pessoas. Como mudaram os habitos...

Dali fomos visitar o HMS Belfast, um dos cruzadores utilizados durante o Dia D. A visita é um pouco confusa pois o navio é enorme e de tempos a tempos ficamos sem saber muito bem onde estamos. Já que um navio tem que ser auto-suficiente e um cruzador do tamanho do Belfast é tripulado por mais de 1500 pessoas, há de tudo: padaria, talho, peixaria, messes, lojas, hospital, DJ, etc.

Depois do almoço e de uma visita a duas lojas de desporto onde o Sebastião comprou 3 camisas de rugby, voltámos ao Winter Wonderland, onde nos encontrámos com a Margarida para mais uns "sustos" na montanha russa (Sebastião a Margarida) e noutro brinquedo ainda mais "entusiasmante" (só o Sebastião).

Foi um belo fim de semana de rapazes!

Monday 30 November 2009

Que a Força esteja contigo

O Reino Unido faz um censo a cada 10 anos onde, entre outras coisas, pergunta a religião de cada um.

No último censo descobriu-se que mais de 300 mil pessoas seguem a antiga e mui nobre religião Jedi, o que transforma os irmãos na Fé de Yoda e Luke Skywalker na terceira mais importante religião destas ilhas, apenas ultrapassada pelo Cristianismo e pelo Islamismo.

A Força (e o nonesense) estão bem e recomendam-se por estas partes.

Monday 23 November 2009

Cada vez percebo menos da bola

Quem me conhece sabe que eu não ligo nenhuma ao futebol. Aliás, que melhor prova haverá disso do que ser do Belenenses e não andar deprimido ano após ano?

Talvez por isso tenha ficado espantado com a manchete d'A Bola de hoje: "Leão volta a ter raça", numa alusão à vitória do Sporting sobre os Pescadores da Caparica por 4-1. Na minha ignorância esperava que o Sporting vencesse os Pescadores da Caparica por 40-0 a jogar com metade da equipe e com os olhos fechados.

Thursday 19 November 2009

Finalmente

Que a Justiça é um dos maiores problemas que temos, toda a gente sabe. Que a Justiça é fundamental para o regime democrático ninguém duvida. Que há muito mau ambiente entre os principais actores do sistema de Justiça parece ser óbvio. Que é necessário pôr esta gente a falar civilizadamente uns com os outros e a remarem para o mesmo lado parece-me evidente.

O que não sabia é que existe desde o ano 2000 um mecanismo institucional de consulta do sector, o Conselho Consultivo, que reuniu ontem pela primeira nos últimos 5 anos. Sem mais comentários, limito-me a dizer: Finalmente!

Tuesday 17 November 2009

Coisas com graça III



Fotografia tirada do facebook de uma amiga de Timor

Monday 16 November 2009

Lulas grelhadas? Never heard...

Se Sábado foi dedicado à cozinha persa (ver o post a seguir), Domingo fomos almoçar com outros amigos que também estavam em Londres, a um restaurante de peixe chamado Fish Works. O restaurante (que é parte de uma cadeia que existe um pouco por todo o lado) tem uma peixaria à entrada onde podemos escolher o peixe (como o Mercado do Peixe em Lisboa) e há ainda uma boa lista com variedades de peixe ou marisco.

Depois de ter comido como um Xá da Pérsia na véspera, só me apetecia umas lulas grelhadas com salada e qual não foi a minha alegria quando as vi, com bom ar, na peixaria. O pior veio a seguir: pedidas as ditas lulas, o criado não fazia ideia do que é que eu estava a falar e perguntou-se se eu queria calamares. Expliquei-lhe que não, que queria lulas grelhadas. Continou sem perceber bem. Expliquei então o que queria: lulas grelhadas ao bocados com azeite e limão.

Desconfiado, esperei a chegada do prato que vinha óptimo, bem servido, e tal qual eu tinha pedido. No fim, o criado comentou, a rir, que iriam passar a ter lulas grelhadas na ementa. Disse-lhe que esperava que o prato se chamasse "Bernardo's style squids".

Senti-me digno conterrâneo da Rainha Catarina de Brangança, que introduziu o chá nestas ilhas.

Come-se bem no Irão

Este sábado fomos, com um amigo de Lisboa e uma amiga do amigo que é iraniana, a um restaurante persa aqui em Londres. Nada mais sensato do que experimentar comidas de paises que não conhecemos na companhia de quem sabe o que faz e o que escolhe.

Depois de assistir, divertido, a uma longa conversa em persa entre a amiga do amigo e o criado, e ver, ainda mais divertido, a cara da Margarida quando, por engano, lhe mostraram a parte da ementa escrita em árabe, comemos uma série de entradas e grelhados que lembram a cozinha libanesa - que, por sua vez, lembra as cozinhas turca e grega - servidas em quantidades industriais e acompanhadas com um bom arroz de manteiga. Particular do Irão era a bedida: dois jarros de leite semi-qualhado com especiarias, sal, pimenta e gelo que nunca tinha visto antes e de que gostei.

Mais uma variedade culinária a somar aos vários países onde se está bem à mesa.

Coisas com graça II

Transcrito do The London Times com a devida vénia para o João Pedro Pereira que me enviou esta história.

No exterior do Bristol Zoo existe um parque de estacionamento para 150 carros e 8 autocarros. Durante 25 anos, a cobrança do estacionamento foi efectuada por um muito simpático cobrador. As taxas eram o correspondente a €1.40 para carros e €7.00 para os autocarros.

Um dia, após 25 sólidos anos de nenhuma falta ao trabalho, o cobrador simplesmente não apareceu. A administração do Zoo, então, ligou para a Câmara Municipal e solicitou que enviassem um outro cobrador. A Câmara fez uma pequena pesquisa e respondeu que o estacionamento do Zoo era da responsabilidade do próprio Zoo, não dela. A administração do Zoo respondeu que o cobrador era um empregado da Câmara. A Câmara, por sua vez, respondeu que o cobrador do estacionamento jamais fizera parte dos seus quadros e que nunca lhe tinha pago ordenado.

Enquanto isso, descansando na sua bela residência nalgum lugar da costa da Espanha (ou algo parecido), existe um homem que (...) simplesmente começou a aparecer, todos os dias, cobrando e guardando as taxas de estacionamento, estimadas em €560 por dia... durante 25 anos. Assumindo que ele trabalhava os 7 dias da semana, arrecadou algo em torno de 7 milhões de Euros.

Friday 13 November 2009

Coisas com graça

The following is an actual question given on a University of Washington Mid-Term Test in Chemistry.

Bonus Question: Is Hell exothermic (gives off heat) or endothermic (absorbs heat)?

One student wrote the following:

First, we need to know how the mass of Hell is changing in time. So we need to know the rate at which souls are moving into Hell and the rate at which they are leaving. I think that we can safely assume that once a soul gets to Hell, it will not leave. Therefore, no souls are leaving. As for how many souls are entering Hell, let's look at the different religions that exist in the world today.

Most of these religions state that if you are not a member of their religion, you will go to Hell. Since there is more than one of these religions and since people do not belong to more than one religion, we can project that all souls go to Hell. With birth and death rates as they are, we can expect the number of souls in Hell to increase exponentially. Now, we look at the rate of change of the volume in Hell because Boyle's Law states that in order for the temperature and pressure in Hell to stay the same, the volume of Hell has to expand proportionately as souls are added.

This gives two possibilities:

1. If Hell is expanding at a slower rate than the rate at which souls enter Hell, then the temperature and pressure in Hell will increase until all Hell breaks loose.

2. If Hell is expanding at a rate faster than the increase of souls in Hell, then the temperature and pressure will drop until Hell freezes over.

So which is it?

If we accept the postulate given to me by Teresa during my Freshman year that, 'It will be a cold day in Hell before I sleep with you', and take into account the fact
that I slept with her last night, then number two must be true, and thus I am sure that Hell is exothermic and has already frozen over. The corollary of this theory is that since Hell has frozen over, it follows that it is not accepting any more souls and is therefore, extinct... leaving only Heaven, thereby proving the existence of a divine being which explains why, last night, Teresa kept shouting 'Oh, my God.'

Wednesday 11 November 2009

Do princípio libertário

Se quisesse simplificar numa frase o libertarismo diria que desde que não prejudique ninguém, eu devo ser livre para fazer o que quiser. E se aplicarmos esse princípio à nossa relação com o Estado, diria que este deveria limitar-se a regular as acções (e omissão) que possam prejudicar outros, o que, em bom rigor, já lhe deixa uma enorme margem para regular a nossa liberdade.

Como é natural, como todas as simplificações, esta não resiste, por si só, aos casos particulares ou a exemplos extremos que são óptimos para destruir as propostas gerais mas não servem para discutir seriamente o papel do Estado.

Sem prejuízo, e voltando à simplificação libertária, o critério de actuação do Estado poderá ser a medida em que a limitação da minha liberdade individual é – ou não – necessária para a preservação da liberdade de terceiros. Por exemplo, acho normal que o Estado regule a quantidade de álcool que posso beber antes de guiar pois há um risco evidente para terceiros se eu atropelar alguém por ir bêbado mas já não vejo razão para que o Estado me obrigue a usar capacete quando ando de mota, pois aí o perigo é só meu e não me parece que deva ser competência do Estado proteger-me de mim mesmo.

Se a questão é clara no que diz respeito à liberdade individual que normalmente associamos aos direitos políticos e cívicos, podemos argumentar que o papel do Estado será o oposto no caso dos direitos económicos e sociais: para sermos mais livres é necessário termos as condições de vida, educação e saúde que nos permitam escolher. Assim, ao Estado competirá agir para prevenir que alguém caia abaixo do que seja comumente aceite como o mínimo indispensável e que hoje entendemos ser o limiar de pobreza, ou seja, 60% do rendimento médio de uma determinada sociedade.

À medida que as sociedades se organizam e que enfrentam problemas mais complexos, menor é a nossa margem de escolha. Sem um limite claro para o papel interventor do Estado, corremos o risco de ver desaparecer a nossa liberdade, sob a capa benigna de nos proteger dos outros, que é necessário, ou de nós próprios, que é abusivo.

Tuesday 10 November 2009

Afinal ainda há marinheiros

Há uns anos conto-me um amigo que um Almirante português na NATO queixava-se dizendo "que passámos de marinheiros a banhistas, com água pelo joelho e medo de molhar o fato de banho".

Embora o número de pessoas que têm carta de marinheiro ou de patrão local, costa ou de alto mar seja apenas 0.13% da população - o que pode ser igualmente explicado pela burocracia e exigência extrema que nos é imposta pelo Estado - ainda há Marinheiros em Portugal. O Francisco Lobato é um deles. Parabéns.

Monday 9 November 2009

Dias que não esqueço

Faz hoje 20 anos que o Muro de Berlim caiu e com ele a divisão da Europa.

Pessoalmente, o Muro de Berlim influenciou-me para sempre. Em 1985 visitei Berlim e fiquei impressionadíssimo com o Muro, principalmente os trilhos do elétrico que desapareciam debaixo do Muro e a sensação de claustrofobia, mesmo considerando que Berlim Ocidental era muito maior que Lisboa.

Mas mais impressionado fiquei quando visitei Berlim Leste: enquanto que Berlim Ocidental era uma cidade activíssima, cheia de vida, que nunca parava, Berlim Leste era uma cidade cinzenta, sem nada, com pessoas tristes e apagadas.

Tratando-se do mesmo povo, às vezes das mesmas famílias, a principal diferença era o sistema político que existia dos dois lados do Muro. Não sei se percebi na altura mas o meu interesse em sistemas políticos e liberdade individual começou naquele verão de 1985.

E se tivesse alguma dúvida sobre as virtudes da economia de mercado e da liberdade política, com todos os defeitos que lhes reconheço, bastava pensar na senhora de 78 anos que conheci no metro de Berlim que, sendo cidadã da República Democrática Alemã reformada - e portanto autorizada a vistar o Ocidente de 3 em 3 meses - ia a Berlim Ocidental onde recebia 100 marcos do Governo Federal que utilizava para comprar fruta fresca para os netos, bem raro em Berlim Leste.

Como dizia Churchill, "se o defeito inultrapassável do capitalismo é a distribuição desigual da riqueza a virtude interna do comunismo é a distribuição equitativa da pobreza".

Saturday 7 November 2009

Um pé em cada hemisfério

Hoje eu e a Margarida fomos a Greenwich onde visitámos o Royal Observatory que tem uma bonita vista sobre o Tamisa e alberga o Meridiano 0º onde o Mundo se divide nos hemisférios Leste e Oeste. Lá estivemos, como todas as outras pessoas à nossa volta, com um pé em cada hemisfério.

Um pequeno passo para nós e uma ajuda indispensável para a navegação.

Thursday 5 November 2009

Tories e a Europa, outra vez

O Partido Conservador está, uma vez mais, em alvoroço por causa da União Europeia, depois de David Cameron ter abandonado o PPE para se juntar a muito duvidosa companhia no Parlamento Europeu, o que muito irritou a (diminuta) ala europeista do partido e ter desistido de organizar um - prometido - referendo sobre o Tratado de Lisboa, o que mais irritou a (enorme) ala eurocéptica e provocou (até agora) as demissões de dois Eurodeputados.

Ensina a História que sempre que os Conservadores se concentraram na Europa, os Trabalhistas ganharam as eleições, não porque os britânicos sejam europeistas - não são - mas porque os Tories não conseguem falar em mais nada e passam o tempo a atacarem-se sem dó nem piedade. Será esta a tábua de salvação dos trabalhistas?

Não há fome que não dê em fartura

Depois de um óptimo fim de semana a participar numa Mesa Redonda sobre Portugal e a Europa em Oxford, vou apresentar um paper sobre Timor Leste na Universidade de Bristol em Dezembro e em St. John´s College, Oxford em Fevereiro. E participarei num painel sobre Promoção Democrática e a União Europeia no Congresso da Associação Portuguesa de Ciência Política em Março.

Tuesday 3 November 2009

E agora os cidadãos?

Terminou hoje às 15H00 de Lisboa a saga de quase 10 anos da reforma das instituições da União Europeia. Será que agora os cidadão voltarão a estar no centro das preocupações da União?

Sunday 1 November 2009

Uma geração de gigantes


20 anos após a queda do Muro de Berlim, reuniram-se os principais actores do ano em que a Guerra Fria acabou: o Presidente Americano Bush (pai), o Secretário-Geral Soviético Gorbachev e o Chanceler Alemão Kohl e foram notadas as ausências da Primeira Ministra Britânica Thatcher (doente) e o do Presidente Francês Miterrand (falecido).

Nesta galeria notável, poderiamos ainda mencionar o Papa João Paulo II e o Presidente da Comissão Europeia Delors. E se olharmos para lá da Europa ou dos Estados Unidos, o nome do Presidente Mandela vem imediatamente à memória.

Sem esquecer ou diminuir o papel dos Povos da Europa de Leste e concorde-se ou não com o legado de cada um, há 20 anos estes líderes mostraram estarem à altura da História e mudaram o Mundo.

Onde andam os gigantes do início do Séc. XXI?

Thursday 29 October 2009

Fim de semana na Universidade

Este fim de semana vou voltar à Universidade, para participar numa Mesa Redonda sobre a União Europeia e o Sul da Europa que terá lugar no St. John's College em Oxford.

Para lá do tema que me é caro, do prestigio da Universidade e da qualidade dos restantes participantes, dá-me particular gosto voltar à actividade académica e científica nem que seja por dois dias.

O inverno do nosso descontentamento

Preparam-se ou continuam uma série de greves de vários serviços no Reino Unido, incluíndo os correios e a British Airways. Anuncia-se um inverno conflituoso antecedendo as eleições gerais da primavera do ano que vem.

Sunday 25 October 2009

Fosse esse o único problema da Justiça

Segundo o Expresso o "presidente do Conselho Superior de Magistratura e o líder da associação sindical dos juízes trocaram acusações: Noronha diz que Martins interferiu nas eleições legislativas, este reage lamentando que o primeiro "não tenha tido uma posição institucional condizente com a quarta figura do Estado e, pelo contrário, pareça ter uma postura de guerrilheiro". [Rui] Rangel [Presidente da associação de juízes pela cidadania] foi salomónico: estão a descredibilizar a Justiça".

Se fosse só isso que descredibiliza a Justiça, muito bem ia o nosso Portugalinho...

Esmagado pela abudância

Esta Sexta-feira fomos jantar a um óptimo restaurante com uns excelentes amigos que comemoravam em Londres os seus 16 anos de casamento. Escolhidos os pratos, pedimos a carta dos vinhos e vimos chegar um longo livro de cabedal com 62 páginas, organizado por países e regiões, onde constavam algumas centenas de garrafas de todo o Mundo.

É sempre bom ter escolha, mas fiquei esmagado pela abundância.

Monday 19 October 2009

Educação superior: um recurso caro e desnecessário?

Segundo o semanário Sol deste fim-de-semana, somos o segundo país da União Europeia onde o custo individual de se tirar um curso superior é mais alto. Enquanto que os estudantes portugueses pagam o correspondente a 11% do PIB, os alunos franceses pagam cerca de 6% e o esforço das famílias na Finlândia corresponde a 1% do PIB. E se no Reino Unido esse esforço corresponde a 12% do PIB, também é verdade que há um conjunto significativo de mecanismos de apoio que cobrem cerca de 44% do custos enquanto que em Portugal o apoio disponível fica-se pelos 18%.

Há, assim, um custo financeiro e pessoal considerável por parte das famílias e dos estudantes para tirar um curso, na esperança, como é natural, que esse esforço seja recompensado mais tarde em termos de empregos melhores e mais bem pagos. O que, dizem as estatísticas do IEFP referida pelo Expresso, é genericamente o caso já que um licenciado obtem um emprego 6 meses mais cedo que alguém que não é licenciado.

Mas, conta igualmente o Expresso, Portugal é o terceiro país da OCDE onde a chamada "fuga de cérebros", ou seja, a emigração dos mais qualificados é mais acentuada. Motivados - ou forçados - pela incapacidade do nosso mercado de trabalho em absorver dignamente os mais capazes, os licenciados portugueses partem à procura da recompensa do esforço que fizeram, levando os conhecimentos técnicos e a força de vontade que fazem a diferença no progresso de um país para outras paragens onde são reconhecidos.

É um lugar comum dizer-se que o maior activo que um país ou uma empresa tem são as pessoas. Infelizmente em Portugal não parece ser assim: formar quadros custa mais caro e os frutos desse esforço não são reconhecido.

Assim, o nosso Portugalinho não vai longe.

Sunday 18 October 2009

25 anos de Oceano Pacífico

Não faço ideia quantas noites terei passado a ouvir o Oceano Pacífico, primeiro na RR e agora na RFM, ao longo dos seus 25 anos de emissão. Mas foram - e continuam a ser - muitas milhares de horas na companhia do João Chaves. Parabéns e obrigado.

Friday 16 October 2009

Prémio IgNobel 2009

O prémio IgNobel da Literatura 2009 foi atribuído à Polícia da Irlanda por ter passado mais de 50 multas de trânsito a um tal de Prawo Jazdy, que significa "carta de condução" em polaco.

Wednesday 14 October 2009

Os bifes no seu melhor

São várias as razões pelas quais gosto de Londres, e esta é uma delas: 13.500 pessoas a cantarem juntas "Hey Jude" dos Beatles em Trafalgar Square.

País maravilhoso IV

Afinal - e quase 72 horas depois de sabermos os resultados das eleições autárquicas - o PCP percebeu que os mesmos foram "insatisfatórios". Mais vale tarde do que nunca...

Tuesday 13 October 2009

Do bom senso e da falta dele

O chamado escandalo das despesas dos deputados britânicos continua. Agora por força dos resultados de uma comissão independente criada para avaliar todas as despesas apresentadas por todos os deputados nos últimos 5 anos.

Esta semana a comissão terminou o trabalho e enviou cartas a todos os membros do Parlamento a solicitar a devolução de valores que foram consideradas não correspoderem aos objectivos do sistema de pagamento das despesas, alguns no valor de vários milhares ou mesmo milhões de libras.

Se considerarmos a força da reacção da opinião pública e da opinião publicada britânica ao escandalo das despesas, duvido que haja algum Deputado que, querendo continuar a sua vida política, se recuse a pagar o que a comissão entender, sendo certo que não são poucas as vozes que exigem eleições antecipadas argumentando que os actuais deputados perderam a confiança dos eleitores e, portanto, a legitimidade para os representar.

Mas alguns dos deputados queixam-se que poderão ser culpados de falta de bom senso mas que agiram dentro da prática há muito instituida no sistema e que não violaram nenhuma lei. E acrescentam que a comissão avaliou as despesas sem ter uma clara definição do que seria aceitável ou não, baseando-se no entendimento pessoal que os seus membros fazem do espírito da sistema. Assim, substituiu-se um conjunto de entendimentos pessoais por outro.

De futuro e para evitar novos dissabores, foi decidido criar um conjunto rígido de regras para regular o mecanismo de pagamento de despesas dos membros do Parlamento, o que, em bom rigor, deveria ter sido o primeiro passo para resolver esta história (ou para a evitar). Mas como era necessário acalmar o clamor público, começou-se pelo telhado, acrescentando mais confusão ao caos.

Como a vida seria mais simples e agradável se a sensatez fosse um bem distribuido equitativamente por todos. Infelizmente não é.

Monday 12 October 2009

País maravilhoso III

É oficial: só o Bloco de Esquerda perdeu as eleições autárquicas. Como são generosos e bons os eleitores do nosso Portugalinho que tudo fazem para evitar desgostos de Domingo...

Sunday 11 October 2009

País maravilhoso II

Afinal o Bloco de Esquerda reconhece que tem que trabalhar mais no poder autárquico. Deve ser triste ser - até às 11H55 - o único partido derrotado da noite.

Que país maravilhoso

Até às 11H42 da noite, ainda nenhum partido político tinha perdido as eleições autárquicas. Afinal ainda há optimistas no nosso Portugalinho...

O Cristo Rei de Dili


Para quem não sabe, há uma estátua do Cristo Rei em Timor, de braços abertos e quase voltado para a baia de Dili. A estátua foi construída e inaugurada durante a ocupação indonésia - que é o maior país mulçumano do Mundo - por causa da força da Igreja Católica de Timor e da fé militante dos timorenses.

Há, claro está, uma razão para o Cristo Rei não esteja voltado para Dili e sim para o mar: o escultor indonésio pôs a estátua a olhar para Meca...

Saturday 10 October 2009

Há sempre mais um

Os Irlandeses disseram que sim e os Polacos terminaram o processo de ratificação do Tratado de Lisboa esta tarde. Será que os Checos encerrarão esta saga antes dos conservadores britânicos ganharem as eleições?

Friday 9 October 2009

Prémio Nobel da Paz

O Prémio Nobel da Paz 2009 foi atribuído ao Presidente dos Estados Unidos porque, segundo o Comité Nobel, "Obama has as President created a new climate in international politics. Multilateral diplomacy has regained a central position, with emphasis on the role that the United Nations and other international institutions can play. Dialogue and negotiations are preferred as instruments for resolving even the most difficult international conflicts. The vision of a world free from nuclear arms has powerfully stimulated disarmament and arms control negotiations. Thanks to Obama's initiative, the USA is now playing a more constructive role in meeting the great climatic challenges the world is confronting. Democracy and human rights are to be strengthened."

Se as razões referidas pelo Comité Nobel para a atribuição do Nobel fruirem, o Mundo será melhor.

Thursday 8 October 2009

Nem tudo está perdido

De tempos a tempos acontece alguma coisa que nos faz pensar que algures, alguém ainda tem vergonha na cara e que nem tudo é permitido. Ontem foi o Tribunal Constitucional Italiano.

Wednesday 7 October 2009

Nas mãos da sádica

Desde o verão que sou maltratado quase diariamente por uma "personal trainer" que se ri quando eu sofro com os exercícios medonhos que ela me obriga a fazer. E não satisfeita, ainda tenho que fazer dieta.

Sem prejuízo, os resultados estão à mostra nas fotografias tirada em Julho e em Outubro, ambas durante as conferências que estamos a organizar no Barclays em Londres.


Tuesday 6 October 2009

NY a preto e branco

Não é original, mas aqui fica a minha homenagem a NY






O suspiro

Fui ver em NY uma peça de teatro com o Daniel Craig e o Hugh Jackman e quando a cortina abriu ouviu-se um suspiro feminino colectivo.

Boas notícias

Segundo a ONU temos das melhores políticas de acolhimento de estrangeiros que há e segundo o Finacial Times a Universidade Nova de Lisboa tem o melhor Mestrado em Gestão Internacional do Mundo.

Razões para estarmos orgulhosos.

E más notícias

Portugal baixou um lugar no Indice de Desenvolvimento Humano do PNUD.

Razões para estarmos deprimidos.

Friday 2 October 2009

Será desta?

Será desta que a União Europeia conseguirá ultrapassar uma década de auto-flagelação e dedicar-se a trabalhar para o bem estar dos cidadãos? Go Irish Go!

Tuesday 29 September 2009

Chegado e baralhado

Voltei há dois dias dos Estados Unidos e ainda estou baralhado com a diferença horária. Definitivamente já não tenho 20 anos!

O menino gordinho

Enquanto estive no Algarve, assisti à seguinte cena: um menino gordinho na praia a jogar futebol com o Pai - menos gordinho -, perde a bola e atira-se imediatamente para o chão agarrado à perna e a gritar "falta". Assim vai o nosso Portugalinho...

Friday 11 September 2009

E agora para os Estados Unidos

Parto amanhã para Nova Iorque e Washington de onde só voltarei no fim do mês. Até lá, desejo uma boa campanha eleitoral para quem está em Portugal e umas boas duas semanas para todos. Até Outubro.

Tuesday 8 September 2009

Liberdade e Segurança II

O comentário do Vicente ao meu post anterior fez-me ver que não fui claro.

O sistema britânico recorreu a juízes, julgamento público, advogados, testemunhas, recurso e todos os outros instrumentos de protecção dos direitos dos acusados e não a mecanismos extra ou pseudo judiciais. E se os agora condenados forem absolvidos, significa que existem mecanismos de correcção de erros judiciais.

A protecção da nossa Segurança colectiva não deve significar o abandono da nossa Liberdade individual e a melhor forma de o assegurar é garantir que todos os mecanismos de defesa dos direitos dos acusados são respeitados, sem excepções.

Liberdade e Segurança

Foram ontem condenados por um tribunal inglês 3 suspeitos de planearem fazer explodir 5 aviões a voarem entre Londres e os Estados Unidos e o Canadá, utilizando bombas liquidas, razão pela qual foram implementadas as limitações conhecidas à quantidade de liquidos que podemos levar na bagagem de mão.

Desde o 11 de Setembro, em particular durante a Administração Bush, que assistimos ao aumentar progressivo das medidas de segurança colectiva, com a inevitável diminuição da nossa liberdade individual. Embora a tensão entre Liberdade e Segurança seja inevitável e o equilíbrio sempre precário e difícil de manter, há limites que não devem ser ultrapassados.

Felizmente o sistema judicial britânico provou que os direitos individuais, mesmo daqueles acusados de tentarem matar 5 mil pessoas inocente, não é incompatível com a segurança colectiva.

Sunday 6 September 2009

Tudo se discute

Esta semana fui ouvir, numa sala completamente cheia, um debate sobre se Churchill terá sido mais um problema do que uma vantagem para o Mundo livre. A favor da moção estavam 2 historiadores de Cambridge e Oxford e Pat Buchannam ex-assessor de Nixon, Ford e Reagan. Contra a moção estavam 3 historiadores reputados.

Ambos os lados (com excepção do Sr. Buchannam) usaram argumentos sólidos e historicamente correctos e as apresentações foram educadas e interessantes. Como seria de esperar, a moção foi derrotada por 90% contra 10% mas o debate convenceu mais indecisos a votarem a favor do que aqueles que votaram contra.

Igualmente interessante é pensar-se que, sem prejuízo para o papel que Churchill desempenha no imaginário colectivo britânico e não serem poucas as pessoas que se lembram da Guerra e de lhe ouvir a voz na BBC, há espaço para se discutir séria e serenamente o seu papel histórico independentemente do mito.

Será que seriamos capazes de discutir o Infante D. Henrique e os Descobrimentos da mesma forma, ou haverá temas que, como se dizia no Estado Novo, não discutimos?

Wednesday 2 September 2009

Uma nação de gente zangada

Este ano estava um tempo maravilhoso no Algarve, com água do mar quente e imensa gente de férias. Dir-se-ia que estavam criadas as condições para ver pessoas contentes e bem dispostas. Puro engano! Mesmo em férias, os portugueses andam zangados com o mundo e raramente se vê gente a rir.

E chove...

De volta a Londres e à rotina. E que maior rotina haverá em Londres que não seja a chuva? Home Sweet Home... and an umbrela.

Tuesday 18 August 2009

Até Setembro

Vou partir para terras algarvias de onde regresso em Setembro. Até lá, ao meu leitor (se houver um) ou leitores (se forem dois), desejo umas boas duas semanas.

Thursday 13 August 2009

Vruummmmmm

Passei o meu exame prático de mota.



O que significa que agora já posso levar a Margarida a passear

Thursday 6 August 2009

Aldrabões há em todo o lado, mas o castigo merecido varia

Conta o Expresso da semana passada que há um crescente número de casos de teses de Licenciatura e Mestrado copiadas, em parte ou no todo, da internet. Nada de novo ou exclusivamente nacional. Nos anos em que dei aulas em Cardiff, apanhei alguns alunos a fazerem-no.

Partindo do princípio que não apanhei todos os plágios que me terão passado pelas mãos, casos havia em que a cópia era tão flagrante - pela diferença na forma de escrever ou por passar de um tema para outro sem razão ou lógica ou ainda por usarem bibliografia "estranha" - que chegava a ser mais constrangedor o amadorismo e a incompetência do aldrabão ou aldrabona do que a tentativa de fraude.

Nos casos onde o plágio era mais bem feito, havia na Universidade um programa de computador - como há na Universidade do Minho - que compara os trabalhos apresentados com textos existentes na internet e identifica as partes copiadas.

Lá e cá, nada de muito diferente.

O que poderá ser diferente é o castigo aplicado ao plagiador. Em Cardiff, o aluno era obrigatoriamente apresentado a um "Tribunal" composto pelo Director do Departmaneto e Professores da Faculdade e da Universidade que, depois de avaliar a gravidade da tentativa da fraude e ouvir o interessado, determinava o castigo a aplicar e que poderia ir desde a simples re-apresentação do trabalho até à expulsão da Universidade. Mas mesmo nos casos onde o castigo era leve, a tentativa de fraude era registada no cadastro individual do aluno o que, na prática, impedia que algum professor assinasse uma carta de recomendação, absolutamente fundamental no sistema Britânico.

A grande diferença entre Portugal e o Reino Unido não é se há ou não aldrabões. A principal diferença é se há ou não consequências à medida nossos actos.

PS. Sem prejuízo para o que escrevi antes, achei graça à brincadeira da Bandeira na CML. Veremos se há bom senso ou se a "dignidade do Estado" impõe um castigo pesado.

Monday 3 August 2009

O mercado ao Domingo

Um dos nossos programas rotineiros é ir ao mercado dos produtores todos os Domingos, onde agricultores vêm vender os seus produtos. Entre queijos, carne, peixe e legumes, a escolha é variada e a tentação é muita.




Margarida em movimento

Este Domingo eu e a Margarida fomos dar uma longa volta de bicicleta desde nossa casa até Buckinham Palace, Hyde Park e volta.



Friday 31 July 2009

Ex-fumador e... ex-bebado

Esta semana fui, finalmente, inscrever-me no Serviço Nacional de Saúde Britânico, o NHS, que envolve uma entrevista com uma enfermeira (no caso, simpática) que nos pesa, mede a tensão arterial e a altura, faz uma análise e uma série de perguntas sobre os nosso antecedentes clinicos e hábitos de vida cujas respostas introduz num processo informatizado.

Como não poderia deixar de ser, lá vieram as perguntas sobre se eu fumo ou se bebo. Quanto à primeira o NHS sabe agora que eu sou, desde 2004, um "ex-smoker". Mas muito me ri quando ela me perguntou se eu bebiba e eu respondi que costumava beber dois copos de vinho por dia mas que parei porque estou a fazer uma dieta. Imediatamente, a senhora escreveu "ex-drinker".

Não fosse o NHS e eu não saberia que até há um mês era um bebedolas!

Monday 27 July 2009

E quem nos protege dos ditadores?

Semana passada o Eng. António Guterres deu uma entrevista ao Jornal Público onde - com um ar triste de quem vê diariamente o pior que a humanidade tem para mostrar - constatava que o Mundo regrediu em matéria de protecção dos Direitos Fundamentais. E acrescentou que hoje em dia, a intervenção internacional dos anos 90 em Timor ou na Bósnia não seria possível.

Na mesma semana, a ONU debatia, sem grande convicção e menos esperança de chegar a qualquer resultado interessante, o conceito da Responsabilidade de Proteger que é uma versão mitigada, tímida e aguada do conceito de Direito ou mesmo do Dever de Ingerência Humanitária, segundo o qual - na sua versão mais corajosa - a Soberania dos Estados é limitada pelo dever de proteger as vítimas de genocídio, limpeza étnica e outras formas de extermínio.

A década entre queda do Muro de Berlim e a queda das Torres em NY caracterizou-se pela crença na diplomacia e a cooperação entre os Estados, a proclamação do Direito Internacional e a resolução de alguns conflitos que pareciam insolúveis, como os já citados Timor Leste ou a pacificação dos Balcãs. A essa década dourada do Multilateralismo, seguiram-se oito anos marcados pelo unilateralismo e a secundarização das Nações Unidas.

Embora o Multilateralismo esteja a fazer progressos, ainda estamos longe da ideia generosa que animou a década de 1990, de que as Pessoas são mais importantes que os Estados e que há limites para a soberania.

Thursday 16 July 2009

E uma história do Pacífico Sul

Nos meus últimos dias em Timor Leste fui visitar o Campo de Refugiados de Comoro, à saída do Aeroporto de Dili, onde vivam cerca de 5 mil pessoas em tendas do ACNUR e que se vê parcialmente na fotografia que tirei da internet.



A visita foi organizada pela OIM, que geria os apoios aos campos e combinada com os Chefes do Campo a quem foi dito que viriam umas pessoas do Club de Madrid, uma ONG composta por ex-Chefes de Estado ou de Governo para quem eu trabalhava.

Rapidamente a notícia da visita correu o campo e no dia previsto quando saí do carro perante uma multidão vestida a preceito, notei um claro desagrado. Como quem conta um conto acrescenta um ponto, a multidão estava convencida que o visitante seria o ex-Presidente Clinton...

Wednesday 15 July 2009

Já agora, outra história da América Central

A segunda vez que fui à Guatemala, fui visitar Tikal, a muito impressionante capital do Império Maia no meio da floresta virgem centro-americana. Para lá chegar é preciso voar para Flores e depois viajar uma hora e tal de carro por uma estrada mal cuidada.

Assim, lá me apresentei no terminal dos voos domésticos do Aeroporto de Ciudad de Guatemala onde estava um DC3, parecido com o avião na fotografia.

Junto do avião, um indiozinho dava, empenhado, pontapés numa das rodas da frente. Quando alguém lhe perguntou o que estava a fazer, ele respondeu com um ar natural que a roda estava um pouco presa...

O que pode o amor (e uma ditadura)

A crise política nas Honduras lembrou-me a visita que fiz, integrado numa Delegação da Organização Ibero-Americana de Juventude e convite do Parlamento hondurenho, a Tegucigualpa, a respectiva capital.

Chegados ao Aeroporto, depois de uma viagem numa companhia aérea regional que nos levou da Cidade do México para Tegucigualpa via Cidade da Guatemala e S. Pedro Sula, uma senhora do Protocolo do Parlamento estava à nossa espera e rapidamente tomou conta dos nossos passaportes, pedindo que nos ocupássemos das respectivas bagagens que eram lançadas para o chão por 3 funcionários do aeroporto sob o olhar atento de uns militares armados de metralhadora.

Pouco depois, a Senhora do Protocolo voltou com os passaportes carimbados e perguntou se tinhamos todas as malas. Tendo respondido que sim, ela comentou: Que raro!

Sentados confortavelmente nuns carros do Parlamento, fomos guiados para a cidade. A meio caminho, só se vendo descampado e mato, alguém perguntou ao motorista se faltava muito para chegarmos à cidade. Espantado, ele disse que estávamos no centro!

Segundo reza a história, Tegucigualpa era uma vilazinha sem grande interesse quando um dos muitos Caudilhos que mandaram no País se apaixonou por uma mulher local e, para provar o seu amor, mudou a Capital do País.

Nunca consegui confirmar esta história, mas se não for verdade é pena.

Friday 10 July 2009

Já não era sem tempo

Um ano mais tarde, o Parlamento elegeu Alfredo de Sousa para ocupar a Provedoria de Justiça. Como o País não tem problemas que justifiquem algum Sentido de Estado por parte dos Partidos Políticos, podemo-nos permitir que as Instituições não funcionem e que se coloque o interesse partidário acima do interesse dos cidadãos.

Assim vai o nosso Portugalinho.

Wednesday 8 July 2009

A Rainha e eu

Um dos divertimentos de estar na Embaixada em Londres é fazer parte da "Diplomatic List" e, portanto, da lista de convidados diplomáticos da Casa Real, o que significa podermos ser convidados para o "Royal Enclosure" em Ascot, o Jantar e Recepção Anual ao Corpo Diplomático em Buckingham Palace e a Garden Party de verão, igualmente nos jardins de Buckingham.

Cada um destes eventos tem as suas particularidades e são bastante formais, como se pode ver pelas fotografias da Recepção ao Corpo Diplomático (que não está boa) e Ascot:





E isto porque não temos traje nacional...

Tuesday 7 July 2009

Gostos idosos

Acabámos de voltar do O2 onde fomos ver um concerto do James Taylor, que foi exactamente o oposto do concerto da Madonna de ontem. Visualmente, um palco estático e clássico com 5 músicos e 3 vozes de apoio e o James Taylor, cujo primeiro album foi lançado em 1969, a cantar em pé ou sentado, sem dançar nem saltar e a fazer um intervalo de 20 minutos.

Mas a música foi óptima, a relação com o público muito próxima, chegando a cantar músicas pedidas pela audiência que não estavam programadas e, ao contrário de ontem, voltou ao palco 3 vezes para cantar 4 músicas para além do previsto.

No caminho de volta a conversar com a Margarida, chegámos à conclusão que os espetáculos que mais gostámos ultimamente foram o de hoje, o Art Garfunkel que vimos há uns meses largos aqui em Londres e um concerto do Christopher Cross em Lisboa há uns anos.

Como diz uma amiga nossa, temos gostos idosos.

Monday 6 July 2009

Não haverá outros?

Já que uma oposição atenta e competente faz falta, dá vontade de perguntar se não haverá melhor que a Senhora Palin em todo o Partido Republicano?

O rei do pop morreu mas a rainha está bem e recomenda-se

Ontem (escrevo à 1H13 da manhã) fomos ver o concerto da Madonna ao O2, uma espécie de Pavilhão Atlântico enorme a leste de Londres.

A noite começou mal quando, por nabice minha, chegámos ao O2 quase 2 horas adiantados e tivemos que esperar pacientemente ao som de um DJ que nos massacrou com musica tecno durante uns 45 minutos.

O concerto é visualmente esmagador, com imensos ecrãs de alta definição por todo o palco que se movem para a frente e para trás, abrem e fecham e sobem e descem. Igualmente esmagadora é a vitalidade da Madonna que aos 50 anos, pulou, dançou e cantou durante quase 2 horas, acompanhada por um grupo de 8 bailarinos e uma banda de 4 pessoas.

O pior foi a música! Ou eram novas e eu não as conhecia ou eu conhecia-as mas os arranjos eram modernos e cheios de percussão.

Uma particularidade bifa que eu desconhecia: quando a Madonna deu o concerto por terminado,as pessoas levantaram-se e foram embora se sequer pedir mais uma ou duas músicas. Tudo muito obediente.

Apesar da contradição, mesmo sem ter gostado muito da música, o concerto foi óptimo.

Sunday 5 July 2009

Pedalar pela Europa e ganhar uma bicicleta para a Margarida

Para marcar o início da sua Presidência Europeia, a Embaixada da Suécia convidou as restantes Embaixadas para um passeio de bicicleta entre o centro de Londres e Hamsted Heath, um parque real a norte de Londres.

Lá nos apresentámos, umas 30 a 35 pessoas entre as quais a Vice-Presidente da Comissão Europeia (de origem Sueca), vários Embaixadores, outros diplomatas e equiparados, acompanhados ou não de conjuge e filhos, para, todos vestidos de igual e montados numas bicicletas eléctrias de origem Sueca, pedalar por Regente Park, Camdon Town e chegar a Hamsted Heath a tempo para assistir ao concerto de um dos ABBA.

E, tal como prometido pela Embaixada sueca, os que chegámos ao fim (ou seja, todos) pudemos ficar com a bicicleta que usámos. A Margarida é, agora, feliz proprietária de uma bicicleta hibrida, um colete reflector, um capacete e uma capa de plástico para a chuva.

O carnaval do arco-iris debaixo da janela

Ontem a manhã começou com uma muito animada barulheira debaixo da nossa janela. Como no ano passado, a "London Gay Pride Parade" organizou-se em Baker Street e percorreu Oxford Street, Regent Street e Picadilly Circus para acabar em Trafalga Square.

Do nosso ponto de observação privilegiado, a Margarida e eu vimos passar os vários grupos, a pé ou em caminhões de caixa aberta, representando, entre outros, os 3 ramos das Forças Armadas (que marcharam fardados), a Polícia Metropolitana (igualmente fardados), os bombeiros e a ambulância de Londres, os Guardas Prisionais, os Funcionários Públicos, a British Arways, os Católicos, Judeus e Mulçumanos Gay, os Sado-Maso Gay Men (que, cheios de correntes e cabedais, metiam medo) e muitas outras associações e grupos organizados.

No meio desta gente todas, estava também um autocarro aberto com "The Elderly Gay and Lesbian Community" que, composta por velhinhos (alguns muito velhinhos), muito devem ter sofrido por serem gay.

A orientação sexual será eventualmente uma das últimas discriminações socialmente aceites nas sociedades ocidentais mas pense-se o que se pensar sobre o assunto, como dizia um dos cartazes dos participantes, "Some people are gay: get over it!"

Friday 3 July 2009

De grande estatura moral e não só

Eu e a Margarida voltamos dos Estados Unidos no dia das eleições legislativas, pelo que não conseguirei estar em Portugal para votar. Por isso, fui hoje ao Consulado em Londres mudar o meu registo eleitoral para Londres e aproveitei para pedir o "Cartão do Cidadão".

Tudo feito on-line e rapidamente, lá substituí o BI, Cartão de Contribuinte, Cartão da Segurança Social, Cartão do Serviço Nacional de Saúde e Cartão de Eleito pelo novo cartão. E, à semelhança do novo Passaporte - que tirei também no Consulado há 18 meses - somos colocados perante uma máquina que tira a nossa fotografia, recolhe as impressões digitais e a assinatura e mede-nos a altura.

Pois fique-se a saber que segundo as máquinas do Consulado, no último ano e meio cresci 5cm, já que no passaporte tenho uns singelos 162cm e no cartão do cidadão tenho uns muito respeitáveis 167cm, sendo certo que ninguém (nem eu) notou esta fundamental diferença.

Quem sabe se não chego aos míticos 180cm antes dos 50 anos!

(Quase) de volta à civilização

A temperatura baixou e já se consegue andar na rua, embora as casas continuem quentíssimas.

Estes dias de calor lembraram-me um amigo Colombiano que vive em Madrid e que passava o verão a dizer que "suar não é digno de um cavalheiro". E não é.

Thursday 2 July 2009

De mal a pior

Hoje estarão 32ºC em Londres e a arquitectura não mudou nos últimos dois dias...

Wednesday 1 July 2009

O mundo dos outros II

Há tempos tive uma reunião na embaixada de um País do Golfo a quem a natureza generosamente dotou de lagos de petróleo. Discutindo a crise e para demonstrar a falta de liquidez do sistema financeiro, o meu anfitrião contou que o PM do seu País havia visitado recentemente o Reino Unido e tinha decidido, depois de um dia de reuniões e contactos, ir jogar um pouco a um dos vários casinos de Londres. Para grande espanto de todos eles, foi preciso recorrer a mais de um banco para se obter as 500 mil libras consideradas necessárias para se ter uma noite bem passada...

Monday 29 June 2009

Só por milagre

Como é que os britânicos poderiam ser apoiantes da União Europeia se todos os dias são bombardeados com mentiras sobre as suas instituições e políticas que ninguém desmente e as duas políticas que têm impacto mais directo e mais visíveis no dia-a-dia das pessoas, a moeda única e o espaço schengen, não se aplicam a estas ilhas?

Moro num país tropical

Estão 30ºC em Londres, um sol de chapa e uma humidade que se cola à pele, condições que se manterão a semana toda. E as casas estão desenhadas para reter o calor...

Quero frio!!!!!!

A democracia tem destas coisas

A distinção científica entre uma democracia iliberal e uma democracia liberal está bem estabelecida: a primeira limita-se a ter eleições, enquanto que a segunda, para além das eleições, respeita os direitos fundamentais, o estado de direito, a separação de poderes e controle democrático das instituições e, mais nuns casos menos noutros, procura criar as condições económicas e sociais que permitam o exercício dos outros direitos.

Mas mesmo uma democracia iliberal tem, por força das urnas e da legitimidade do voto, limites ao exercício do poder. Que o digam os Ayatholas iranianos.

O melhor que temos

Este fim de semana teve lugar no Imperial College, o 3º Encontro de Estudantes e Investigadores Portugueses no Reino Unido, que reuniu cerca de 200 portugueses, na sua maioria doutorandos mas também alguns investigadores, mestrandos e licenciandos.

O que distinguiu este encontro do LUSO 2008, que teve lugar o ano passado em Oxford, foi a vontada, nas palavras de Marçal Grilo, desta "pequena elite" em ajudar Portugal, criando emprego científico quando possível ou apoiando o desenvolvimento tecnológico e a renovação universitária nacional.

O que também distingue esta geração de doutorandos é a simpatia, a boa disposição, a alegria e o sentido associativo. O melhor que Portugal tem para oferecer.

Friday 26 June 2009

Michael Jackson morreu...

e eu tinha bilhetes para um dos concerto de Fevereiro em Londres. Não é como ter bilhetes para ver os Beatles e o concerto ser cancelado, mas maça-me.

Monday 22 June 2009

Portugal, mais do que se imagina

Perguntou-me um amigo o que faço no meu dia-a-dia em Londres.

Portugal vive uma situação estranha no Reino Unido: é conhecido sem o ser. Ou seja, toda a gente conhece o Algarve, a Madeira, o vinho, as praias, o golfe, Lisboa, o Cristiano Ronaldo, o José Mourinho e , alguns, saberão que temos a mais antiga aliança, mas esse é o limite e a extensão do que se sabe sobre o nosso País.

Embora seja um bom cartão de visitas e todos nos orgulhemos da qualidade da nossa geografia, gastronomia, dos nossos campos de golfe e da excelência dos nossos desportistas, a falta de conhecimento da realidade portuguesa noutros campos, mais tecnológicos, inovadores e voltados para o conhecimento, dificulta a nossa afirmação como País de futuro.

Para começar a alterar essa realidade, a AICEP e o Barclays, com o apoio da TAP e colaboração da CBI - Conferederação das Indústrias Britânicas, a BCC - Confederação das Câmaras do Comércio Britânicas, o United Kingdom Trade and Investment, a Câmara do Comércio Portuguesa no Reino Unido e um conjunto de mais de dezena de Associações Sectoriais, lançou o programa INNOVANTING PORTUGAL

Não é o que faço o dia todo, mas ocupa a maior parte do tempo.

Thursday 18 June 2009

A nobre arte de Talma

Se há coisa que não falta em Londres é o que fazer. No verão passado, eu e a Margarida passamos os meses de Junho, Julho, parte de Agosto e princípios de Setembro a correr para o Royal Albert Hall para assistir a concertos dos Proms da BBC, incluíndo a merecidamente famosa e muito divertida Última Noite onde todos cantamos a plenos pulmões.

Este ano resolvemos dedicar-nos ao teatro. Para além de haver muito e para todos os gostos, vemos em palco actores e actrizes que nos habituámos a ver na televisão e no cinema, como o Richard Dreyfuss ou o David Suchete.

Como diz a Senhora encantanda na primeira fila d'O Pai Tirano: Isto é teatro e do bom!!!!

Tuesday 16 June 2009

Há festa no Bairro



Todos os verões em Marylebone, o bairro onde vivo em Londres, organiza uma Feira de Verão onde os comerciantes enfeitam as suas lojas, os restaurantes montam esplanadas no meio da rua, os agricultores de fora de Londres vêm vender os seus produtos, há bancas de toda a sorte de organizações de caridade, os serviços municipais têm atendimanto, constroi-se uma pequena "feira popular" para as crianças e há musica, dança e divertimento.

É, mal comparado, um S. António sem as sardinhas.

Friday 12 June 2009

A raça dominante

Outro dia fui jantar a casa de uma amiga cuja "flatmate" tem 2 gatos que mandou castrar. Felizmente somos a raça dominante!

Tuesday 9 June 2009

Garantir o presente a temer o futuro

Segundo os jornais de ontem e de hoje, o PM Brown convenceu o Grupo Parlamentar a aceitar a sua liderança. A razão é simples: depois dos resultados desastrosos das eleições locais e das eleições europeias, ninguém espera que os Trabalhistas vençam as próximas eleições gerais. Ora, mudar de líder do partido agora iria implicar a antecipação das eleições pois ter um segundo PM não eleito em menos de 2 anos seria politicamente insustentável. Assim, os deputados decidiram que mais vale manter Brown como PM a perderem os cerca de 100 lugares que se acredita que perdessem se as eleições fossem hoje.

É claro que se tudo se mantiver como hoje, a demissão do PM está apenas adiada para mais próximo das eleições, quando o partido procurará apresentar um candidato a PM que lhe permita esperar uma derrota menos pesada. O nome mais falado é o de Alan Johnson, ex-Ministro da Saúde agora promovido a Ministro da Administração Interna.

Brown tem cerca de 8 meses para mostrar o que vale, esperando que a retoma económica - cujos sinais começam a surgir - dê-lhe a margem necessária para não ser sumariamente despedido pelo Partido ou pelo eleitorado.

Thursday 4 June 2009

E mais um...

Há cerca de 30 minutos demitiu-se o Minstro do Trabalho e Pensões, James Purnell. E aparentemente já há 75 deputados trabalhistas prontos a assinarem a carta que pede a demissão do PM. Pois é, meu caro Vicente,Gordon Brown está cada vez mais próximo do circuito das conferências.

De volta ao mundo

O discurso que o Presidente Obama fez hoje no Cairo poderá vir a ser o mais eficaz instrumento de política externa americana desde há muitos anos. Falta, é certo, passar das palavras aos actos, mas o caminho anunciado aponta para o regresso dos Estados Unidos ao Mundo. Que sejam bem vindos.

Wednesday 3 June 2009

O fim do labour?

Amanhã poderemos assistir ao fim de 12 anos de governo trabalhista. Para além das sondagens que colocam o Partido em 3º ou mesmo 4º lugar nas eleições de amanhã, nada menos que 4 membros do governo pediram a demissão nas últimas 24 horas, entre os quais a Ministra da Administração Interna, lugar considerado entre os 4 mais importantes de um Executivo britânico.

Acresce que, segundo a comunicação social, o Primeiro Ministro está a ter enormes dificuldades em preencher os lugares agoras vagos, correndo o risco de, dependendo das opções que tomar, perder igualmente o Ministro das Finanças e o Ministro dos Negócios Estrangeiros.

E, como se não bastasse, corre uma carta entre os deputados trabalhistas a pedir a demissão do PM. Ora, segundo as regras do Labour, se a carta recolher as assinaturas de 70 deputados, haverá obrigatoriamente uma eleição interna para a liderança do partido. Como diz a oposição, um governo a desmoronar-se perante os nossos olhos.

São várias as razões que levaram a este descalabro: a crise económica e o escandalo das despesas dos deputados que, tocando todos os partidos, foi pior gerida pelos trabalhistas são os mais óbvios. Mas, mais importante, é a total falta de jeito do PM Brown.

Tendo presidido, enquanto Ministro das Finanças, a 10 anos de crescimento económico e sendo responsável pelo plano de resposta à crise que o Mundo seguiu, Brown atingiu o seu limite de competência quando se ocupou das finanças e ultrapassou-o quando passou a ter que se ocupar de tudo o mais. É o conhecido "Princípio de Peter" que diz que todos temos um limite de competência, acima do qual deixamos de ser eficazes.

Todos o temos mas nem sempre o reconhecemos.

Tuesday 2 June 2009

Praias da Noruega

Eu e a Margarida fomos passar o fim-de-semana passado à Noruega para a primeira comunhão da minha prima Beatriz Bousquet. A Noruega é um país lindo, cheio de água (mar, fiordes, lagos e rios) e montanhas e o tempo estava tão bom que até à praia fomos, embora o mar estivesse a 9ºC...

Junto algumas fotografias tiradas pelo Pierre, Manuel e pela Beatriz.


Tuesday 26 May 2009

Um direito, um dever cívico e um sistema arcaico

Diz o Presidente da República que devemos exercer o nosso direito de voto, mesmo que isso signifique não ir ou adiar eventuais férias à volta dos feriados de Junho. Não me parece que muitos seguirão o conselho do Prof. Cavaco Silva.

Ser cidadão implica deveres que nem sempre vêm a calhar e votar no meio de umas possíveis férias é, sem dúvida, um desses deveres. Mas há maneiras de minorar o desconforto do exercício do direito de voto, uns mais fáceis, como mudar o dias das eleições para um dia de semana longe de pontes e feriados, e outros mais modernos de base tecnológica.

Não me parece que votar pela internet ou por SMS seja a solução, pois não garantem que o eleitor vote em total liberdade, uma vez que seria impossível saber se não estaria a ser coagido a escolher este ou aquele candidato ou partido. Na solidão da cabine de voto podemos escolher em segredo, mesmo que tenhamos sido industriados sobre as nossas opções.

Mas porque é que temos que votar na Junta de Freguesia onde estamos inscritos? Porque é que não se cria uma enorme base de dados virtual reunindo todos os cadernos eleitorais, já agora por ordem alfabética do primeiro nome do eleitor, que nos liberte da prisão da mesa de voto pré-determinada? Um caderno eleitoral único com existência virtual permitiria que cada exercesse o seu direito de escolha utilizando uma qualquer mesa de voto, sem ter que ficar em casa para o fazer.

Mantendo-se o sistema eleitoral proporcional por círculos, reconheço que esta forma de votar implicaria uma contagem de votos mais complicada, pois seria necessário criar um mecanismo que permitisse que os votos dos eleitores de Lisboa mas que votaram em Coimbra, por exemplo, fossem considerados para as listas de Lisboa e não para as de Coimbra. Mas não me parece que isso seja inultrapassável, mesmo sem considerar as chamadas "urnas electrónicas".

Viver numa sociedade organizada e democrática implica que participemos na sua vida colectiva e votar é uma das mais importantes formas de o fazermos. Infelizmente, a cada eleição que passa menos somos os que nos pronunciamos sobre o rumo que queremos seguir. Se o pudermos fazer sem acrescentar mais um sacrifício às nossas vidas já tão difíceis, é possível que mais de nós o façamos.

Sunday 24 May 2009

Europa - a década do umbigo

O Público de hoje apresenta uma óptima matéria sobre o papel e poderes do Parlamento Europeu, prevendo que as taxas de abstenção nestas eleições serão das mais altas da história do PE. Aos mesmo tempo, os chamados partidos marginais ou de protesto poderão ter um resultado importante, devido ao hábito do eleitorado de utilizar as eleições europeias para sinalizar o seu (des)contentamento com os governos nacionais, sem prejuízo para a crescente importância que o PE tem nas nossas vidas.

Embora nada disso seja novo e possa ser explicado por diversas razões, desde a complexidade do sistema institucional da União Europeia até à falta de visibilidade do papel do PE e do impacto das sua decisões no nosso dia-a-dia, a última década tem sido uma década de divórcio entre a União e os Europeus.

A União Europeia, para dar resposta às dificuldades de funcionamento que o alargamento criou, passou os últimos 10 anos empenhada em alterar os Tratados. Primeiro criando uma Convenção que negociou a Constituição Europeia que não resistiu aos resultados dos referendos que a recusaram. Depois negociando o Tratado de Lisboa que aguarda, esperançado, que a Irlanda reconsidere a sua posição.

Poucos serão os que negam a importância e a necessidade das instituições da União Europeia funcionarem eficazmente e ainda menos serão os que acham que o actual sistema institucional pode acomodar 27 Estados membros.

No entanto, por causa das dificuldades que quer a Contituição quer o Tratado de Lisboa têm conhecido, a União Europeia passou a última década a tentar arrumar a casa e esqueceu-se que há uma outra dinâmica, mais importante para o futuro do Processo de Integração Europeia, que não pode ser esquecida: Os Cidadãos.

Para quem viva em algum dos Estados membros que aderiram até 2004, última grande política da União Europeia com impacto imediato e visível na vida dos cidadãos foi a introdução das notas e moedas de Euro no dia 1 de Janeiro de 2002.

Nos últimos anos, a UE tem-se dedicado a contemplar o próprio umbigo, esquecendo-se que um sistema institucional perfeito é apenas um instrumento, fundamental é certo, que pouco ou nada diz aos não-iniciados nas questões europeias.

Veremos o que dirão os Cidadãos Europeus nas próximas eleições. Provalvelmente olharão, também eles, para o próprio umbigo e ficarão em casa.

Wednesday 20 May 2009

A velhinha, o vestido amarelo e o Príncipe

No meio de uma crise económica e de uma crise política e institucional, há coisas que me fazem lembrar porque é que gosto dos Britânicos. Manda a tradição que a Rainha envie um cartão de parabéns a todos os seus súbditos que tenham 100 ou mais anos de idade, o que é, convenhamos, uma ideia simpática.

Mas Catherine Masters, com a autoridade de quem tem 109 anos, farta de receber sempre o mesmo cartão, escreveu para Buckingham Palace a queixar-se do vestido amarelo com que a Rainha aparecia todos os anos na fotografia e a perguntar se, para o 110º aniversário, poderia Sua Majestade usar outro vestido.

Para sanar tão complicado problema, o Palácio enviou o Príncipe Guilherme a apresentar pessoalmente um pedido de desculpas à Senhora Masters que, ao vê-lo, pediu para lhe dar "um apertão" para se assegurar que era mesmo ele. Depois disso estiveram a conversar sobre a Rainha Mãe e ainda houve tempo para a Senhora Masters explicar ao Príncipe como é que se faz uma verdadeira "shepherd's pie".


Tuesday 19 May 2009

O Elo Encontrado

Diz a Sky News que o Elo Perdido foi encontrado. Um fóssil de 47 milhões de anos com vagas características humanóides chamada Ida que preenche os passos evolutivos que faltavam para chegarmos aos primatas e aos seres humanos. Antes de Ida o mais antigo Elo evolutivo era Lucy, que tem "apenas" 3.18 milhões de anos.

Embora descoberta há 25 anos na Alemanha, Ida passou os últimos 20 anos na parede de um colecionador amador que não fazia ideia do real significado do que admirava "como um Picasso ou um Van Gogh".

A coincidência de Ida ser apresentada aos seus netos muito afastados no ano em que se comemoram os 200 do nascimento de Darwin é um justo tributo ao homem que muito sofreu por ter razão e que disse que se Ida não existisse, a Teoria de Evolução estaria errada. Não estava.

Friday 15 May 2009

O preço da qualidade

A vida política britânica está completamente dominada pelo chamado escandalo das despesas, cuja origem é fácil de perceber: para evitar o custo político de aumentar os salários dos deputados, o Parlamento criou um sistema de pagamento de despesas auto-gerido e semi-secreto, que deu origem a toda a sorte de abusos, alguns gravemente fraudulentos e outros, que igualmente fraudulentos, estão para lá da fronteira do ridículo como sacos de estrume ou filmes pornográficos.

Há pelo menos 3 lições que podemos tirar desta triste história e que devemos ter em atenção. Em primeiro lugar, a transparência na utilização dos dinheiros públicos tem várias virtudes, não sendo a menor destas, ajudar à sensates pela vergonha, pelo medo do ridículo ou dos tribunais. Em segundo lugar, a impressão desagradável que os detentores de cargos políticos acham que vivem num mundo deles, desligado da realidade, onde tudo parece ser justificável. Finalmente, a falta de coragem política e de liderança que leva a pagarmos mal às pessoas que ocupam lugares públicos pode resultar na incapacidade de se atrair os melhores e os mais sérios para a causa pública.

Melhor seria assumirmos que o serviço público precisa de pessoas de qualidade e que, sem exageros ou abusos, isso tem um preço. Como dizem os irlandeses "se pagas amendoins, terás macacos".

Sunday 10 May 2009

Entre uma mulher e um alien...

A estreia do novo filme "Star Trek" lembrou-me uma história que ouvi na Faculdade. Quando a série de televisão começou nos anos 60, os produtores queriam que o Segundo-Comandante da Enterprise fosse uma mulher mas tiveram medo que as audiências achassem pouco credível, ao contrário de um alien que, como todos sabemos, são naturalmente dotados para o posto.

Friday 8 May 2009

Visite Portugal mas vá ao Supermercado em Londres

O custo de vida em Portugal nunca deixa de me surpreender. O preço praticado nos hotéis, restaurantes, cafés, espetáculos e outros serviços são, genericamente falando, muitíssimo mais baratos que em Londres. Por outro lado, em Londres os supermercados custam significativamente menos do que em Lisboa.

Como eu não preciso de restaurantes ou hotéis para viver o dia-a-dia, mas dificilmente passo sem o Supermercado, concluo que em Portugal gostamos dos que nos visitam mas não dos que cá moram.

Parabéns ao Mestre Orlando

Na passada Segunda-feira, participei no Júri de Mestrado do Orlando Samões, meu orientando na Universidade Católica, que defendeu brilhantemente uma tese intitulada "A Dispersão de Resultados em Hayek". O Júri atribuiu ao agora Mestre Orlando a nota máxima e recomendou o rápido início da sua tese de Doutoramento.

Muitos parabéns, Orlando!

Wednesday 29 April 2009

A Ilha do Crocodilo

Ontem estive a falar com o Bruno Lencastre, bom amigo que conheci em Timor e que por lá continua. Timor tem uma qualidade estranha pois ainda não conheci ninguém que não tenha saudades do tempo que lá esteve, eu incluído. E a razão é fácil de perceber pelas fotografias, tiradas por mim ou pela Margarida entre Setembro de 2006 e Junho de 2007, dos corais, das montanhas, das praias de Dili, da Ilha do Ataúro e das pessoas .


Monday 27 April 2009

Um passe com dois nomes

No fim de semana passado fui, a convite da Secção Portuguesa da Churchill Society, à Assembleia Geral da International Churchill Society que teve lugar em Chartwell, a casa de Churchill ao sul de Londres, hoje um museu gerido pelo National Trust.

A assembleia geral em si não teve particular interesse, como, suponho, todas as assembleias gerais de organizações que funcionam. Mas sentado ao meu lado estava um senhor que havia trabalhado com Churchill e que é considerado o maior coleccionador privado de objectos churchillianos.

Tendo perguntado qual o objecto mais valioso da colecção, ele falou-me em relógios e óculos que haviam pertencido a Churchill mas o objecto mais valioso é o passe de acesso à sala onde decorreu a Cimeira de Yalta, perto do fim da Guerra, em nome de Winston Churchill e assinado por José Stalin.

Coabitação à francesa

Há muitos anos, ouvi a seguinte história de quem a assistiu. Durante a coabitação entre o Presidente Chirac e o Primeiro Ministro Jospin, discutia-se uma matéria qualquer importante na União Europeia sobre a qual não havia acordo.

Perante o impasse, o representante britânico disse que uma solução, proposta pelo Presidente Francês, poderia ser adoptada. Imediatamente o representante do Governo Jospin declarou que a isso seria inaceitável.

Perante o espanto de uns e a troça de outros, o impassível francês explicou: "tudo o que o Presidente Chirac diz é importante mas a França nem sempre está de acordo".

Tuesday 21 April 2009

Portugal, a ONU e os Direitos Humanos

A substituição da Comissão pelo Conselho dos Direitos Humanos da ONU em 2006 foi assinalada como um importante passo na direcção certa, capaz de restaurar a credibilidade das Nações Unidas neste campo, dadas as competências e poderes reforçados do novo Conselho e a forma mais exigente de eleição dos seus Membros. Infelizmente, a realidade encarregou-se de destruir as esperanças.

E se há um problema sério que divide os Países Ocidentais e os Países Islâmicos, que a Conferência de Genebra que está a decorrer veio, uma vez mais, tornar claro, não é esse o maior desafio que a ONU enfrenta na promoção e defesa dos Direitos Humanos, embora seja o mais visível.

O maior problema que a ONU enfrenta é a definição do que são Direitos Humanos. Enquanto que um grupo de Países entende que os Direitos Políticos e Cívicos são mais relevantes, outro grupo de Países defende que os Direitos Económicos, Sociais e Culturais é que merecem maior atenção. Acresce que, ao contrário da questão Israelo-Palestiniana, a questão sobre a relevância dos Direitos importa directamente a todos os Estados membros da ONU.

Portugal está numa posição previlegiada para ajudar a ultrapassar este fosso. Por um lado, pertencemos ao grupo de Países que reconhece a importância fundamental dos Direitos Políticos e Cívicos e temos um bom historial na sua defesa e promoção. Por outro lado, somos o principal protagonista na defesa do reconhecimento jurídico da importância dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais na ONU, através da elaboração, por juristas e diplomatas Portugueses, do Protocolo Opcional à respectiva Convenção recentemente aprovado.

A promoção dos Direito Humanos é uma causa nobre que merece o esforço de todos, sem reservas ou taticísmos e as circunstâncias colocaram-nos em posição de podermos, com paciência, seriedade, esforço e diplomacia, desempenhar um papel de enorme relevo e importância. Um papel que pode resultar num Mundo melhor.

Sunday 19 April 2009

Legislar, legislar e legislar

Há, em Portugal, uma tradição antiga de legislar sobre tudo e o seu oposto, convencidos que basta alguma coisa aparecer no Diário da República para que a realidade se transforme.

Haverá alguém que saiba quantas Leis e seus derivados estão em vigor em Portugal? Se são necessárias? Se estão bem formuladas? Se são compatíveis entre si? Se estão reguladas? Se são aplicadas? Se servem o propósito que as justificam?

Certamente haverá milhares de páginas bem escritas sobre a utilidade, objectivos e limites da Lei. Seria interessante passarmos da teoria à prática e rever o edifício jurídico existente, eliminando o que pode e deve ser eliminado, regulando o que deve ser regulado e aplicando o que deve ser aplicado.

As nossas vidas colectivas seriam muito mais fáceis.