Friday 27 February 2009

Todas as noites desde 1340

Quarta-feira à noite fui com a Margarida a uma recepção no Museu dos Fusileiros Reais na Torre de Londres, organizada pelos "Friends of the British Cemetery, Elvas, Portugal", onde estão enterrados os soldados britânicos que morreram na Batalha de Albuera, durante as guerras peninsulares. A recepção destinava-se a obter fundos para a recuperação da Capela de S. João da Corujeira, à entrada do cemitério.

Para além dos discursos costumeiros destas ocasiões, esta recepção teve dois momentos altos: o primeiro foi uma rifa onde, entre vinhos, livros, discos e estadias em hotéis em Portugal, podia-se ganhar... uma sessão de um tratamento para clarear os dentes em Elvas!!!! Imagino o pobre bife que ganhou este maravilhoso prémio a caminho de Elvas para ir ao dentista. Vai sair-lhe caro o sorriso novo.

O segundo momento alto foi termos assistido à Key Ceremony, quando a Torre de Londres é fechada para a noite. Não vou descrever a cerimónia, cheia de significados e momentos peculiares, mas aconselho a verem o link em baixo que até videos tem. Posso dizer que vale a pena assistir e que, como em todas as cerimónias militares, há uma dignidade inerente que não deixa ninguem indiferente.

http://www.trooping-the-colour.co.uk/keys/home.htm

Tratando-se do Reino Unido, há sempre qualquer particularidade a acrescentar. Neste caso, é o facto de a cerimónia ter lugar todas as noites há quase 700 anos e, tanto quanto se sabe, só em Setembro de 1942, quando a Torre foi atingida por 3 bombas incendiárias alemãs a meio do processo, houve um atraso de 3 minutos, o que levou o responsável a escrever ao Rei a pedir desculpas. O Rei, considerando que o atraso se deveu a acção inimiga, não o castigou mas recomendou que não voltasse a acontecer.

Monday 23 February 2009

Partir por acaso e mudar o Mundo

Hoje à hora do almoço fui ver uma exposição no Museum of Natural History comemorativa dos 200 anos do nascimento do Darwin, chamada "The Big Idea".

A exposição começa com a viagem do Beagle, mostrando o que Darwin viu nos 5 anos que deu a volta ao mundo e vai até à publicação da "Origem das Espécies", explicando no que consiste a "Teoria da Evolução" e o debate que (ainda hoje) provoca mais do que acaloradas discussões. Aliás a exposição critica o "Design Inteligente" por não ser científico e cita o Papa João Paulo II que disse que a Teoria da Evolução "é mais do que uma hipótese" e fez uma vigorosa defesa do Método Científico.

Um aspecto que aparece na exposição (embora muito ao de leve), é o papel do acaso (ou do destino). Darwin tinha 22 anos quando partiu no Beagle, tendo sido escolhido porque não havia mais ninguém que pudesse fazer aquela viagem. E por pouco que não ficou em terra, já que o seu Pai não lhe deu autorização para embarcar pois queria que Darwin fosse Pastor da Igreja de Inglaterra. Só a influência do Tio de Darwin o fez mudar de opinião. Imagino que se não tivesse sido Darwin, outros teriam chegado às mesmas conclusões (havia outros estudos que apontavam na mesma direcção), mas o que é certo é que não foram outros que explicaram como é que a vida na Terra evolui.

Mas, acima de tudo, a exposição vai-nos apresentando, com base no diário da viagem, nos cadernos de notas e nas cartas que Darwin escreveu, a evolução das perguntas e das respostas que levaram a novas perguntas e a novas respostas e assim por diante até mudar o Mundo.

Sai-se do Museu maravilhado pela excelência do Método Científico, esmagado pelo brilhantismo de Darwin e a matutar na pergunta que a Exposição nos coloca: Se chegassemos a uma resposta que contraria tudo o que a Sociedade acredita, o que fariamos?

Friday 20 February 2009

Onde andamos nós



A fotografia da Terra à noite, uma montagem feita pela NASA - não há nuvens e nunca é noite em toda a Terra ao mesmo tempo - mostra como nos espalhamos no Mundo (mesmo tendo em consideração que há zonas onde não haverá luz eléctrica): Europa (mais ocidental do que oriental), Norte de África, Mediterraneo Oriental, America do Norte (mais Estados Unidos do que Canada), America Central, Sudeste do Brasil, India, Japão e Sul da China. Há também cidades na Austrália, África do Sul e Nova Zelandia. E ainda duas linhas de luzes no Egipto e na Rússia que seguem o Nilo e o percurso do Transiberiano.
Por outro lado, há zonas com pouca actividade humana, como África, Norte do Canada, estepes russas, interior da América do Sul, interior da Austrália e o Sudoeste Asiático.
Estamos colectivamente onde podemos viver melhor, agregados nas cidades e perto de vias de comunicação. Somos criaturas de hábitos.

Thursday 19 February 2009

Queijos e mais queijos

O melhor presente de Natal que recebi em 2008 (com a devida vénia para todos os outros) foi uma prova de queijos, oferecida pela minha Mulher, como se de uma prova de vinhos se tratasse. Para quem tiver curiosidade, ver http://www.nealsyarddairy.co.uk/cheeseclasses.html

Havendo vários temas à escolha, inscrevi-me na "Science of Tasting" que explica os princípios que devemos obedecer quando comemos queijos. A prova foi dirigida por um jornalista que escreve sobre queijos e vinhos e à nossa frente estava um prato com blue cheese, 2 cheddars, brie, um espécie de queijo da serra (mas não tão bom) e um queijo branco e 5 copos contendo vinho branco, vinho tinto, vinho doce, sake e cerveja.

Depois de nos explicar a composição quimica básica dos queijos e o que faz um queijo ser diferente dos outros, fomos todos devidamente enxovalhados por (1) comermos todos os tipos de queijo com vinho tinto e (2) servirmos queijos depois ou no lugar da sobremesa.

Quanto a (1) aprendi que os queijos muito fortes devem ser comidos com vinho doce ou mesmo com cerveja para que os componentes quimicos do queijo e do vinho tinto não se choquem e que a capa branca dos queijos como o brie e o vinho tinto não se toleram mas que o "miolo" e o tinto são muito amigos. Sake vai muito bem com cheddars e vinhos brancos são óptimos com Queijo da Serra e similares.

Quanto a (2) aprendi que uma tábua de queijos será muito melhor se for servida como entrada e não depois de termos assaltado os sentidos com entrada, prato e sobremesa.

Aprendemos também que queijos fumados são queijos que tiveram problemas (não de qualidade mas de sabor) no processo de fabrico e que se não fossem fumados, não saberiam bem.

Um noite muito bem passada!

Tuesday 17 February 2009

Ir sabendo de Portugal

Vivendo fora de Portugal a maior parte desta decada, habituei-me a ler os jornais na internet e, muitas vezes, a ler igualmente os comentarios de outros ciber-leitores. Como e natural, ha comentarios com os quais concordo mais, outros com que concordo menos e alguns que nao concordo de todo. Mas o que mais me espanta e a quantidade de comentarios que se limitam a insultar quem escreveu antes. Como se alguem discordar de alguem fosse uma ofensa pessoal e nao o facto, normalissimo, de haver mais do que uma opiniao sobre o mesmo assunto.

Sem razão ou com ela

Não sei bem porque comecei este blog, nem espero que alguem o siga. Servirá para escrever o que me apetecer quando me apetecer. Mas há coisas que, de tempos a tempos, gostaria de dizer, sem me preocupar com regularidade ou temas.

Bem vindo, caro leitor (se houver um) ou leitores (se houver mais do que um) aos comentários, histórias e fotografias que, da Velha Albion, enviarei.