Sunday 27 February 2011

Do ridículo


Segundo a BBC, as autoridades americanas entenderam que "O Discurso do Rei" só poderia ser visto por pessoas com 17 anos ou mais desde que não acompanhados por um adulto, pois há uma cena em que o terapeuta da fala incentiva o Rei a praguejar para ultrapassar a sua gaguês.

Para alargar o número da potencial audiência, os produtores concordaram em alterar a cena, retirando os "fuck" que tanto ofenderam os puros ouvidos dos censores americanos.

Eu devo viver num mundo paralelo e bizarro, já que as séries, filmes e programas de televisão de origem americana que posso ver na minha sala a qualquer hora do dia ou da noite estão cheios nudez, sexo, violência, drogas e... palavrões.

Seis Nações


Por influência do meu sobrinho Sebastião passei a ter um interesse suficiente por rugby para ter acompanhado ontem à noite na televisão a Inglaterra a bater a França num jogo a contar para o Torneio das Seis Nações.

Nos anos que vivi no Reino Unido, nomeadamente quando dei aulas em Cardiff, diverti-me com a alegria dos Galeses quando o País de Gales ganhou por duas vezes o Grand-Slam das Seis Nações, ou seja, ganhou a taça sem ter perdido nenhum jogo. Um feito que deixou os meus alunos eufóricos durante umas semanas.

Este ano a Inglaterra tem essa oportunidade, já que vamos a meio do torneio e é a única equipe que ainda não perdeu nenhum jogo.

Saturday 26 February 2011

Lisboa


A fotografia tirada por um astronauta e publicada hoje no jornal Público, mostra Lisboa à noite.

Para quem vive em Lisboa - que não é o meu caso há já vários anos - a cidade pode ser um pesadelo de trânsito, correrias e stress. Mas vista de longe, Lisboa é uma bela cidade, tanto de dia - com as suas casas brancas, a sua luz azul e o rio - como à noite, quando se transforma num mar de luzes amarelas a contrastar com a escuridão do estuário do Tejo.

Friday 25 February 2011

Coisas que se ouvem IX


Um pedinte para uma senhora acompanhada do marido loiro e de olhos azuis: "oh moça, larga o alemão e vem com o negão".

O mesmo pedinte visto a passear no fim-de-semana: "então hoje não pede dinheiro?" pergunta uma senhora. "Hoje é fim-de-semana. Hoje não trabalho", responde o pedinte

Wednesday 23 February 2011

União Europeia


Tenho escrito algumas vezes (ver os posts de 24/5/2009; 26/10/2010 ou 16/11/2010) sobre a União Europeia e cada vez que o faço, estou mais pessimista sobre o seu futuro.

Se podemos viver e trabalhar em qualquer um dos seus Estados, viajar de Lisboa às fronteiras da Rússia sem usar um passaporte ou ter que mudar de moeda e vermos os nossos direitos respeitados em Portugal ou na Estónia é porque, antes de nós, houve gerações de grandes líderes que souberam colocar a solidariedade entre os povos europeus à frente dos interesses de cada um dos seus Estados e que perceberam que a Europa só será relevante quando trabalhar em conjunto.

A essas gerações sucedeu-se um grupo de anões sem coragem nem visão que vão - todos os dias - destruíndo uma das mais interessantes e inovadoras construções humanas. Uma construção que foi capaz de garantir a paz, o crescimento económico e a democratização do Continente.

A continuarmos por este caminho, ainda veremos escrito algures:
"Aqui jaz a União Europeia, morta por inexistências políticas que a História recorda e não perdoa"

Mundo Árabe II


A Tunísia e o Egipto já caíram. A Líbia e o Bahrain estão periclitantes. Quem mais se seguirá nas revoluções populares do Mundo Áreabe?

Monday 21 February 2011

Civilidade na política


Nos últimos anos o discurso político tem-se tornado cada vez mais agressivo e o debate sobre diferentes soluções tem sido substituído por insultos pessoais e discussões sobre as falhas de carácter dos candidatos.

Embora os Estados Unidos pareçam merecer, de entre as democracias, o prémio para o discurso político mais violento o mal é comum, como se viu na última campanha presidencial em Portugal.

Para tentar travar a degradação do discurso político, os Ex-Presidentes Clinton e Bush pai acabam de dar o seu co-patrocínio à criação de um centro para a civilidade no discurso político, com sede no Arizona, que reúne individualidades de vários quadrantes políticos e profissões.

A política é naturalmente confrontacional - e ainda bem que o é, pois só através do debate de ideias podem os eleitores decidirem quais as soluções que mais lhes agradam - mas isso não significa que deva ser ofensiva e pessoal.

A política tem uma função necessária e nobre mas a percepção pública dos seus actores é francamente negativa. Certamente um discuros mais sereno, racional e bem educado poderá ajuda-la a recuperar alguma da sua dignidade.

Sunday 20 February 2011

A nobre arte de Talma


Se há coisa que São Paulo está muito bem servida é de espetáculos, nomeadamente de Teatros já que, por semana, são representadas umas 200 peças diferentes.

Semana passada fomos ver uma(s) encenação(ões) da(s) peça(s) de Alan Ayckbourn chamada(s) originalmente "The Norman Conquests" e, na versão brasileira, "Enquanto isso...", na imagem.

O conceito deste(s) espetáculo(s) é muito curioso. Uma história contada em 3 peças diferentes passadas num único fim-de-semana em locais diferentes da mesma casa (no jardim, na sala de estar e na sala de jantar) e com os mesmos 6 personagens.

Embora cada uma das peças possa ser vista independentemente das outras duas, só vendo o conjunto é que fica a perceber todas as pequenas histórias dentro da história. Nós vimos no sábado passado o que se passava na sala de jantar, na quinta-feira o que se passava no jardim e ontem o que se passava na sala de estar.

Para além da originalidade da ideia, o texto está muito bem adaptado para a língua portuguesa e para a realidade brasileira e os actores são óptimos, de tal forma que tanto a Margarida como eu temos pena que a(s) peça(s) se divida(m) em apenas 3 histórias e não em muitas mais.

Saturday 19 February 2011

O nosso Portugalinho


Segundo a BBC, Portugal não escapará a anos de austeridade, venha ela dos mercados ou do FMI. Será assim?

Avalanche de lama


O último balanço da tragédia que assolou a região serrana do Rio de Janeiro no início do ano é aterrador: a lama que correu serra abaixo a 180 Km/h deixou 902 pessoas mortas e 405 pessoas desaparecidas.

Citroen 2CV


O "The Guardian" deste sábado tem uma matéria sobre quartos de hotel bizarros - onde consta o da fotografia - que me lembrou o primeiro carro que tive: um Citroen 2CV encarnado com os "olhos" redondos.

O 2CV foi um dos carros mais famosos do mundo, desenhado para ser simples e resistente, aguentava todas as patifarias que lhe fizessemos sem pestanejar. O meu, por exemplo, andou pela praia sem qualquer dificuldade, nunca me deixou apeado e mesmo quando estava preguiçoso e com frio, bastava dar à manivela para que ele arrancasse imediatamente.

A única coisa a que não resistiu foi a um doido que furou um sinal em Lisboa e lhe arrancou a parte da frente toda.

Friday 18 February 2011

Borders


Li num jornal que a Borders, a segunda maior livraria americana, acaba de abrir falência.

Nos anos em que vivi em Bristol havia uma Borders enorme perto do Departamento de Política da Universidade na qual eu entrava todos os dias. Passei horas e horas de felicidade sentado nos sofás espalhados pelos dois andares da loja a ler e comprei centenas de livros, revistas, discos e filmes.

Embora não seja uma surpresa, já que a empresa havia fechado todas as livrarias na Europa há um ano, tenho sempre muita pena quando vejo desaparecer uma livraria, principalmente uma que fez parte dos anos muitíssimos bons que passei na Universidade.

Thursday 17 February 2011

Civilidade ou psicose britânica


Desde a sua formação que os Liberais-Democratas britânicos se batem pela mudança do sistema eleitoral que lhe é reconhecidamente adverso. Até agora, no entanto, nunca tinham conseguido ter força suficiente para colocar a questão na agenda política.

Tudo mudou quando os conservadores não conseguiram uma maioria absoluta nas últimas eleiçoes e necessitaram dos Lib-Dem para formar um governo estável. Naturalmente, os Lib-Dem exigiram a realização de um referendo sobre o sistema eleitoral, que terá lugar no próximo dia 5 de Maio. O acordo entre os dois partidos prevê, no entanto, que os Conservadores poderão fazer campanha contra a alteração do sistema vigente.

Ou seja, há dois partidos que formam o Governo do Reino Unido, que irá propor uma alteração fundamental do sistema eleitoral sujeita a referendo. Um desses partidos, os Conservadores, irão fazer campanha contra e o outro partido, os Liberais-Democratas, irão fazer campanha a favor.

Confuso? Mas há mais. Como é natural, o Partido Trabalhista, que forma o que se chamada a "Leal Oposição de Sua Majestade", ou seja, o maior partido da oposição, tem uma posição na matéria e acaba de anunciar que fará campanha a favor das alterações ao sistema eleitoral proposto por parte do governo e rejeitado por outra parte do governo.

Teremos, assim, um partido que forma a coligação que governa o Reino Unido e o maior partido da oposição a fazerem campanha a favor da alteração ao sistema eleitoral e o outro partido da coligação que apoia o governo a fazer campanha contra.

Em bom rigor, tudo isto configura um sistema civilizado onde a discordância num aspecto específico não invalida o trabalho conjunto em outros. Veremos, no entanto, que impacto terá a dinamica da campanha para o referendo na coesão interna da coligação.

Wednesday 16 February 2011

A ilha


Como tive oportunidade de contar aqui, o Consulado de Portugal em São Paulo, onde a AICEP está instalada, fica num baixio onde a água da chuva se concentra. Hoje choveu medonhamente nesta zona da cidade e o resultado é o que se vê na fotografia: a rua completamente submersa.

Como não segui o meu próprio conselho e não comprei as botas de borracha, eu e todas as pessoas que aqui trabalhamos estamos ilhados à espera que o nível das águas desça o suficiente para podermos ir para casa.

Sônia Menna Barreto


Ontem a Margarida e eu fomos vistar, pela mão do Ricardo Corrêa - responsável pela área cultural do Conselho das Comunidades Portuguesas em SP - a casa e o atelier de Sônia Menna Barreto, pintora surrealista e a única brasileira a ter uma obra encomendada pela Royal Collection da Casa Real Britânica.

Recebidos num ambiente familiar e muito simpático pela Sônia e pelo seu marido, pudemos ver vários originais espalhados pela casa, aprender algumas das técnicas que a Sônia utiliza, ver 3 obras em andamento no seu atelier e conversar sobre o seu processo criativo. Depois fomos jantar a um restaurante perto de casa deles, onde continuámos a falar de tudo e de nada.

Em particular, falámos sobre as relações entre Portugal e o Brasil, assunto que muito interessa aos nossos anfitriões, já que a Sônia é neta de portugueses e ela e o marido irão passar 3 semanas a percorrer o nosso País no próximo mês de Março.

Se até ontem a Margarida e eu eramos admiradores da pintora Sônia Menna Barreto, hoje somos igualmente devedores, a ela e ao seu marido, de uma das mais agradáveis noites que passámos desde de que chegámos ao Brasil.

Tuesday 15 February 2011

Tudo se sabe


Segundo o Público, a receita secreta da Coca-Cola teria sido publicada num jornal americano na década de 70, mas na altura ninguém terá percebido. Não sabendo nada de química, nunca percebi a razão pela qual ninguém era capaz de identificar os componentes da bebida.

Para que conste, ei-la:

Extracto líquido de folha de coca (sem a componente activa): 11,07 mililitros (mL)
Ácido cítrico: 90 mL
Cafeína: 30mL
Açúcar: 30 (medida desconhecida)
Água: 9,46 L
Sumo de lima: 0,946 L
Baunilha: 28,35 gramas
Caramelo: 42,525 gramas (a quantidade pode ser maior para dar cor)

O sabor secreto 7X (usa-se 60mL do sabor 7X por 18,927L de xarope)

Álcool: 240 mL
Óleo de laranja: 20 gotas
Óleo de limão: 30 gotas
Óleo de noz-moscada: 10 gotas
Coentros: 5 gotas
Néroli (extracto de flor de um citrino "parente" da laranja): 10 gotas
Canela: 10 gotas

Coisas que se ouvem VIII


O jogador de futebol Ronaldo, chamado "o fenómeno", anunciou ontem aos 34 anos que dava por terminada a sua carreira profissional. A principal razão, segundo o próprio, é uma disfunção da tiróide que o impede de emagrecer.

Preocupados com a ausência do jogador e não convencidos pela ciência médica, alguns torcedores lançaram uma petição que diz: "Ronaldo fica. Vai haver bolo!"

Sunday 13 February 2011

Agreed language


A história do Ministro da Índia nas Nações Unidas ter lido por engano o discurso do Ministro português e só notar que estava a ler o discurso de outro quando falou nas posições da União Europeia, recordou-me a primeira vez que, entusiasmado, participei numa reunião do Conselho Económico e Social da ONU em Nova Iorque.

Lembro-me bem do choque que foi a primeira vez que ouvi a expressão "agreed language": para ultrapassar um bloqueio numa resolução sobre juventude, o Delegado do Irão lembrou que havia "agreed language" na Declaração Final da Conferência de Pequim sobre as Mulheres e que bastava substituír "mulheres" por "juventude" para que tudo estivesse bem. Assim se fez e o Delegado do Irão foi considerado um excelente diplomata onusiano.

Uma vez que as Nações Unidas procuram resolver as questões por consenso, quando há algum assunto onde o acordo é complicado procura-se algum texto já acordado que possa ser utilizado para ultrapassar a dificuldade. Naturalmente, quanto mais difícil for a matéria em debate, mais se utilizará a "agreed language" até ao extremo de muitos dos textos da ONU serem semelhantes.

Na altura, fui confiar o meu desgosto à Peggy Kelley, uma alta-funcionária da Organização de origem norte-americana, que me disse que o papel da ONU é tentar encontrar soluções para os problemas do Mundo e se a "agreed language" é a forma de quase 200 Países com histórias, tradições, sistemas políticos, religiões e objectivos diferentes se entenderem sobre algum tema mais complicado, que assim seja.

Há quem diga que as Nações Unidas são ineficazes e que os seus textos não representam avanços no progresso humano, e muitas vezes assim é. Mas basta lembrar que foi com base nas Nações Unidas e nos seus textos obtidos com recurso à "agreed language" que Timor-Leste se tornou independente ou que há um texto codificado que proclama os Direitos Universais de todos os seres humanos, já para não falar nas milhares de pessoas que, por este Mundo fora e sob a bandeira da ONU, procuram ajudar os que mais sofrem.

Afinal, se o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Índia se sente bem a fazer um discurso escrito para o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, o ideal das Nações Unidas não será tão utópico como isso.

Saturday 12 February 2011

Teletrabalho


Não há muito tempo anunciava-se uma grande revolução no mercado de trabalho: graças à informática é à internet, as pessoas poderiam trabalhar de casa e problemas como o transito ou a relação trabalho-vida familiar seriam resolvidos.

Embora a revolução tenha ficado, em grande parte, no mundo das promessas algumas profissões - geralmente ligadas às tecnologias ou à criatividade - adaptam-se melhor às exigências do teletrabalho e muitos profissionais nessas áreas optaram por faze-lo. No entanto, muitas das pessoas que o fizeram começam a sentir o peso do isolamento, o que tem levado ao surgimento de empresas que fornecem espaços abertos, partilhados e ligados à internet, onde tele-trabalhadores independentes podem ver outras pessoas e mudar de ares quando se sintam tristes e sós.

A tecnologia não conseguiu ainda mudar a natureza humana. Somos seres sociais por mais rápida que seja a banda larga.

A familía cresceu e já não cabemos todos


Há tempos assisti à seguinte conversa entre dois empresários paulistas. Diz o primeiro: "agora que nasceu o meu neto, já não cabemos no helicóptero". Responde o segundo: "tive o mesmo problema e comprei um helicoptero óptimo de 12 lugares. Queres as referências?".

Uma conversa não tão bizarra se nos lembrarmos que São Paulo tem a maior frota de helicópteros privados do Mundo.

Friday 11 February 2011

By the People, of the People, for the People


O Egipto volta a lembrar-nos que há limites para o que as pessoas estão dispostas a aturar. Numa democracia, a zanga expressa-se nas urnas enquanto que numa ditadura a fúria acontece nas ruas.

Um por todos, todos por um


Your car is Japanese. Your vodka is Russian. Your pizza is Italian. Your kebab is Turkish. Your democracy is Greek. Your coffee is Brazilian. Your movies are American. Your tea is Tamil. Your shirt is Indian. Your oil is Saudi Arabian. Your electronics are Chinese. Your numbers are Arabic. Your letters are Latin. And you complain that your neighbour is an immigrant? - Zoe Brock

Tirado do facebook de uma amiga

Thursday 10 February 2011

Floresta Amazónica


Como se sabe, o Carnaval é um assunto muito sério no Brasil pelo que há samba e desfiles desde Sábado de Carnaval até Quarta-feira de Cinzas, durante os quais há Fim-de-semana e feriados. Como nem a Margarida nem eu somos (por enquanto) muito carnavalescos, vamos aproveitar esses dias para ir visitar a Floresta Amazónica.

Uma vez que ficaremos alojados num "Eco-Lodge" à beira do Rio Turumã, a uma hora de Manaus, o nosso programa inclui umas caminhadas pela floresta, uma saída noturna para ver jacarés, uma visita a um centro de protecção de macacos e umas horas a pescar piranhas.

Para além destas actividades mais aventurosas, vamos ainda fazer uma visita por barco a Manaus, incluíndo o encontro das águas, um fenómeno muito curioso já que, por diferenças de temperatura, densidade e velocidade de correntes, os rios Negro (cuja água é escura) e Solimões (cuja água é barrenta) correm lado-a-lado durante 6km sem se misturarem.

Claro está que estes dias de "aventura" são ultra-controlados e não há memória de turistas terem sido comidos por piranhas ou jacarés, mas não deixa de ser diferente e divertido passar uns dias instalado na maior floresta do mundo.

Wednesday 9 February 2011

Muito obrigado


O verão em São Paulo está a ser inclemente, com temperaturas sempre para lá dos 30ºC e uma humidade medonha que se cola à pele. Tanto assim é que no último fim-de-semana a Margarida e eu fomos 3 vezes ao cinema - onde o ar condicionado funciona bem - em 2 dias.

Qual não foi a nossa alegria e espanto quando o nosso senhorio nos informou que gostaria de melhorar a nossa qualidade de vida e que, portanto, iria mandar instalar um ar condicionado lá em casa.

Aos poucos a nossa vida nas Terras de Vera Cruz vai ficando mais confortável e a generosidade do nosso senhorio muito contribui para isso.

E somos milhões


Tirado do facebook de uma amiga

Monday 7 February 2011

D. Carlos Ximenes Belo


D. Ximenes Belo ganhou o Prémio Personalidade Lusófona do Ano 2010.

Tive o prazer de conhecer D. Ximenes em Timor-Leste no muito conturbado e confuso outono de 2006, quando andávamos todos - a ONU, o Banco Mundial, a Cruz Vermelha Internacional e algumas dezenas de ONGs, entre as quais o Club de Madrid cuja missão em Dili eu coordenava - a tentar que os principais actores timorenses pusessem de lado as suas animosidades pessoais e se sentassem para procurarem resolver a crise de 2006.

A certa altura, convenci-me que a única pessoa que teria influência sobre os dois principais protagonistas da crise seria D. Ximenes que, à época, vivia em Roma e muito contente fiquei quando soube que o ex-Bispo de Dili acabara de chegar a Timor. Através de contactos no Governo Timorense, consegui um encontro a dois com D. Ximenes. Depois de algumas alterações ao local onde nos encontraríamos devido à violência que grassava nas ruas de Dili naquela manhã, fui levado a uma sala modestamente mobilada onde encontrei D. Ximenes sentado, sozinho, com um ar triste e abatido.

Cumprimentou-me distraidamente e eu tentei discutir a situação de Timor mas D. Ximenes parecia pouco interessado. O silêncio só se quebrou quando o informei que eu havia sido aluno do Colégio Salesiano de Lisboa - ordem religiosa à qual D. Ximenes Belo pertence - o que lhe provocou um sorriso triste e o comentário de "a família encontra-se".

Depois de alguns momentos mais em silêncio, D. Ximenes disse, mais para ele próprio do que para mim, que não compreendia a violência que Timor Leste vivia. Depois de anos a lutar pela independência, disse ele, agora os Timorenses lutavam uns contra os outros. Depois contou-me que tivera que mudar o local do nosso encontro pois havia combates no mercado de Comoro (a leste de Dili) e que nem ele estava a salvo. A nossa conversa, ou o seu monólogo, acabou pouco depois e eu nunca mais vi D. Carlos Ximenes Belo.

Tenho a certeza que se D. Ximenes lesse este post, não se lembraria de nada, mas eu nunca mais me esqueci do óbvio sofrimento que ele vivia, sozinho naquela sala mal iluminada, enquanto Timor-Leste ardia.

Sunday 6 February 2011

Multiculturalismo


Uma das coisas que mais gosto no Reino Unido é o facto de pessoas de todas as partes do Mundo, todas as religiões, todas as línguas, todas as tradições e opiniões conviverem pacificamente nas ruas das cidades britânicas. E o facto de o Estado procurar acomodar as tradições de cada um, desde que isso não signifique prejudicar os outros. Em suma, o seu modelo multicultural.

Como é óbvio, multiculturalismo não significa violar a lei vigente. Significa, isso sim, que em tudo que a lei não regule, cada um possa fazer como bem lhe aprouver, mesmo que isso seja o oposto do que estamos habituados a ver.

A de boa memória


Tinhamos nós acabado de chegar ao Brasil, quando uma senhora dos seus 80 anos nos perguntou, num supermercado, se eramos "lusitanos". Confirmada a nossa origem, a senhora disse-nos que o seu pai também o era, tendo emigrado para o Brasil em 1934 e que, embora ela própria nunca tivesse ido a Portugal, gostava muito do nosso País e via todas as manhãs a Praça da Alegria na RTPi com o "aqueles meninos, o Jorginho (Jorge Gabriel) e a Sôninha (Sónia Araújo).

Ontem, num outro supermercado do mesmo bairro, a mesma senhora olhou para nós perguntando se nós eramos os mesmos "lusitaninhos" e, pela conversa que se seguiu, ficou absolutamente claro que se lembrava de todos os detalhes de um encontro que tinha durado uns 30 segundos numa fila de supermercado há 4 meses com umas pessoas que nunca tinha visto antes.

Saturday 5 February 2011

O sonho de um arquitecto


Brasília, para quem nunca lá foi, é uma cidade muito peculiar. Mandada construír pelo Presidente Jucelino Kubichek em resposta a um imperativo constitucional, representa o sonho de qualquer arquitecto: desenhar uma cidade completamente nova, sem qualquer restrição orçamental, num lugar onde nada existia.

O resultado é, ao mesmo tempo, monumental e desconcertante. Se por um lado o conjunto aquitectónico é muito conseguido, os principais edifícios são arrojados e muito bonitos e há uma lógica espacial na arrumação das zonas de cidade - zonas dos Ministérios, zona dos Hotéis, zonas das Embaixadas, zonas comerciais, zonas habitacionais, etc. - por outro lado, a cidade não foi pensada para ser habitada: quase não há passeios e cruzamentos, as distancias são enormes, quase não há sombras para nos protegermos do sol impiedoso do Planalto Central e praticamente não há serviços fora das respectivas zonas delimitadas.

Ao desenhar a sua obra maior, Oscar Niemeyer criou uma cidade única e organizada mas esqueceu-se de um pequeno detalhe: as pessoas têm que lá viver e trabalhar.

Alegrias democráticas republicanas


Nos três últimos dias estive em Brasília para um conjunto de reuniões em vários Ministérios e organizações representativas da actividade económica brasileira.

Numa dessas reuniões, enquando subia para o último andar de um dos ministérios que visitei, abriu-se a porta do elevador e entraram dois funcionários com várias molduras debaixo do braço. O primeiro levava as fotografias oficiais do ex-Presidente Lula da Silva acabadas de retirar dos vários gabinetes e salas do edifício enquanto que o segundo carregava as fotografias da nova Presidente Dilma Rousseff que substituíam as primeiras.

O Presidente Lula da Silva deixou o poder com 86% de aprovação e, caso pudesse e quisesse, seria certamente re-eleito pelo povo brasileiro, mas numa República democrática todo o poder é efémero, mesmo aquele que é apreciado.

E, sem dramas nem angústias, lá se foram as fotografias do anterior Presidente para o armazém.

Wednesday 2 February 2011

São Paulo Fashion Week


Um dos mais importantes eventos do calendário da moda Sul Americano é a São Paulo Fashion Week, que entrou este ano na sua 15ª edição. Ao longo da semana têm passado pelo Pavilhão da Bienal do Ibirapuera os principais criadores brasileiros, centenas de profissionais do sector e jornalistas.

Dentro do programa da SPFW, fui assistir esta tarde à apresentação da colecção de Outono-Inverno da Ana Salazar, a única criadora estrangeira que participou nesta edição, que foi muito bem recebida pela público presente. Para quem, como eu, nada sabe de desfiles de moda, o que mais me espantou foi a velocidade com que tudo aconteceu, já que em 12 minutos contados pelo relógio, 25 modelos mostraram o trabalho de 3 meses.

Terminado o desfile, fui aos bastidores cumprimentar a criadora, que me pareceu uma mulher simpática e agradável. Pude também ver o que se passa por trás da cortina de um desfile de moda: numa sala aberta, vi vários cabides longos com os nomes das modelos onde estão penduradas as roupas e acessórios que cada uma irá usar, um maquilhador e um cabelereiro a postos. Tudo com um ar profissional e eficiente e nada luxuoso ou sequer confortável.

A alta moda portuguesa está bem e recomenda-se na São Paulo Fashion Week.

Tuesday 1 February 2011

Brasília


Entre amanhã e sexta-feira estarei em Brasília para um conjunto de reuniões com membros do novo Governo brasileiro, agências federais e organizações privadas ligadas à actividade económica.

Sendo esta a minha primeira visita à capital do Brasil, tenho igualmente curiosidade em ver uma cidade desenhada a régua e esquadro por Oscar Niemeyer, o mais conceituado arquitecto brasileiro.

Boas notícias


Foi ontem anunciado que a taxa de assassinatos em São Paulo caiu em 2010 para 10,3 por cada 100 mil pessoas, uma diminuição de 5% em relação a 2009 e de cerca de 70% desde 1999, sendo a maioria desses assassinatos relacionados com o trafico e consumo de drogas.

Estes números, que são os melhores das grandes cidades brasileiras, levou a ONG suíça Small Arms Survey a considerar que a Cidade de São Paulo já não se distingue negativamente de outras grandes metrópoles mundiais.

Não quer isto dizer que se viva no Mónaco ou no Palau - onde em 2010 não houve qualquer assassinato - e que não haja razões para sermos cuidadosos, mas são muito boas notícias para os milhões de pessoas que todos os dias circulam por São Paulo.

Vivendo pelado pintado de verde ou, no caso, de encarnado


A floresta amazónica é tão grande que lá caberiam 14 países europeus. Não será grande surpresa, portanto, que haja zonas onde o Séc. XXI tal como o conhecemos não tenha chegado e existam pessoas que nunca entraram em contacto com outras pessas que não a sua tribo.

Recentemente a FUNAI - Fundação Nacional do Índio, identificou a tribo na fotografia numa zona remota do Amazonas. Pelas fotografias e observações feitas desde um avião, a tribo vive da generosidade da selva e da caça e nunca terá tido contacto directo com ninguém que não os próprios ou, eventualmente, outros povos da floresta.

Quantos mais segredos guardará a floresta amazónica?