Friday 16 May 2014

Ver o que não está lá


Ontem, regressando das minhas visitas no Alentejo, fui parado numa operação auto-stop da GNR. Sendo a primeira vez que fui parado de mota, estava com alguma curiosidade sobre o que preocuparia a guarda. Seria o estado dos pneus? A certificação do capacete?

Depois de olhar para os documentos da mota e perguntar (mas sem achar necessário confirmar) se eu tinha bebido alguma bebida alcóolica (que eu não tinha) o guarda ficou a olhar para a minha carta de condução, que é ainda a carta inglesa.

Passado um tempo, perguntou-me  sempre muito bem educado e simpático - se eu não teria uma carta portuguesa ao que eu respondi que não mas que a minha carta inglesa está registada no Instituto da Mobilidade Terrestre, antiga DGV.

Olhando novamente e com mais atenção para a carta, o representante da autoridade confirmou que assim era, embora nada esteja escrito na minha carta sobre o assunto...


Wednesday 14 May 2014

Pelos caminhos do Alentejo


Nas últimas semanas, por razões profissionais, tenho percorrido várias vezes o Alentejo entre Évora, Beja, a Vidigueira, Ourique e Santo André e, como faço estas viagens de mota, tenho usado estradas municipais longe das principais estradas e auto-estradas. 

Nestas andanças descobri o óbvio: há um Portugal desconhecido, com aldeias e vilas bonitas, restaurantes escondidos onde se come bem e se paga pouco  e estradas bem tratadas onde raramente passam carros e onde o tempo não tem pressa.

O nosso Portugalinho tem os seus segredos. 

Tuesday 13 May 2014

E o último fechou a porta


Com pouca ou nenhuma modéstia, transcrevo aqui o artigo que publico hoje no Diário Económico:

"No início a Europa era a guerra. E a guerra era constante e destruidora. E a guerra matou gerações incontáveis de europeus. Mas a guerra não parava e continuava a destruir e a matar em nome de nações e de interesses egoístas. Até que a guerra se tornou na encarnação do mal e a destruição ultrapassou o entendimento. E os Europeus disseram não à guerra.

E da guerra, nasceu a paz. E os europeus construíram um espaço de liberdade e de solidariedade onde a colaboração substituiu a desconfiança, o livre comércio substituiu as barreiras, os passaportes foram abandonados e a moeda partilhada. E as rivalidades nacionais deram lugar à preocupação partilhada de um crescimento harmonioso.

E a paz cresceu e multiplicou-se. E este novo espaço tornou-se num exemplo para outros que também queriam a paz. E aos poucos mais e mais Europeus se juntaram, deixando a guerra e vivendo na paz. E das 6 nações originais, a Europa de concórdia cresceu durante mais de meio século até somarem 28. E enquanto o mundo continuava em guerra e em conflito, a Europa aprofundou a cooperação e os laços que pareciam ter substituído a desconfiança e o conflito.

Mas havia quem não gostasse da Europa e quem desejasse que o relógio voltasse para trás. Essas vozes, que no início eram minoritárias e estavam isoladas, ganharam espaço à medida que aqueles que governavam a Europa se esqueceram que o faziam não por direito próprio, mas por vontade dos cidadãos da Europa. E a Europa foi ficando mais longe e menos compreendida.

E depois veio uma séria e longa crise. E muitos milhões de Europeus sofreram dificuldades. E os que governavam a Europa não souberam o que fazer e, esquecendo as lições do passado, colocaram os interesses nacionais acima dos interesses da Europa. E a Europa passou a ser olhada como parte da disputa política interna, sem valor intrínseco nem papel próprio, e as eleições usadas para punir ou premiar o governo nacional do dia.

E aqueles que lutavam contra a Europa cresceram e multiplicaram-se, pois eles apontavam o dedo à Europa e aos outros Europeus, agora de novo chamados de “estrangeiros”, e acusavam-os de serem os culpados de todos os males e todas as dificuldades. E os que acreditavam na paz, na justiça e na cooperação nada disseram e nada fizeram, continuando a agir como se nada de novo se estivesse a acontecer.

E na noite de 25 de Maio de 2014 a Europa foi dormir sabendo que o fim se aproximava. E o último a sair, fechou a porta."

Monday 12 May 2014

Câmaras de Comércio Portuguesas no Mundo


Uma vez que a True Bridge Consultancy integra o Conselho Diretivo da Câmara de Comércio Portuguesa no Reino Unido, estou hoje e amanhã na reunião anual das Câmaras espalhadas pelo mundo, organizado pela Confederação Internacional das Empresas Portuguesas.


À volta da mesa, representantes de 23 países das Américas, Europa, África e Ásia que trabalham com o propósito comum de ajudar as empresas portuguesas e as pessoas que trabalham nesses países.


Sendo esta a minha primeira participação neste encontros, fico com a curiosidade de saber se daqui nascerão laços entre as várias Câmaras presentes. Veremos.


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Sunday 11 May 2014

Hesitação



Já há muito tempo que não escrevo neste blog, em parte porque há alturas em que tenho alguma coisa que gostaria de dizer mas outras em que nada tenho para escrever e um blog é um exercício de persistência.

A outra razão que me tem levado a nada escrever é auto-indutora: como não tenho escrito, as poucas pessoas que liam a Velha Albion deixaram de fazer...

Seja como for, vou (tentar) retomar estas notas, esperando ter alguma coisa minimamente interessante para contar.

Thursday 16 May 2013

Coisas que me escapam




Há muitas coisas no mundo que eu nunca perceberei, entre as quais estão os mecanismos de formação das tarifas aéreas.

Semana que vem terei que ir a São Paulo e a Londres, pelo que andei à procura da melhor solução preço/ligações para um percurso que liga Lisboa-São Paulo-Londres-Lisboa e descobri - por indicações de uma amigo brasileiro - que a Ibéria está a fazer preços baratos de Madrid para SP.

Assim, e comparando preços e opções com a TAP, irei pagar menos de metade do preço e utilizarei voos mais directos pelo simples facto de passar 1 hora no aeroporto de Madrid. Mesmo tendo em consideração que a Ibéria e a British Airways constituem agora um grupo, a lógica comercial da aviação assim chamada, escapa-me totalmente.

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Friday 3 May 2013

Pedalar é europeu




A edição brasileira da revista Exame publica uma lista com as 20 melhores cidades do mundo para se andar de bicicleta. Os critérios, para além da geografia - quanto mais plana for a cidade, melhor - consideram também as políticas municipais de promoção do uso das bicicletas - ciclovias, aluguer de bicicletas, etc. - e os hábitos dos cidadãos.

Das 20 cidades selecionadas, 16 são europeias, 2 japonesas, 1 canadiana e uma única representante do hemisfério sul e da língua portuguesa: o Rio de Janeiro.

De entre as cidades europeias, encontramos 2 na Espanha (Madrid e Sevilha), 2 na Alemanha (Berlim e Munique) e as restantes nos países nórdicos, pelo que o clima parece não ser um critério definitivo para o uso das bicicletas.

Curiosamente, e sem prejuízo para uma política municipal intensa de promoção do uso das bicicletas, Londres não aparece na lista.

No uso da bicicleta, a Europa dá cartas!

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Thursday 2 May 2013

A NATO vista (ainda mais) por dentro




Na sequência da minha bem passada manhã (ver post abaixo), lembrei-me da única vez que participei numa reunião da Aliança, quando fui Subsecretário de Estado Adjunto do Ministro dos Negócios Estrangeiros.

Diga-se que normalmente não seria o Sub-SEAMNE a representar Portugal numa reunião da NATO, mas como estávamos numa fase complicada na vida dos aliados, já que ainda se fazia sentir o mal-estar da guerra do Iraque, os Estados Unidos passaram a utilizar a NATO como plataforma de contacto com os países europeus para tratar dos mais variados assuntos. Neste caso, tratou-se de uma reunião pedida pelo Secretário de Estado americano do Comércio.

Assim, lá me sentei na mesa do Conselho da Aliança - na imagem - e ouvi longas exposições de alguns dos países membros sobre questões de comércio, desenvolvimento e defesa, tendo vincado, na minha curta intervenção, a importância da ligação entre os centros de pesquisa científica militares e civis.

Depois de todos falarmos, ouviu-se a voz do representante da França que disse que a NATO é uma aliança militar, pelo que os assuntos de comércio - mesmo vestidos de camuflado - não tinham lugar naquela mesa e que, portanto, tinham perdido uma manhã para nada pois Paris não iria permitir que nada do que tínhamos discutido tivesse qualquer consequência.

E assim se passou a minha única participação nas atividades da NATO.

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Nato vista por dentro




Esta manhã, a convite do IPRI - Instituto Português de Relações Internacionais, participei numa mesa redonda na Reitoria da Universidade Nova de Lisboa, onde pude ouvir a Secretária-Geral Adjunta da Nato, Embaixadora Kolinda Grabar falar sobre os desafios que a Aliança Atlântica enfrenta.

Tratando-se de uma reunião mais ou menos restrita, a SGA falou com grande à-vontade sobre os grandes temas que preocupam a NATO, como o Afeganistão, a Síria ou o futuro papel da Aliança e a partilha de esforços e custos entre os seus membros.

Para além das matérias de defesa ou de segurança, gostei particularmente de ouvir a preocupação da Aliança com a legitimidade do seu papel fora da zona do Atlântico Norte e a necessidade de fortalecer as instituições políticas de países onde a NATO atua, baseada numa política de cooperação com outras Organizações Internacionais, como a ONU e a União Europeia.

Uma excelente forma de se passar uma manhã.

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Sunday 14 April 2013

No país das maravilhas




Que visse o telejornal de hoje poderia achar que vivemos num país sem problemas nem dificuldades, onde tudo corre bem. Só assim se explica o tempo e a atenção que se dedicou à ausência do Ministro dos Negócios Estrangeiros na tomada de posse dos novos membros do Governo.

Parece-me que há em Portugal sentido do ridículo a mais e Sentido de Estado a menos.

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De Lisboa para o Mundo




Na Fundação Gulbenkian podemos visitar uma exposição sobre o impacto dos descobrimentos dos Séc. XV e XVI no conhecimento humano.

Por força da necessidade dos marinheiros que começaram a navegar no mar aberto, o saber teve que sair das Universidades e dos Conventos e teve que ser simplificado para ser compreendido por pessoas sem formação técnica e adaptar-se às condições a bordo.

Da leitura das estrelas e a sua relação com a posição relativa das caravelas e das naus nos oceanos, permitindo ir-se mais longe, surge uma nova visão do mundo e uma cartografia mais precisa e mais abrangente.

E, finalmente, os novos mundos que portugueses e espanhóis deram ao mundo eram, de facto, novos. Novos animais, novas plantas e novas pessoas.

As descobertas obrigaram o conhecimento a libertar-se da Idade Média, a avançar e a democratizar-se e abriram as portas aos Séc. XVII, XVII e XIX quando a ciência autonomizou-se definitivamente da religião. Ou, como dizia Garcia da Horta, "o que não sabemos hoje, saberemos amanhã".

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Friday 12 April 2013

Pensar Portugal na balança da Europa e do Mundo





No âmbito dos Roteiros do Futuro organizados pela Presidência da República, passei hoje o dia a ouvir peritos, sábios e "práticos" de Portugal no mundo a discutirem com profundidade e interesse o papel do nosso país no Atlântico Norte, no Atlântico Sul, no Oriente, no Mediterrâneo e Médio Oriente e, finalmente, na Europa.

Em painéis compostos por portugueses e por estrangeiros de renome e com coisas para dizer, olhou-se para o passado e tiraram-se ilações para o presente e para o futuro.

Pessoalmente, entretido com a True Bridge, tenho dedicado pouco - ou nenhum tempo - aos assuntos que me ocuparam durante os anos que passei nas Universidades, o que tenho pena e de que sinto falta.

Pena tenho também por ver o magnífico auditório da Fundação Champalimaud - com uma janela enorme virada para o Tejo - muito vazia. Queixamo-nos coletivamente que não discutimos assuntos sérios de forma séria mas quando o fazemos, não aparecemos.


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Racistas são os outros




Enquanto espero pela minha vez para ser atendido na Loja do Cidadão dos Restauradores, onde estou a tentar obter uma declaração da Segurança Social (ver post abaixo) entretenho-me a trabalhar e a ver o que se passa à minha volta.

Nesse segundo passatempo, vejo utentes e funcionários cheios de paciência, uns à espera e outros a trabalharem. Claro está que as pessoas com situações pessoais mais duras - e com 18% de desemprego há muitas histórias difíceis - estão mais frágeis e menos pacientes para as dificuldades que a administração pública lhe coloca.

Numa dessas historias, contada em alta voz pela pessoa em causa à funcionária que a atendia - e a todos nós - acabou com acusações de racismo dirigidas a todas as pessoas que esta manhã atendem nos serviços de segurança social.

Imediatamente o tema foi comentado pela pessoa sentada ao meu lado que primeiro explicou não ser racista para logo depois - numa clamorosa mas não percebida auto-derrota - partilhar comigo e com a senhora sentada do outro lado, que os ciganos - todos os ciganos - são terríveis.

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e-Governo do Cidadão e das Empresas




Tendo a True Bridge Consultancy ganho um concurso para fornecimento de serviços ao abrigo do Código dos Concursos Públicos, é necessário fornecer um conjunto de documentos que provem que nem eu nem a empresa temos dívidas ao fisco e à segurança social e que nenhum de nós cometeu qualquer crime.

Tratado-se dos mesmos documentos, vivi duas realidades distintas: a de cidadão e a de empresário. No primeiro caso, sentado no escritório e com o Cartão de Cidadão ligado ao computador, solicitei e recebi imediatamente via email, as declarações do fisco e da segurança social. E o registo criminal foi-me entregue no mesmo momento no Centro de Registos do Ministério da Justiça.

No caso da True Bridge, a história tem sido bastante diferente já que os certificados demoram dias a serem emitidos.

Tratando-se do mesmo objecto e do mesmo fim, não percebo porque é que o sistema não é igual para pessoas singulares e pessoas coletivas.



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Tuesday 9 April 2013

Tempos difíceis




Olho para o País e para a Europa, atento aos números e os gráficos, vejo as pessoas nas ruas, oiço os discursos e leio as entrevistas de quem tem responsabilidades publicas ou privadas, de quem está na situação e na oposição, de quem se senta à direita e à esquerda e desanimo.

Os tempos não estão para mais do mesmo, para pequena política, para alheamentos, para teimosias, para confrontos escusados, para sublinhar diferenças, para passar culpas, para apontar o dedo acusador ou para lavar as mãos.

Os tempos que correm exigem seriedade, colaboração, coragem, sentido de Estado e outras qualidades que têm faltado no discurso e na prática.

Nestes tempos difíceis não há uns e os outros. Nestes tempos difíceis temos que ser todos.

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Monday 8 April 2013

Margaret Thatcher




Morreu hoje a Baronesa Margaret Thatcher, a primeira e única mulher a ocupar o lugar de Primeiro-Ministro do Reino Unido - embora a própria não considerasse isso como digno de nota -.

Como todas as figuras relevantes, a Senhora Thatcher não deixa ninguém indiferente e há tantos que suspiram por um(a) novo(a) líder de fortes convicções que coloque o Reino Unido no centro do mundo, como os que sublinham a sua quase indiferença com os mais pobres na sociedade.

Mas por todos os certos e errados de mais de 11 anos de Governo, a parceria com Reagan no combate à União Soviética, a Guerra das Falkland, o isolacionismo na Europa - que hoje, comparado com a forma como os Tories evoluíram, parece leve e mesmo pró-europeu - e o feroz individualismo serão sempre lembrados como parte da herança de Margaret Thatcher.

Essa herança tornou-se central em todos os governos que se seguiram, incluindo no Governo Blair que soube aproveitar o melhor que o Thatcherimos deixou, temperado por preocupações sociais.

Goste-se ou não de Margaret Thatcher, a verdade é que o Reino Unido de hoje, com todas as suas qualidades e os seus defeitos, deve-lhe muito. Assim como lhe deve a Europa e o Mundo.

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Entretenimento amoral






House of Cards conta a história de um político ambicioso e sem escrúpulos que tudo fará para atingir os seus objectivos, inclusivamente matar os seus aliados mais próximos.

A primeira versão de House of Cards foi feita para a BBC nos anos 90 e acompanha a ascensão e queda de Francis Urquhart desde Presidente do Grupo Parlamentar Conservador até um dos mais poderosos Primeiros Ministros ingleses cuja ambição final é ultrapassar o legado de Thatcher. A versão de 2013, que podemos ver no canal TVSeries, segue a progressão de Francis Underwood, Presidente do Grupo Parlamentar do Partido Democrata americano.

Embora a versão americana seja visualmente mais bonita, Underwood é um aprendiz de feiticeiro quando comparado com a fria, inteligente e imparável ambição de Urquhart. Sem prejuízo, ambas as versões são divertidos estudos de ambição, amoralidade e maquinação política.

No meio de milhares de horas de porcaria inenarrável que a televisão nos serve diariamente, há alguns programas que merecem ser vistos ou, como diria Francis Urquhart quando queria confirmar alguma coisa sem o fazer: you may very well think that, I could not possible comment.

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Sunday 7 April 2013

Papa Francisco




Um mês é pouco tempo para formar uma opinião mas, até agora, o Papa Francisco tem sido um excelente pastor.

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O que importa está cá dentro




Semana passada fui e voltei de comboio ao Porto para uma reunião. No regresso, cansado da madrugada, entretive-me a ouvir o debate da Moção de Censura apresentada pelo Partido Socialista ao Governo.

Sem prejuízo para a seriedade do momento social, político, económico e financeiro que Portugal atravessa, as únicas intervenções que realmente entusiasmaram os nossos deputados foram os ataques político-partidários e a qualidade (ou falta dela) dos insultos que todos trocaram com todos ao longo da tarde.

Para os nossos representantes o mundo parece estar limitado ao pequeno mundo do Parlamento e dos Partidos Políticos. Depois espantam-se com a opinião que os eleitores têm de quem faz as leis que nos regem.

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Rui Moreira




Claramente por culpa minha nunca tinha lido ou ouvido Rui Moreira com atenção. Hoje ouvi-o numa entrevista onde se falou de muitos e variados assuntos. É agradável ouvir alguém sensato quando, infelizmente, cada vez há menos...

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Monday 1 April 2013

Azuis





Não sou grande fã de Futebol, tendo, em toda a minha vida, assistido a 3 jogos ao vivo. Nada disso impede a satisfação de ver o Beleneses de volta à primeira liga com tempo e pontos para dispensar a quem fizer falta.

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Sunday 31 March 2013

O verde Alentejo




Há quase 20 anos que passo a Páscoa em Montemor-o-Novo, terra da minha Sogra e embora já tenha visto muitos períodos de chuva nestas duas décadas, não me lembro de uma primavera tão molhada como a que vivemos este ano, como também não me lembro de ver um Alentejo tão verde e tão vistoso.


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Saturday 30 March 2013

O seu a seu dono




Correndo o risco de dizer o óbvio, a responsabilidade do Tribunal Constitucional é fazer respeitar a Constituição...

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Friday 29 March 2013

Papoilas alentejanas






Estava eu ainda na AICEP em Londres quando recebi o representante de uma empresa britânica que estava interessada em explorar a possibilidade de cultivar papoilas no Alentejo para a extração de morfina para uso farmacêutico.

As peripécias deste investimento foram muitas, desde a desconfiança inicial da nossa administração pública, passando pela necessidade de confirmarmos que as plantas cresceriam em quantidade e qualidade suficientes no Alentejo até a um desastre de carro algures na Península de Setúbal que quase matou o representante da farmacêutica em questão.

Passados três anos, leio nos jornais que os testes correram bem e que o Infarmed autorizou o cultivo das papoilas. Tardou mas chegou.

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Monday 25 March 2013

Páginas Amarelas





Entre os variadíssimos estilos literários disponíveis, as auto-biografias, memórias e diários são os meus preferidos, seguido de perto pelas biografias escritas por terceiros, o que se torna óbvio para quem se der ao trabalho de olhar para as estantes lá de casa.

Tendo lido largas dezenas, se não poucas centenas de livros biográficos, nunca tinha tido a experiência de ler um livro de memórias de alguém faz parte da minha família (pouco) alargada. Estou a tê-la agora que estou a ler as "páginas amarelas" do meu Tio Mário (Quartin Graça), casado com uma irmã da minha mãe e um dos mais antigos amigos do meu pai.

Para além da graça de ter acompanhado (ou ter ouvido na primeira pessoa) algumas das muitas historias que estou a ler, há ainda a virtude de o Tio Mário ter tido uma vida variada e divertida, ter conhecido e convivido com algumas das mais importantes referências culturais portuguesas, brasileiras e espanholas e - o que não é menos importante - escrever muito bem.

Ler umas memórias que fazem parte das minhas memórias é um dois-em-um que torna a experiência muito mais divertida e interessante.

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Sunday 24 March 2013

Teste de fé




Hoje, Domingo de Ramos na liturgia cristã, fui à missa onde fui "brindado" por um coro que o que oferecia em empenho, faltava-lhe em qualidade.

Ouvindo-os pela 3ª ou 4ª vez, lembrei-me do Prof. Henry Higgins em My Fair Lady, a famosa versão cinematográfica da peça de George Bernard Shaw, que dizia exasperado a uma teimosa Eliza Doolittle que se recusava a aprender a falar decentemente: irás muito mais longe com o Criador se aprenderes a não Lhe ofenderes os ouvidos!

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Thursday 21 March 2013

O Consultor





Hoje passarei o dia no Ministério das Finanças a participar num seminário sobre oportunidades para consultoras juntos das chamadas IFI - Internacional Financial Institutions, nomeadamente o Banco Mundial, o BERD, o BID e o BAfD.

Enquanto espero pelo início da sessão, entretenho-me a observar os restantes participantes. Quem somos nós, os consultores?

Se a amostra for válida, o consultor é homem, entre os 40 e os 60, veste fato e gravata e usa ainda papel e caneta. Há também algumas mulheres, mas a grande maioria encaixa-se no grupo descrito antes.

Tirando o facto de eu usar um iPad (no qual escrevo este blog), andar sempre de mota - que a falta de capacetes na sala demonstra ser raro - e cada vez usar menos vezes fato e gravata (embora hoje tenha vestido a farda), sou um digno representante do maravilhoso mundo dos consultores.

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Tuesday 19 March 2013

Gente inteligente




Passei hoje a hora do almoço na SEDES a ouvir pessoas inteligentes a falarem sobre a União Europeia, Portugal e a(s) crise(s).

Fugindo aos lugares comuns que ouvimos constantemente nestas ocasiões, discutiu-se com contraditório e vivacidade que União Europeia sairá desta crise, que equilíbrios se criarão entre os Estados membros, que papéis e que legitimidade terão as instituições da União, qual será a estratégia e o papel de Portugal neste processo e como tudo isto impacta e impactará no nosso país.

Como é bom ouvir falar gente que sabe e que pensa!

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Sunday 17 March 2013

O tempo que se demora




Há quase dois anos fui convidado para participar numa conferencia organizada pela Bloomberg em São Paulo onde expus a visão dos investidores estrangeiros sobre as oportunidades no Brasil. No almoço que reuniu os oradores vindos de todo o mundo e jornalistas, muitos me perguntaram quando é que Portugal iria pedir a reestruturação da dívida. Lembrei-me recentemente destas conversas...


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Tuesday 12 February 2013

Order! Order!





Tirado do blog de um amigo:

Mr Speaker: Order. I apologise for interrupting. Members must calm themselves. Mr Byles, I thought you were normally a model of restraint and civility. Good heavens man! I do not know what has come over you. Calm yourself – take a pill if necessary, but keep calm. Take up yoga!

Câmara dos Comuns, 5 de Dezembro de 2012

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Bento XVI




O Papa Bento XVI anunciou ontem ao Mundo que deixará o Trono de S. Pedro no final deste mês, sendo o primeiro Papa a fazê-lo em mais de 600 anos. Imagino que tenha sido uma decisão difícil, como difíceis foram estes 8 anos de pontificado sempre a braços com problemas graves e sérios na Igreja e no Mundo.

Pessoalmente, lembro-me da visita que o Papa fez ao Reino Unido em 2010, altura em que eu lá vivia. Depois de semanas a ouvirmos toda a sorte de críticas e anúncios de manifestações organizadas por vários grupos com razões de queixa contra a Igreja ou mesmo sem muitas razões para se queixarem, Bento XVI desarmou toda a oposição com uma humildade alicerçada numa inteligência superior e num conhecimento profundo da Igreja e do Mundo. De tal modo foi a visita um sucesso que o Presidente da Associação Britânica dos Agnósticos não encontrou melhor explicação para as multidões que se deslocaram para ver e ouvir o Papa do que dizer que eram todos "estrangeiros".

Nunca fui um grande entusiasta de Bento XVI e teria ficado mais satisfeito se a Igreja tivesse sido chefiada por um modernizador como o anterior Cardeal de Milão, D. Carlo Maria Martini, mas reconheço que Bento XVI deu passos importantes na abertura da Igreja Católica ao Mundo.

Esperemos para ver quem o sucederá à frente da maior religião organizada do Mundo. Seja quem for, terá umas grandes sandálias para calçar.

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Saturday 22 December 2012

Natal sob o signo da Troika






Este ano, por razões óbvias, as minhas duas famílias (Ivo Cruz e Costa Gomes) acordaram limitar os presentes a pais, sobrinhos pequenos, padrinhos e afilhados.

Pessoalmente, a calma de não ter que correr de um lado para o outro para comprar presentes com significado para a longa lista de irmãos e cunhados, primos, sobrinhos crescidos e tios que felizmente tenho, tem feito deste Natal um dos mais agradáveis dos últimos anos.

Que alguma coisa de bom venha da Troika!

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Monday 10 December 2012

Direitos Humanos




Hoje comemora-se o Dia Mundial dos Direitos Humanos, em homenagem à aprovação em 1948, da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

De então para cá os Direitos Humanos têm evoluído, tornando-se mais importantes no discurso e na prática dos Estados, mais inclusivos nas áreas consideradas como Direitos Humanos e merecedores da atenção de vários tribunais internacionais e quase todos os tribunais nacionais dos Estados membros da ONU.

Dos direitos políticos básicos ao debate sobre os limites dos direitos económicos e sociais; dos direitos dos homens brancos à igualdade de género, de raça e, agora, ao debate sobre a igualdade com base na orientação sexual; da proclamação inconsequente dos direitos à proteção juridicional das convenções internacionais muito se avançou desde 1948.

Acresce que cada passo na direcção de mais e melhores direitos nunca regrediu. Cada novo patamar passa a ser o critério mínimo sobre o qual temos que avançar.

Há, sem dúvida, razões para estarmos colectivamente contentes.

Feliz dia Internacional dos Direitos Humanos!

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Thursday 6 December 2012

Botswana




A convite do Governo do Botswana e depois da concordância do Governo Português, sou o novo Cônsul Honorário do Botswana em Lisboa.

O Botswana, para quem não sabe, situa-se a norte da África do Sul e a leste da Namíbia e é universalmente reconhecido - incluindo as Organizações Internacionais e as ONGs - como um dos maiores sucessos em África (se não mesmo o maior sucesso) no respeito pela democracia, estado de direito, direitos humanos e transparência.

É para mim uma honra e uma (muito agradável) surpresa que o Governo de Gaborone me tenha escolhido para assegurar a única representação diplomática do País em Portugal, já que a respetiva Embaixada - à qual eu reporto - está situada em Londres.

Para além de velar pelo bem estar consular dos cidadãos do Botswana que vivam ou visitem Lisboa, o meu trabalho será dedicado à promoção das relações económicas e comerciais entre os dois países.

E muito tem o Botswana para oferecer, nomeadamente o turísmo de altíssima qualidade, um regime de atração de investimento estrangeiro muito generoso e oportunidades de negócio em áreas tão variadas como a saúde, as infraestruturas, a energia, a inovação tecnológica ou a educação para mencionar apenas algumas. E o facto de o Botswana ser membro da SADEC permite utilizar o país como base para os restantes países da região.

Há muito a fazer mas há vontade para fazê-lo.

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Wednesday 28 November 2012

Flexisegurança




Organizado pela Secretaria de Estado do Trabalho, pelas Embaixadas dos Países Nórdicos em Lisboa e pela Fundação Gulbenkian discutiu-se esta tarde os princípios e prática da Flexisegurança nórdica.

Em poucas palavras, a Flexisegurança é o mecanismo de regulação do mercado de trabalho nos países nórdicos, que une uma forte flexibilidade no trabalho - nomeadamente na facilidade de despedimento - com um sistema robusto de segurança social para as pessoas que perdem o emprego. A experiência, muito interessante, tem permitido manter uma alta Xe empregabilidade.

Entre muitas características - e com variações entre os vários países que aplicam a Flexisegurança - fundamentais do sistema que foram referidos por todos os oradores, está a importância da colaboração estreita e permanente entre patrões, trabalhadores e o Estado.

Embora muito tenhamos avançado na concentração social nos últimos anos, como lembrou o respetivo presidente no encerramento do encontro, a confrontação permanente em que aparentemente vivemos só prejudica a todos: empresas, trabalhadores e ao País.

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Eu sei que os tempos estão difíceis, mas...




Já não me lembro de ouvir uma única boa notícia nos principais telejornais portugueses. Eu sei que os tempos estão difíceis e que andamos todos deprimidos mas não acredito que nada se passe em Portugal, na Europa ou no Mundo que nos possa alegrar durante uns minutos que sejam.

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Tuesday 27 November 2012

Fado





Faz hoje um ano que o fado passou a ser património imaterial da Humanidade. Ainda bem que ainda há boas notícias.

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Queixas e desperdícios






Não sei o suficiente sobre a matéria para saber se os produtores de leite europeus que se manifestaram em Bruxelas esta manhã têm ou não razão.
Mas sei que deitar fora milhares de litros de leite quando há no mundo inteiro milhares de pessoas com fome é ofensivo. Se se querem queixar assim, ofereçam o leite às organizações de solidariedade social!!!
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Monday 26 November 2012

Qualidade vs Nacionalidade


Mark Carney, na fotografia, é o novo Governador do Banco de Inglaterra, o banco central do Reino Unido. Até agora ninguém, incluindo a oposição trabalhista, levantou qualquer questão às qualidade profissionais ou pessoais do futuro Governador.

Curiosamente, e embora seja membro de um País da Commonwealth, tenha estudado em Oxford, seja casado com uma cidadã britanica e os seus filhos tenham cidadania britânica e canadiana, Mark Carney é, ele próprio, canadiano. No anúncio que fez no Parlamento de Westminster, o Chanceler britânico informou que o novo Governador - embora não fosse obrigado a faze-lo - vai pedir a cidadania britânica seguindo os procedimentos normais.

Esta é a primeira vez que o Governador do Banco de Inglaterra não é um cidadão britanico e é, nas palavras do Ministro das Finanças, o reconhecimento da absoluta qualidade profissional do nomeado que ultrapassa as preocupações baseadas exclusivamente em considerações nacionais.

Pergunto-me o que aconteceria se nomeassemos um cidadão estrangeiro, mesmo que da CPLP, para Governador do Banco de Portugal...

Saturday 24 November 2012

Pelos caminhos de Portugal





A convite do Governo da Estremadura espanhola e da AICEP, estive ontem em Badajoz a apresentar o mercado Brasileiro a empresários dos dois lados da fronteira.

Aproveitando o bom tempo, resolvi fazer a viagem de mota, seguindo a Estrada Nacional 4 que liga o Montijo a Badajoz passando por Pegões, Vendas Novas, Montemor-o-Novo, Arraiolos, Borba, Estremoz e Elvas.

A viagem faz-se muito bem, numa estrada com alcatrão novo, pouco trânsito e muitos interesses. Em particular, as bifanas de Vendas Novas, os tapetes de Arraiolos, as vinhas e vinhos de Borba, os mármores de Estremoz e o aqueduto de Elvas, para não falar em Montemor onde, por razões familiares, passo o Natal, a Páscoa e o primeiro fim-de-semana de Setembro há quase 20 anos.

Num registo mais "vida selvagem", vi também duas águias que, no meio da estrada, almoçavam um coelho de bom tamanho.

Definitivamente, a estrada N4 passou a fazer parte da minha lista das pequenas alegrias do nosso Portugalinho.

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Sunday 18 November 2012

A vingança do Álvaro






Embora percebendo (acho eu) e concordando (caso tenha percebido) com o Ministro da Economia quando ele falou no potencial do pastel de nata, convenhamos que o assunto não lhe correu lá muito bem.

Mas eis que a vingança do Álvaro chegou da forma que menos se esperaria: a revista Monocle - uma revista que fala de forma interessante de tudo um pouco sem uma linha condutora clara - publicou a sua tabela de "soft power" dos Estados, ou seja, a capacidade que os Estados têm em influenciar outros sem utilizar a força, dinheiro, etc.

Portugal, que surge no 23º lugar e melhorou ligeiramente em relação ao ano passado, tem direito a uma pequena coluna logo no início do artigo, onde se fala doutamente sobre a importância do pastel de nata para a política externa portuguesa.

Não sendo propriamente a Foreign Affairs ou outra revista de nomeada na Ciência Política, Relações Internacionais ou Geopolítica, a Monocle é a única revista (que eu conheça) que reconhece o poder da pastelaria.

Este pastel o Álvaro come-o frio!

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Wednesday 14 November 2012

Opinião pública (anti) Europeia






Durante anos, os europeístas (onde me incluo) queixaram-se da ausência de uma opinião publica europeia, que considere os interesses da União Europeia ao mesmo tempo que considera os interesses dos respetivos Estados.

Hoje há uma "jornada de luta" (para usar o jargão sindicalista) contra as políticas de austeridade em 29 países europeus, mais profunda no Sul da Europa e mais leve no resto do continente. Se as greves nos países do Sul poderão ser quatro manifestações de interesses nacionais, as acções de solidariedade no Norte poderá ser uma manifestação de interesse europeu.

Estaremos a ver as primeiras manifestações de uma opinião pública europeia? Se for, nasce contra a União Europeia...


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Monday 12 November 2012

Tempos que não voltam





No dia em que a Chanceler alemã visita Lisboa, lembrei-me de outro Chanceler, mais corajoso e mais europeu.


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Sunday 11 November 2012

Dia do Armistício





Às 11 da manhã do dia 11 do 11º mês de 1918 acabou a I Guerra Mundial.

Uma guerra que começou por acasos e teimosias, onde se lutou em longas linhas de trincheiras que cruzaram a Europa, onde foram usadas novas tecnologias e onde morreram 37 Milhões de pessoas.

Depois veio a paz e o horror do que vimos levou-nos a anunciar que tínhamos sobrevivido à "guerra para acabar com todas guerras". Mas a paz foi igualmente egoísta, teimosa e míope e menos de uma geração depois estávamos novamente em guerra. Uma guerra mais violenta, mais tecnológica, mais mortífera e que nos fez conhecer o mal absoluto.

A nova paz, a paz de 1945, que nasceu nos campos de batalha e nos campos de concentração foi uma paz diferente. Foi uma paz generosa, que junto inimigos numa casa comum, que promoveu a convivência, o conhecimento, a colaboração e a concórdia. Foi uma paz que olhou pelos vivos de ambos os lados das trincheiras e que aprendeu com os erros da paz de 1918.

Hoje, de novo como há quase um século, essa paz generosa, partilhada e comum é posta em causa pela cegueira, o egoísmo e a teimosia de quem nada aprendeu com a história.

E nós, cidadão da Europa do Séc. XXI, habituados à paz, à prosperidade, à concórdia e à democracia deixamos que um grupo de gente pequena e sem futuro nem história coloque em causa o nosso futuro comum.

Se assim for teremos apenas nós próprios a quem acusar.

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Friday 9 November 2012

Voar por instrumentos




Continuando as minhas experiências aeronáuticas (ver 2 posts abaixo) fui convidado novamente a assistir à decolagem em São Paulo e aterragem em Lisboa no cockpit do A340 que me trouxe do Brasil para Portugal esta madrugada.

A decolagem é precedida de uma sequência de confirmações com base em vária listas - feitas em inglês - do bom funcionamento dos instrumentos de voo, elementos mecânicos, elementos de segurança do avião, comunicações, níveis de combustível e de oxigénio, pressurização da fuselagem, calibração dos pneus e um mais sem número de parâmetros. Embora feito com rapidez, nada é deixado ao acaso.

Neste caso, a decolagem foi feita debaixo do inicio de uma forte chuva de verão paulista e o que mais me impressionou foi o rápido aproximar do fim da pista à medida que o avião acelera para levantar voo. Mas são nervos de quem nada percebe desta arte, já que antes tinha acompanhado os cálculos feitos pelos pilotos com ajuda de tabelas e computadores de bordo que relacionam o peso total do avião, o tamanho da pista, a força e direcção do vento e outras variáveis para determinarem com antecedência qual a velocidade que temos que atingir para que tudo corra bem.

A chegada a Lisboa foi feita debaixo de um nevoeiro cerrado que não permitia ver a pista mesmo quando já estávamos a pousar. Em constante comunicação entre os equipamentos do aeroporto de Lisboa e os instrumentos de bordo e entre os controladores aéreos e os pilotos, voamos às cegas até sentirmos as rodas tocarem a pista, sem nunca a vermos. A única indicação (para mim que não sei ler os outros instrumentos disponíveis a bordo) que estávamos prestes a pousar era uma voz mecânica que vai anunciando a altitude do avião desde os 500 metros até zero.

A tecnologia aplicada à aviação é realmente impressionante e eficaz e explica as estatísticas que mostram que voar é o meio de transporte mais seguro do mundo.


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Wednesday 7 November 2012

Four more years




Presidente Obama foi re-eleito hoje para mais 4 anos na Casa Branca. Mais 4 anos para concretizar a esperança que lhe valeu o Prémio Nobel da Paz 2009:

"Obama has as President created a new climate in international politics. Multilateral diplomacy has regained a central position, with emphasis on the role that the United Nations and other international institutions can play. Dialogue and negotiations are preferred as instruments for resolving even the most difficult international conflicts. The vision of a world free from nuclear arms has powerfully stimulated disarmament and arms control negotiations. Thanks to Obama's initiative, the USA is now playing a more constructive role in meeting the great climatic challenges the world is confronting. Democracy and human rights are to be strengthened.

Only very rarely has a person to the same extent as Obama captured the world's attention and given its people hope for a better future. His diplomacy is founded in the concept that those who are to lead the world must do so on the basis of values and attitudes that are shared by the majority of the world's population."

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Tuesday 6 November 2012

Aterrando em São Paulo




Na minha já distante infância tive dois sonhos profissionais: o primeiro era ser astronauta, o que não seria propriamente fácil, e o segundo era ser piloto de aviões, o que seria mais fácil que o primeiro, mas que a minha falta de jeito e gosto pela matemática e pela física dificultaram.

Sem prejuízo, hoje tive uma alegria infantil: a convite do comandante do avião que me trouxe de Lisboa para São Paulo, aterrei no cockpit.

Pude ver os pilotos, cercados de dezenas de botões, luzes, ecrãs com informações variadas, uma manete (que lembra um joystick de um jogo de computador) do lado esquerdo do piloto (e não entre as pernas) e um monte de computadores que ajudam e antecipam necessidades, fazerem pousar com grande calma e até facilidade um avião enorme cheio de passageiros que acabara de atravessar parte do Atlântico norte e parte do Atlântico sul.

Quem espera sempre alcança. No meu caso, e sabendo que não estava no comando mas sentado imediatamente atrás de quem estava, levou uns 35 entre desejar estar e estar de facto no cockpit de um avião comercial quando cheguei são e salvos ao meu destino.



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Monday 5 November 2012

Noite das fogueiras





Remember, remember the fifth of November,
Gunpowder, treason, and plot,
I know of no reason why the gunpowder treason
Should ever be forgot.

Tinha eu chegado à cerca de um mês a Bristol - e a Margarida estava na sua primeira visita à cidade - fomos para os Downs (uma grande área verde a norte da Universidade) para assistir à comemoração do falhanço da tentativa de fazer explodir o Parlamento onde estavam o Rei e os deputados, na noite de 5 de Novembro de 1605 por um grupo de conspiradores católicos chefiados por Guy Fawkes.
Embora no início, Guy Fawkes night tivesse uma conotação fortemente anti-católica (que se mantem ainda na Irlanda do Norte), hoje em dia as comemorações não passam de um divertido evento familiar onde se acende uma gigantesca e reconfortante fogueira que nos aquece nas niotes frias de Novembro.
 

Saturday 3 November 2012

Prémio Nobel da Economia




No auge da crise financeira de 2008 vi uma tira cómica no Financial Times (acho eu) que dizia: o Prémio Nobel da Economia vai para a Senhora Smith por ter guardado as suas poupanças debaixo do colchão.

Ao ler as várias dificuldades que os bancos atravessam, lembrei-me da Senhora Smith e do seu colchão...

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Thursday 1 November 2012

Internacionalizar sem sair de casa




A entrevista que dei recentemente à BBC Radio 4 (ver o post imediatamente a seguir) foi feita num restaurante da baixa de Lisboa, onde a jornalista aproveitou para perguntar ao dono do restaurante como ia o negócio. Num inglês sofrido, este disse que sobrevive graças aos turistas que representam agora 90% da sua clientela contra uns meros 60% antes da crise.

A resposta abriu-me os olhos. A localização do restaurante em questão, numa das mais turísticas ruas lisboetas, permitiu a este queixoso empresário internacionalizar o seu negocio sem sair de casa. Ele conseguiu fazer o que as nossas empresas sonham, muitas sem o conseguirem: substituir uma clientela doméstica pobre e desanimada por uma nova clientela estrangeira, optimista e com vontade de gastar dinheiro.

Internacionalizar é ter clientes estrangeiros com dinheiro e vontade ou necessidade de consumir os nossos produtos ou serviços. Faça-se isso na casa dos outros ou na nossa é bastante indiferente.

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