O deus do Funcionalismo Público

Quem não se lembra de Sir Humphrey Appleby, Chefe do Funcionalismo Público britânico nas séries Sim, Senhor Ministro e Sim, Senhor Primeiro Ministro?

Embora Sir Humphrey seja uma personagem de ficção, o lugar de Chefe do Funcionalismo Público existe e é uma das mais poderosas figuras do sistema administrativo e político britânico. O seu ocupante actual é Sir Gus O'Donnell, identificado comumente pelas suas iniciais, ou seja, GOD!

Richard Little

Richard Little, Professor do Departamento de Política da Universidade de Bristol, acaba de ser nomeado Fellow da British Academy, uma grande distinção no mundo científico e académico britanico.

Segundo a nota da Universidade, a "British Academy, (is) the national academy for the humanities and the social sciences responsible for promoting research and scholarship in all branches of humane and social studies.

Emeritus Professor Richard Little (...) has been elected in recognition of his outstanding contributions to international relations theory. His most recent book provides a reassessment of the role played by the balance of power in international politics and he is currently working on a book that examines the historical evolution of the international society.

His research interests over the past 40 years have ranged from an analysis of foreign aid allocation to an historical investigation of external interventions into civil wars. For the past 20 years his research orientation has primarily focused on the examination of international relations from a world historical perspective."

Para além do brilhantismo intelectual e do contributo impar para a Teoria das Relações Internacionais, Richard Litlle é um excelente professor, sempre pronto a ouvir e dialogar com os alunos, a incentivar quando as coisas parecem estar a correr mal e a aconselhar quando não se sabe o que fazer.

Tive o gosto e o prazer de conversar e de muito aprender com ele durante os anos que estive em Bristol e fico muito satisfeito por ver o seu trabalho reconhecido, uma vez mais, pelos seus pares.

Já falta tão pouco

Estou quase a deixar Londres: dia 30 de Setembro às 23H30 embarco em Heathrow.

Boas memórias de óptimos anos.

Está quase

Estou quase a chegar ao Brasil: desembarco em São Paulo às 5 da manhã de sexta-Feira dia 1 de Outubro.

Vida nova e novos desafios.

Este fim de semana entro em férias. Depois de um ano longo e trabalhoso, ainda não "percebi" que vou estar o mês de Agosto todo de papo para o ar.

Dividimos as férias em 3 partes:

A primeira semana vamos para o País de Gales, visitando o Parque Natural de Breacon Breacons em Mid-Wales, onde pretendemos andar a pé por montanhas e vales.

A segunda semana, ficaremos em Londres a passear e a ver alguns museus e exposições que nos faltam.

E os últimos 15 dias vamos para o Algarve.

Prometo, daqui a uma semana, novidades e fotografias do País de Gales.

Boys and their toys (e muitos negócios também)

Na sequência da criação do Cluster Aeronáutico Português, a AICEP organizou a primeira presença nacional na Feira Internacional de Aeronautica de Farnborough, a sudeste de Londres, com 36 empresas e organizações nacionais ligadas ao sector.

Para além dos milhões de dólares em negócios que se fizeram durante a semana toda, a Feira da Farnborough organiza apresentações de aviões e actividades relacionadas, incluíndo o gigantesco A380 da Airbus que, sendo o maior avião presente é também o mais silêncioso,


o bombardeiro americano B52


e caças

Para além de ter passado uma semana muito divertida, se bem que cansativa, e de ter ficado com uma noção dos valores que este sector representa para as economias nacionais, fiquei igualmente ciente do muito que a investigação aeroespacial militar contribui para o desenvolvimento da aviação civil.

Que belo dia

Hoje é o Dia Mundial Nelson Mandela. Bem podia ser o Dia-Mundial-Se-Fossemos-Todos-Assim-O-Mundo-Era-Bem-Melhor.

Liberdade, Igualdade e Fraternidade

Na sequência da aprovação pela Camâra de Deputados Francesa de uma lei que proíbe a utilização pública de véus islâmicos que cubram a cara, um deputado britânico apresentou uma proposta semelhante.

No entanto, o Ministro responsável pela Imigração, Damian Green, rapidamente encerrou o assunto dizendo que numa sociedade tolerante e respeitadora como a britânica, o Estado regular como é que alguém anda vestido na rua, seria a "rather un-british thing to do" e acrescentou que, contrariamente à França, o Reino Unido não é "agressivamente secular".

Esta questão parte de três debates mais profundos e importantes:

1. Será o véu islâmico uma violação da liberdade individual das mulheres que só o usam por imposição familiar ou social ou será será uma opção pessoal de aceitação pública de uma religião? E, mais importante, como proteger as mulheres que são forçadas a usar o veu, sem violar os direitos das que optam livremente por faze-lo?

2. A integração dos emigrantes nas sociedades de acolhimento deverá passar pela imposição de leis de adaptação destes aos costumes locais ou devemos apenas exigir que as leis gerais e abstractas de aplicação universal sejam respeitadas, sem nos preocuparmos com os habitos e tradições de grupos particulares?

3. Qual deverá ser o ponto de equilíbrio entre a segurança colectiva e a liberdade individual?

Um blog não é o local indicado para discutir estes assuntos com a profundidade exigida mas, como regra geral, prefiro uma sociedade que me deixa fazer e usar o que eu queira do que uma sociedade que acha que sabe o que é melhor para mim.

Um novo paradigma energético?

Ao fim de quase 3 meses do correspondente a 35 a 60 mil barris de petróleo a vazarem diariamente no Golfo do México, finalmente uma boa notícia: a BP acaba de anunciar que conseguiu conter a fuga, embora seja necessário garantir que a solução encontrada aguenta a pressão do petróleo sem romper no chamado "efeito da rolha da garrafa de champanhe".

Ainda é cedo para contabilizarmos os custos ecológicos e económicos na região e, mais a longo prazo, seu impacto no paradigma energético americano. Mas parece certo que este desastre teve e terá consequências na política e na opinião pública dos Estados Unidos, País que, por si só, consome 25% do petróleo mundial.

Seja como for, as coisas mudaram fundamentalmente nos últimos 3 meses. Falta saber se assistimos ao princípio do fim da era do petróleo.

No lugar certo na hora errada

A Universidade de Bristol, onde passei 4 anos e meio a fazer o doutoramento, procura, a exemplo de outras Universidades espalhadas pelo Mundo, manter laços estreitos com os seus ex-alunos, através de um organismo chamado a Congregation.

Para além de organizar encontros entre os seus membros, promover Bristol nos meios onde os ex-alunos se movam e procurar obter fundos para ajudar o desenvolvimento da Universidade, a Congregation tem um papel formal no Governo da Universidade, ocupando lugares no Senado e em várias comissões e grupos de trabalho.

Recentemente fui sondado pela direcção da Congregation para me candidatar a membro do Senado da Universidade para o próximo quadriénio. Como não estarei no Reino Unido, tive, com muita pena, que recusar.

Para além do prestígio da Universidade e do orgulho que tenho em ser considerado pela Congregation para representar os ex-alunos no Governo da Universidade, seria uma forma de retribuir a Bristol os anos muito felizes que lá passei, o muito que lá aprendi e as portas que me abriu. Infelizmente, o timimg do convite não poderia ser pior.

Resignações

Há coisas que gostaria de fazer mas que acho que não farei. Como não sou milionário nem astronauta, estou resignado, com pena, a nunca viajar no espaço.

A cidade só para mim

Como não sou Espanhol ou Holandes, não gosto de futebol e a minha televisão está estragada, ontem fui ao ginásio e ao cinema. No primeiro estavam umas 15 pessoas e apenas duas na piscina e no segundo contei 10 pessoas ao todo.

É pena que não haja finais da Taça do Mundo todos os dias...

Outra batalha vencida?

Quando o HIV-SIDA apareceu na década de 80, a taxa de mortalidade era de praticamente 100% e a ignorância e medo social à volta da doença eram igualmente avassaladores. Com o passar dos anos, tanto as terapias como o conhecimento sobre o virus e o SIDA foram aumentando, até que, nos países desenvolvidos, a doença tornou-se controlável, desde que os doentes sigam uma terapia exigente e as pessoas saudáveis evite comportamentos de risco.

O mesmo não acontece em países menos desenvolvidos, onde o HIV-SIDA continua a matar milhões de pessoas por ano, sem olhar a idade, género, hábitos sexuais ou sociais.

Para os milhões de pessoas, que sofrem da doença, tanto os que têm acesso a terapias como aqueles que nada podem fazer para a controlar, há hoje uma boa notícia: investigadores americanos acreditam ter descoberto um mecanismo que permitirá desenvolver uma vacina para o HIV-SIDA.

Há dias em que recuperamos a fé na ciência e em que o Mundo e a vida ficam um pouco menos difícies.

Leituras brasileiras

Para me preparar para o que me espera em Outubro, tenho a mesa de cabeceira e a mesa do meu gabinete cheias de livros, relatórios e artigos sobre o Brasil. Entre relatórios económicos, um exemplar do plano federal de investimento público em infraestruturas - a que se juntarão rapidamente os planos de investimento para a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos -, estudos sociológicos sobre o Brasil e o seu povo e roteiros culturais e turísticos, estou também a ler o livro do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso chamado "A Arte da Política".

Com graça na escrita, capacidade analítica reconhecida e profunda bagagem científica e académica, FHC descreve e comenta o seu percurso político ao mesmo tempo que conta, com o conhecimento de quem esteve por dentro de cada decisão, a história recente do Brasil tal como ele a vê.

Antecipando a minha ida para São Paulo, este livro de FHC é um bom exemplo de alegria no trabalho.

O meu Avô Ivo Cruz no City of London Festival

Todos os anos há um grande festival de música na City of London subordinado a um tema qualquer. Este ano é a música de origem em países de língua portuguesa, à mistura com outras peças mais universais. Assim, hoje fui a Saint Mary Oldermary, uma igreja no centro da City, ouvir um recital de piano.

No programa, dois noturnos de Chopin, dois andamentos de um concerto para piano de Beethoven e duas peças para piano do meu avô Ivo Cruz, nomeadamente as Homenagens a Strauss e a Falla.

Embora eu não seja o maior fã da musica do meu avô, que considero muito moderna (sendo certo que nasci em 1968 e ele em 1901) muito gostei de ouvir a música escrita pelo avô Ivo a ser tocada no London City Festival e a receber vivos aplausos da audiência presente.

E agora, Brasil

Como algumas pessoas já sabem, em Outubro assumirei a direcção do Centro de Negócios da AICEP da América do Sul, com sede em São Paulo. É um grande desafio, numa das mais vibrantes economias do Mundo e num dos mais importantes parceiros que Portugal tem.


Para mim será o regresso a uma cidade que deixei há quase 30 anos. Para a Margarida será uma estreia na maior cidade da América do Sul e uma das maiores cidades do Mundo. Para ambos será, sem prejuízo para as novidades que nos aguardam, uma triste despedida de Londres.

Em casa longe de casa

Este Fim de Semana fomos para Bristol o que é sempre como voltar a casa. Mas, pela primeira vez, sentados no parque de Clifton College (na fotografia), chegámos à conclusão que entre Londres e Bristol, preferimos Bristol.

O folclore XXX

Segundo o Estado de São Paulo, jornal respeitado no Brasil, o Primeiro Ministro italiano participou numa festa privada com 6 bailarinas exóticas durante a sua visita oficial ao Brasil. Já o gabinete de Belusconi tem outra versão para a festa: tratou-se de uma apresentação de folclore tradicional brasileiro...

O sonho liberal

O governo britânico, através do Gabinete do Vice-Primeiro Ministro Nick Clegg, acaba de lançar um vasto programa de eliminação de legislação em vigo procurando aumentar a protecção das liberdades individuais. Assim, serão eliminadas as leis que prevêm a criação de Bilhetes de Identidade e a legislação anti-terrorista será severamente limitada, incluíndo a utilização de base de dados de DNA, de circuitos fechados de televisão e as condições em que alguém pode ser detido por suspeita de actividades terroristas.

Serão igualmente eliminadas leis que dificultem injustificadamente a boa condução de negócios ou que criem burocracias desnecessárias e, para além disso, o programa irá ainda eliminar leis em vigor mas completamente desactualizadas, como a lei que considera ser uma acto de traição colar um selo com a imagem do Soberano de cabeça para baixo ou que proíbe comer uma tarte no dia de Natal.

Finalmente, foi criada uma página na internet onde o público pode sugerir leis que devem ser eliminadas e que serão consideradas, ou não, pelo governo.

O equilíbrio entre liberdade e segurança, sempre difícil de encontar, foi profundamente afectado desde os ataques a Nova Iorque e Washington, Londres e Madrid. Este programa, que não é particularmente popular junto de alguma imprensa sencionalista ou de membros do anterior governo, procura re-equilibrar os pratos da balança.

Veremos quão populista este debate se tornará.