Monday 31 October 2011

Monday 17 October 2011

Adeus, até ao meu regresso (dia 31 de Outubro)

Entre a diferença horária, o preço do roaming e a falta de hotspots de wi-fi em Timor, vou estar até dia 30 de outubro mais ou menos incomunicável. Até lá, desejo a todos umas boas duas semanas.

Sunday 16 October 2011

Manifestações dos Indignados

Entre as muitas coisas que nos fazem falta colectivamente, conta-se a vontade e oportunidade de participarmos no debate público e na condução da coisa pública. Por isso, tenho toda a simpatia para movimentos pacíficos da sociedade civil, sejam a chamada "geração à rasca" ou agora "os indignados". Acresce que não falta matéria para alimentar um contributo sério e consequente dos movimentos da sociedade civil.

Igualmente interessante para a participação da sociedade civil é constatar que estes movimentos surgem com a força das convicções e desaparecem com a velocidade do acomodamento sem deixar grandes contributos para o debate futuro. Quais foram as propostas da "geração à rasca"? O que é feito deles? O que se passará com "os indignados"? 

Sendo certo que as propostas utópicas recorrentes nestas manifestações - como acabar com os bancos ou outras patetices - são giras para o telejornal mas contribuem pouco ou nada para melhorar a qualidade de vida das pessoas, não deixo de achar interessante a frequência com que ultimamente temos abandonado o nosso conforto individual para mostrar interesse no nosso futuro colectivo.

Será a crise o embrião de uma sociedade civil mais activa e vibrante? Não nos faria mal se assim fosse.

A culpa é do Spielberg

Estatisticamente há 1 hipótese em 264.1 milhões de alguém morrer por causa por causa de um ataque de um tubarão e há 1 hipótese em 18 milhões de se ganhar a loteria ou, igualmente interessante, morrem 2.18 pessoas por ano esmagadas por máquinas de venda automática enquanto que por ataque de tubarões são apenas 0.6 pessoas.

Mas o Spielberg nunca fez um filme sobre o terrível ataque da máquina de refrigerantes...

E os Tios também!

Tirado do facebook de uma amiga

Amadeus

Ontem fui ver "Amadeus" que está em cena no Teatro D. Maria II. Conhecendo a peça, não só pelo excelente filme de Milos Forman (1984), mas igualmente por ter visto uma versão em Nova Iorque com David Suchet (o Poirrot de milhares de versões televisivas do detective belga) a fazer de Salieri, ia com expectativas moderadas.

Erro meu. Uma encenação óptima (batendo de longe a encenação de NY), um ritmo conseguido e alguma liberdade criativa inteligente em relação à versão cinematográfica foram surpresas agradáveis.

Mas o mais agradável foi ver Diogo Infante em palco. As transições entre o Salieri novo e o Salieri velho - feitas à nossa frente - o ritmo do discuros, a graça quando graça era necessária, o dramatismo quando o drama se impunha e os vários monólogos dirigidos a Deus e aos espectadores durante as quase 2 horas em que ele está palco, são o sustentáculo de uma excelente noite no Teatro.

Citando a inesquecível velhota de "O Pai Tirano", isto é teatro e do bom!

 

Lisboa 15 de Outubro de 2011

Ontem, já bem entrados no outono, tive que terá sido um dos melhores dias de praia do ano, se não mesmo o melhor. Sol quente, sem qualquer vento, mar chão, água transparente e à temperatura ideal e uns 15 minutos de caminho entre a Costa da Caparica e a minha casa. Não se podia pedir mais.

Friday 14 October 2011

O milagre matinal

À volta da minha casa, praticamente por qualquer dos caminhos que eu possa fazer para ir trabalhar, existem 3 escolas com alunos pequenos, o que significa uma longa fila de carros parados com pais a deixarem as crianças. E mesmo nos casos em que as crianças são rápidas a sair do carro e já têm idade para entrarem sozinhas na escola, há sempre uma paragem-tirar o cinto de segurança-agarrar a mochila-abrir a porta-fechar a porta-seguir viagem.

Quando as crianças têm que ser acompanhadas à escola, este movimento multiplica-se em paragem-desligar o carro-tirar o sinto-abrir a porta-fechar a porta-dar a volta ao carro-abrir a porta-tirar a criança da cadeirinha-pegar na mochila-tirar a criança e a mochila do carro-fechar a porta-levar a criança à escola-voltar para o carro-abrir a porta-entrar no carro-fechar a porta-por o cinto-ligar o carro-partir. Uff.

Qual é o segredo deste movimento perpétuo e constante? descobri-o hoje. É o-milagre-do-desaparecimento-do-carro-quando-se-ligam-os-quatro-piscas. Um pai demorado levou uma buzinadela de outro carro apressado e, olhando para o outro condutor, disse: Eu liguei os quatro piscas!!

E pronto! Não se fala mais no assunto. Nem Siegfred e Roy (dois mágicos alemães dos anos 80 que se especializaram em fazer desaparecer elefantes) seriam capazes de tamanho feito.

Thursday 13 October 2011

Serviço público

Algures nos Estados Unidos.

Sandokan

Uma vez que volto para os mares do Pacífico Sul, resolvi reler as aventuras de Sandokan, o Tigre da Malásia e do seu melhor amigo, o português Gastão de Siqueira (na edição da Romano Torres) ou o Eanes (noutras edições).

Criado por Emilío Salgari no final do Sec. XIX em Turim, o Tigre de Mompracem - a ilha de onde Sandokan e os seus tigresinhos aterrorizavam os mares da região - é um hino à imaginação e ao espírito aventureiro. Desde os terríveis estranguladores aos colecionadores de cabeças, passando pelo poder imperial britânico e por James Brooks, o Raja Branco de Sarawak (que existiu e tem um quadro na National Portraid Gallery em Londres) e acabando nos adoradores de Kali, não há nada que a pena de Salgari não nos traga.

Acresce que a linguagem é colorida, as descrições vivíssimas e os diálogos inesquecíveis, como se pode ver pela amostra que se segue.

Sandokan prepara-se para uma arriscada empresa: ir a Labuan (sede do poder imperial britânico na região) para ver uma bela jovem inglesa conhecida como a "Pérola de Labuan", que lhe roubou o coração (embora ele nunca a tenha visto) e que nada mais é do que a sobrinha do Governador Inglês. Temendo pela segurança do seu amigo, Gastão diz-lhe (uma vez mais na versão da Romano Torres):

- Não sê só prudente, meu irmão. Sê prudentíssimo!

Ao que Sandokan, responde:

- Nada temas meu irmão. As balas têm medo de mim.

Depois disto, quem é que tem paciência ou tempo para os Power Rangers da vida? 

Wednesday 12 October 2011

Depressão

Tirado do Facebook de uma amiga

Verdades que nem punhos

Disse hoje o Presidente da República no Instituto Europeu de Florença: “a União tardou a reconhecer a (...) natureza [da crise] e a sua escala e tardou a dar-lhe a resposta que se impunha (...). Enredada numa retórica política de recriminações mútuas, evitando reconhecer a responsabilidade partilhada, ignorando a evidência dos riscos de contágio, hesitando na solidariedade, oscilando nos instrumentos a usar, promovendo uma deriva intergovernamental, a União Europeia deu guarida a uma crescente especulação sobre a zona euro, alimentando as incertezas sobre o próprio futuro da moeda única. Ora, o que os mercados estão a testar é precisamente a existência de uma verdadeira e consistente União Económica e Monetária”.

E acrescentou que “a deriva intergovernamental está a contaminar o funcionamento institucional da União Europeia. Em vez de uma mobilização convergente, e de uma responsabilidade solidária por parte de todos os Estados e instituições, vamos constatando a emergência de um directório, não reconhecido, nem mandatado, que se sobrepõe às instituições comunitárias e limita a sua margem de manobra. Este é um caminho errado e perigoso. Errado por que ineficaz. Perigoso por que gerador de desconfianças e incertezas que minam o espírito da união.”

O diagnóstico é feito nas várias capitais (menos em duas). Falta a cura.

Mais valia tomarmos todos sicuta...

Já não bastam os deslates dos mercados, os descocos do eixo franco-alemão e o desaparecimento das Instituições, temos agora a birra da Eslováquia - que chumba hoje o alargamento do fundo europeu destinado a apoiar as economias em crise, para o aprovar amanhã -.

Se a União quer morrer, que o diga para que nos preparemos!

Monday 10 October 2011

Tempo e distância

A última vez que estive em Timor Leste foi no verão de 2007, no início do fim da crise de 2006 que levou centenas de pessoas de todos os cantos da Terra à Ilha do Crocodilo com vontade de ajudar. Nos meses intensos, por vezes violentos e perturbantes, mas certamente inesquecíveis que lá vivi, conheci gente das mais variadas nacionalidades, experiências, profissões e objectivos. Muitos entraram e sairam da minha vida sem deixar nota ou memória. Outros ensinaram-me coisas novas e importantes. E num grupo mais pequeno, deixei alguns amigos.

Sem prejuízo para o tempo que se passou, a distância e principamente a diferença horária - que me tem a dormir quando Timor trabalha - vou contente ao encontro dos amigos que ainda lá estão e com pena de não encontrar os que, como eu, seguiram para outras paragens e outros destinos.

E lá vem mais uma

Já perdi a conta à quantidade de reuniões salvadoras que a Chanceler Alemã e o Presidente Francês tiveram nos últimos meses. Em todas é-nos prometida a solução salvadora para a crise das dívidas soberanas, do euro e da própria União.

Mas como após cada cimeira os mercados seguem como se nada se tivesso passado, rapidamente Paris e Berlim anunciam um outro encontro que salvará o Mundo. Até à reunião seguinte, que não demora muito desde o fim da reunião anterior.


Saturday 8 October 2011

Nada como um pouco de medo...

Depois de 18 meses, os partidos políticos das duas principais regiões linguísticas que formam a Bélgica conseguiram concordar o suficiente para formarem um governo. Não que isto dizer que haja qualquer forma de entendimento ou harmonia na Bélgica, embora as partes tenham chegado a um novo arranjo constitucional que dará mais poderes às regiões em detrimento da federação belga.

O que há é receio que a situação política continue a contaminar a economia e finanças do Reino e provoque descidas de rating, falências no sector financeiro e outros efeitos temidos mas esperados.

Quando não há juízo, que haja medo! 

7.000.000.000 de pessoas

Segundo o jornal The Times, nascem por mês no Mundo cerca de 10 milhões de pessoas (ou um Portugal inteiro) e morrem 4.6 milhões (o que corresponde à população da Noruega) o que deixa um saldo positivo mensal de 6.4 milhões de pessoas (ou seja, uma Líbia). Assim, no dia 31 de Outubro de 2011 na cidade indiana de Uttar Pradesh, nascerá a pessoa número 7 mil milhões (ou 7 biliões).

A progressão geométrica do nosso crescimento, que se explica pelas melhorias significas no conhecimento da nossa biologia, avanços na medicina e melhorias nas condições de vida, significa que entre o 1º  e o 2º mil de milhão de pessoas foram necessários 122 anos e entre o 6º e o 7º mil milhão  passaram-se apenas 12 anos. E, no entanto, as previsões mais catastrofistas, nomeadamente o Malthusianismo (que previa que o planeta não tivesse capacidade de sustentar um grande número de pessoas), falharam porque não consideraram que o mesmo conhecimento que nos permitiu melhorar as condições de vida, permite-nos melhorar as condições de produção de alimentos.

Somos muitos porque somos inteligentes. E, por isso, há razões para estarmos optimistas.

Friday 7 October 2011

De regresso a casa(s)

Por razões profissionais, irei a Londres e a Dili antes do fim do mês. É um regresso (de curta duração mas bem-vindo) a duas cidades onde tenho bons amigos e boas memórias. É igualmente um dois-de-quatro, já que parte das minhas referências estão no Reino Unido e em Timor Leste (sendo as outras Portugal e Brasil).

Liberdade de expressão

Ao início da noite da passada quarta-feira fui assistir ao lançamento de um livro sobre a Primavera Árabe escrito por Nuno Rogueiro e apresentado pelo ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luis Amado. Tive a oportunidade de o ouvir em várias ocasiões ao longo dos anos em que foi MNE mas foi a primeira vez que o ouvi na qualidade de cidadão privado e a diferença foi significativa.

Muito mais livre para dizer o que pensa, Luis Amado - de quem ninguém poderá duvidar das respectivas credenciais ocidentais e atlantistas - acusou Israel de ser o principal culpado pela ausência de uma solução para a questão Palestiniana e avisou que enquanto a mesma não estiver resolvida, o extremismo de raiz religioso terá sempre combustível para se alimentar.

O exercício do poder político é interessante e educativo e o serviço público - entendido como serviço aos outros - pode dar-nos o conforto de sabermos que fizemos alguma coisa que melhorou a vida de pessoas que não conhecemos, mas vem sempre com o custo de entregarmos parte da nossa liberdade de expressão e de crítica. Luis Amado recuperou a dele.

Tuesday 4 October 2011

De volta ao passado

Hoje fui almoçar com o meu sobrinho Sebastião a um restaurante no Marquês de Pombal chamado The Great American Disaster. Para além da conversa divertida e variada, o almoço teve um ar de antigo, pois eu costumava frequentar o mesmo restaurante quando tinha uns 17 anos, idade que o meu sobrinho tem agora.
A decoração do restaurante mudou - está com um ar mais limpo e arejado quando comparado com o que dele me lembro - e a freguesia ao almoço de um dia de semana mistura pessoas de fato e gravata (entre os quais eu) com pessoas de calças de ganga e t-shirt, como o Sebastião. O que não mudou nada foi a ementa: os mesmos hamburguers, as mesmas pizzas e as mesmas sobremesas, como se nem um dia se tivesse passado desde que eu deixei de lá ir.

As coisas mudam, mas algumas delas mudam tão de vagar que quase não damos por isso.

A gramática é importante

Encontrado no Facebook de um amigo

Sunday 2 October 2011

Viva o anticiclone dos Açores

Normalmente, outubro é altura de guardar as roupas de verão, os fatos de banho e as toalhas de praia e tirar os casacos, botas e guarda-chuvas do armário. Mas, graças ao anticiclone dos Açores, o tempo na Europa está solarengo, quente e agradável o suficiente para ter passado o último fim-de-semana na praia a apanhar sol e tomar banho.

Selva de pedra

Como seria de esperar, São Paulo não mudou muito no último mês e meio, embora algo tenha mudado (ver o próximo post). A cidade continua enorme e cheia de gente, o trânsito continua caótico e sempre parado, os preços continuam ofensivamente altos e desajustados, o que limita o acesso à coisas boas que São Paulo tem, como os restaurantes que continuam óptimos, as exposições interessantes e os teatros excelentes.

Feitas as contas, São Paulo tem tudo para ser uma cidade infernal. Há, no entanto, uma caraterística que torna a cidade habitável: a simpatia e a vontade de ajudar dos brasileiros! Nem quero pensar o que seria a cidade se os 24 milhões de pessoas que lá vivem e trabalham diariamente fossem antipáticos e egoistas...

A bem ou a mal

Nos meses que vivi em São Paulo arrisquei a vida diariamente cada vez que tentava atravessar uma rua ou avenida, independentemente de o fazer na passadeira dos peões (ou na faixa dos peões para quem lê estas notas no Brasil). Assim, qual não foi a minha surpresa ao descobrir que meros 45 dias depois de ter voltado para Portugal, os condutores paulistanos começaram a parar para deixar passar os peões e a frequência dos sinais de trânsito foi alterada para permitir atravessar a rua sem correr o risco de ser passado a ferro assim que punha o pé fora do peasseio (ou calçada).

O obreiro deste milagre foi o Prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (na fotografia) que limtou-se a cobrar multas substantivas a quem não respeite os peões, o que foi suficiente para que os motoristas paulistanos notassem que há pessoas nas ruas a tentarem ir de um lado para o outro.

Quando o civismo falha, nada como uma boa multa para fazer cumprir as regras de convivência!!!

Poder e oposição

Um efeito interessante da passagem da oposição para o poder é a institucionalização do discurso e das atitudes de quem prometia revoluções quando não tinha poder para o fazer e tem que enfrentar a realidade quando toma posse. A última vítima é William Hague, Ministro dos Negócios Estrangeiros britânico que, quando enquanto líder da oposição foi um dos mais vocais opositores da União Europeia e, agora no poder, recusou o pedido da ala mais à direita dos Conservadores que propôs a realização de um referendo sobre a permanência do Reino Unido na União.

O efeito da passagem da oposição para a posição nos manifestos eleitorais e nas propostas mais radicais não é nova e está bem estudada mas ver Hague a defender a opção Europeia ultrapassa as expectativas dos mais entusiastas defensores do impacto do exercício do poder na moderação política, dos poucos mas resistentes europeistas britânicos e ultrapassa igualmente os desejos dos eurocépticos britânicos.