Sunday 31 October 2010

Presidente Dilma


À segunda foi de vez. Dilma Rousseff é a primeira mulher a ser eleita para ocupar a Presidência do Brasil, tendo vencido com cerca de 55% dos votos.

Embora não seja surpresa e as sondagens fossem consistentes a anunciar a vitória da candidata do PT, o início da campanha para a segunda volta não correu bem a Dilma e os apoiantes do candidato José Serra tiveram duas semanas de esperança. No entanto, depois de uma campanha dura e desagradával de parte a parte, o carisma do Presidente Lula foi mais que suficiente para garantir a vitória da sua candidata.

Agora é tempo para Dilma mostrar que é mais do que a criação de Lula da Silva, o metalúrgico e sindicalista que, eleito Presidente à quarta tentativa, sai do Palácio do Planalto com 80% de apoio da população Brasileira e, sem ter alterado os fundamentos ecónomicos lançados pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, deixa taxas de crescimento invejáveis e mais 36 milhões de pessoas na classe média do que encontrou há 8 anos.

Natal é sempre que se quiser


O António e a Cecília Carrelhas, ele português radicado em São Paulo há 30 anos e ela brasileira, oferecem todos os anos um almoço de Natal numa pequena Chácara (ou quinta) à saída de São Paulo. Mas como este ano a Mãe do António - que vive em Portugal - faz 100 anos e há uma grande festa em Lisboa em Novembro, o Natal foi antecipado para o dia 30 de Outubro.

Com amizade, o António e a Cecília convidáram-nos a participar no almoço. E assim, lá estivemos a festejar o Natal, em família, com músicas alusivas, chapéus de Pai Natal (ou Papai Noel), troca de presentes e postas de bacalhau.

O nosso primeiro Natal brasileiro começou cedo e começou muito bem, graças à generosidade do António e da Cecília.

Orçamento de Estado 2011


Quando mal nunca pior.

Bem vindo Xavier


Nasceu ontem em Lisboa o meu sobrinho Xavier Poeiras Ivo Cruz.

Friday 29 October 2010

O copo está quase cheio


Hoje assinei o contrato da casa, abri a conta no banco, recebi os livros de cheques e a Margarida recebeu o cartão do Ministério dos Negócios Estrangeiros brasileiro. Agora só faltam os cartões de crédito e débito e chegarem as nossas coisas para que o copo fique totalmente cheio.

Segundo as pessoas com quem trabalho, sou o campeão da história recente da AICEP São Paulo a bater a temível burocracia brasileira, mas o Paul McCartney já lá vai...

Internacionalizar para Crescer


Na passada terça-feira a AICEP apresentou na Alfandega do Porto as 4 grandes linhas de actuação para o ano 2011. Do programa fez parte ligações directas a Nova Iorque, Moscovo e São Paulo de onde o Rui Marques, a Maria José Régio e eu respondemos algumas perguntas e provocações bem-dispostas do Jornalista Carlos Magno.

Não sendo fácil, pois não se consegue perceber se o que estamos a dizer é bem percebido ou recebido, foi interessante falar para uma platéia de mais de 600 pessoas sem a ver ou ouvir.

Wednesday 27 October 2010

Conspirações no seu melhor


A melhor teoria da conspiração de sempre: O PSD chumba o OE, o FMI entra em Portugal e o António Borges - ex-vice Presidente de Manuela Ferreira Leite e recém-nomeado Responsável do FMI para a Europa - é o PM de facto. Nem o Oliver Stone chega a este nível de sofisticação.

Fracasso nas negociações para o OE 2011

Tuesday 26 October 2010

O longo suicídio


Sem negar a necessidade de se criar um mecanismo permanente de apoio ao Euro ou mecanismos jurídicos e institucionais que punam os Estados que violem as regras, a ideia de abrir uma nova negociação dos Tratados da União Europeia parece-me absurda.

A União levou quase 10 anos a negociar e aprovar o Tratado de Lisboa e passou por crises sucessivas no processo de ratificação, tudo isto numa altura em que a situação social e económica dos Europeus estavam bem melhores do que estão agora e que a larguíssima maioria dos Governos nos Estados membros eram tradicionalmente favoráveis ao processo de integração. Nenhuma dessas condições existe hoje.

Não seria melhor, como propos a Comissão, encontrar uma solução dentro do actual quadro jurídico, sem correr o risco de perder outra década a olhar para o próprio umbigo em novo exercício de revisão dos Tratados e concentrar esforços em tornar a União num instrumento que seja e mostre ser útil para os Cidadão da Europa?

Monday 25 October 2010

Um pirilampo ao fundo do túnel?


Diz a CEEJ - Comissão Europeia para a Eficácia da Justiça, um organismo do Conselho da Europa, que Portugal é o segundo Países europeus com a pior taxa de conclusão de processo judiciais, o que não é novidade para ninguém e que tem resultado na condenação sistemática do nosso País por violação do Artº 6º da Convenção Europeia dos Direitos do Homem que proíbe a morosidade da justiça.

O que é novidade é saber que actualmente o sistema de justiça tem sido capaz de estancar esse flagelo do atraso na administração da justiça. Segundo a CEEJ, o número de processos que entram no sistema é praticamente igual ao número de processo que termina (99,1%).

Não se trata ainda de uma luz ao fundo do longo e escuro túnel onde a justiça portuguesa se encontra. Mas é, talvez, um pirilampo solitário que poderá indicar um caminho a seguir.

Do azar ao ridículo


Richard Shelby, Senador Republicano do Alabama, tem impedido a nomeação do Prof. Peter Diamond, Full Professor no MIT (na fotografia), para um lugar no Board da Federal Reserve argumentando que o candidato proposto pelo Pres. Obama não tem experiência e conhecimentos suficientes. Para azar do Sen. Shelby, o Prof. Diamond ganhou o Prémio Nóbel da Economia em 2010.

Poderia a história ter ficado por aqui, mas juntando o ridículo ao azar, o Sen. Shelby declarou que embora o Nóbel seja um prémio prestigiado, não é a Academia Sueca que nomeia os membros da Federal Reserve Board.

Nada como uma eleição para que o bom senso tire umas longas férias.

Sunday 24 October 2010

Coisas boas na vida


Numa cidade com mais de 6 milhões de carros, o estacionamento em São Paulo seria absolutamente impossível sem a figura sempre presente e apreciada do manobrista.

À porta de restaurantes, hotéis, supermercados ou ginásios, basta chegar, entregar as chaves do carro ao manobrista, receber um recibo e o carro desaparecer para ser guardado algure sem mais pensarmos no assunto. Quando nos vamos embora, pagamos uma taxa que varia entre os 10 e os 20 Reais (4 a 8 Euros) e o carro aparece à nossa frente pronto para partir.

Não seria um sinal de superior civilização se tivéssemos este serviço no nosso Portugalinho?

Saturday 23 October 2010

Friday 22 October 2010

O tempo passa para mim


Nas minhas caminhadas memorialistas em São Paulo, resolvi comprar a versão brasileira da revista Mad, uma revista satírica de que eu muito gostava quando tinha uns 12 ou 13 anos e que está exactamente igual ao que eu me lembrava. Lamento informar que achei a revista péssima.

Assim se foi um dos meus mitos de infância.

O tempo passa para todos


Outro dia parei à frente de uma banca de jornais e estive a olhar para os livros de quadradrinhos que lia quando cá vivi. Lá estavam os heróis da Marvel, a Turma da Mônica (com acento no O) e a Luluzinha, de quem eu gostava menos. E, ao lado, as versões adolescentes das duas últimas.

O tempo não pára, nem para a menina baixinha, com os dentes de fora (que já não os tem) e com o coelhinho sempre em riste.

Thursday 21 October 2010

Afinal, o copo está só meio cheio


Como alguns saberão, o Paul Mccartney vem cantar a São Paulo no final de Novembro. Como o primeiro concerto esgotou num instante, foi marcado um outro cujos bilhetes foram colocados à venda hoje às 8H00 da manhã. E, portanto, às 7H50 plantei-me à frente do computador para comprar dois bilhetes.

Às 8h00 em ponto as vendas começaram e eu preenchi o formulário, orgulhoso de já ter o CPF (ver dois posts abaixo) que, certo como 2+2 serem 4, lá vinha nos campos obrigatórios. Depois escolhi dois bilhetes e preenchi os dados do cartão de crédito. Pronto, pensei eu contente a carregar no botão de compra, já está! Vou ver o Paul Mccartney! Mas, eis que surge um novo ecrã a dizer que a minha compra não foi concluída, pois não se aceitam cartões de crédito emitidos fora do Brasil... Como ainda não tenho conta cá, pois sem o CPF não a podia abrir, lá se foi o Paul Mccartney juntamente com a ilusão que já era uma pessoa no Brasil.

Afinal, até semana que vem, serei só meia pessoa nas Terras de Vera Cruz.

O Homem sem Rosto

Pela primeira vez em muitos posts, este não tem nenhuma imagem alusiva pois há privacidades que devemos respeitar. Este post só serve para dar os parabéns a quem tratou e permitiu que se tratasse do chamado "Homem sem Rosto" e a desejar que este tenha uma vida melhor.

Burocracias


No Brasil, quem queira comprar um telemóvel, bilhetes de cinema na internet, bilhetes de avião, já para não falar em abrir uma conta de banco ou arrendar uma casa precisa do CPF - Cadastro de Pessoa Física, que corresponde ao nosso Cartão de Contribuinte. E, tão importante ou mais, as nossas coisas que estão armazenadas em Londres não podiam ser embarcadas a caminho de São Paulo sem apresentarmos o nosso omnipotente CPF.

Ontem, depois de 18 dias a sofrer sem nada poder fazer a não ser dar com as pobres pessoas que trabalham comigo em doidas, recebemos o nosso CPF.

Agora já somos pessoas!

Tuesday 19 October 2010

BBC Radio 4


Estando hoje particularmente saudoso de Londres, pus-me a ler o blog do Tiago Araújo, amigo recente que trabalha na nossa Embaixada em Londres e que recomendo pela graça inteligente e erudição invejável.

Entre várias experiências da sua vida em Londres, o Tiago fala na BBC Radio 4, a versão mais exigente da TSF já que, ao contrário da nossa radio-jornal, a BBC Radio 4 não tem música nem transmissões de futebol. Só há notícias, debates e o tempo, sempre com o mesmo tom de voz, sem nunca ceder a qualquer emoção. Nos vários anos em que a BBC radio 4 me fez companhia enquanto eu me barbeava de manhã, teria achado normal ouvir qualquer coisa como "metade da população do País X morreu. E agora o tempo".

E era o tempo que mais me divertia na BBC radio 4. Num país obcecado pelo "weather report", a BBC radio 4 limita a sua apreciação do tempo a um "miserable as always" ou "bizzarely sunny". A excepção é o shipping forecast (informação para os navegantes) que, durante 1 hora antes da meia-noite, percorre toda a costa das Ilhas Britânicas com a mais completa e minuciosa informação possível usando linguagem técnico-marítima, do género "near-gale changing to gale, force 9, from northeast to east" que só os iniciados percebem.

Não admira que na última noite dos Proms se cante alegremente "Britain Rules the Waves". Na BBC radio 4, assim é.

Sunday 17 October 2010

Av. Angélica, 736 - Ap. 81


Esta manhã, na companhia da Margarida, fui visitar o bairro onde vivi entre 1975 e 1981 em São Paulo.

O nosso prédio, de seu nome Alice de Sampaio Figueiredo, no número 736 da Avenida Angélica, continua tal qual me lembrava dele. E as nossas janelas, no penúltimo andar do lado esquerdo na fotografia, estão igual ao que eram.

Quanto ao bairro, está mais murado e gradeado, o Círculo Macabi - onde eu fazia ginastica - está com um ar meio abandonado, a academia de Judo - onde ganhei 2 medalhas em campeonatos locais - parece fechada mas o supermercado continua próspero e a banca de jornais onde comprava gibis (banda desenhada em "brasileiro") e figurinhas (cromos na mesma língua) ainda se encontra no mesmo lugar.

Foi divertida esta visita à memoria dos meus 7 aos 14 anos de idade, anos de que guardo boas recordações e cujo palco não mudou muito nas últimas 3 décadas.

Saturday 16 October 2010

Embraer


Ontem, por razões profissionais, passei o dia na fábrica da Embraer em São José dos Campos, a pouco mais de 100Km de São Paulo.

Depois de uma reunião com um dos Vice-Presidentes da empresa onde se discutiu a presente situação e futuro da Embraer e algumas oportunidades de cooperação entre empresas portuguesas e empresas brasileiras do sector, fomos visitar o Centro Histórico da Embraer e, mais interessante, o hangar onde os aviões são terminados. Aí, num espaço gigantesco muito limpo e organizado, pude ver 5 aviões em diferentes fases de acabamento, desde a instalação da asa até testes dos lemes de profundidade.

Seguidamnente fomos a outro hangar ver o produto acabado onde, na companhia de um técnico da Embraer e sentado na cadeira do co-piloto do Embraer 195, o maior avião produzido em S. José dos Campos, fui apresentado a todos os sistemas e controles do avião. Os modernos aviões civis são altamente automatizados e computadorizados, com backup para as principais funções e processos, mas o elemento humano continua a ser fundamental, nomeadamente para o caso de as coisas correrem mal.

Foi um dia fascinante, principalmente para quem, como eu, quando era pequeno queria ser piloto de aviões.

Tuesday 12 October 2010

Museu da Língua Portuguesa


Aproveitando o feriado de Nossa Senhora da Aparecida, a Margarida e eu, juntamente com algumas largas dezenas de brasileiros, fomos visitar o Museu da Língua Portuguesa.

Situado no antigo edifício administrativo da Estação da Luz em São Paulo, o Museu ocupa 3 andares, dividindo-se por uma área para exposições temporárias, uma exposição permanente sobre a evolução e as influências sofridas pelo português que se fala no Brasil e um filme e apresentação multimédia sobre a importância da língua e a sua versatilidade.

Para além da exposição permanente, que é muito bem apresentada e pedagógica, pudemos ver uma óptima exposição temporária dedicada a Fernando Pessoa, os seus heterónimos e outros personagens menos conhecidos que Pessoa criou. A exposição, utilizando meios audiovisuais, apresenta Fernando Pessoa e cada um dos heterónimos, o que os distinguia e algumas das mais importantes páginas de cada um.

O Museu da Língua Portuguesa de São Paulo é um excelente museu dedicado a uma língua viva e sempre em evolução e merece bem uma longa visita.

Parabéns


Depois de uma longa e difícil campanha, Portugal acaba de ser eleito para o Conselho de Segurança da ONU, mérito da nossa diplomacia e do papel de coordenação do Secretário de Estado João Cravinho que souberam fazer passar os nossos argumentos.

Uma óptima notícia que bem merecemos.

Monday 11 October 2010

Estranhas latitudes


Desde que cheguei a São Paulo, só houve um dia bom e solarento. De resto tem estado um tempo nublado, frio e chuvoso. Quem disse que o Brasil é um País tropical?

Sunday 10 October 2010

Coisas que se ouvem V


No concerto da última noite dos Proms em Hyde Park, havia como sempre, uma enorme fila de senhoras à espera da sua vez para usarem as casas de banho. Ao contrário, e também como de costume, na casa de banho dos homens não se esperava nem um segundo para entrar.

Estando vários de nós a tratar das nossas respectivas vidas, entra pela casa de banho um rapaz a correr que grita com ar de alívio: Thank God we are man!!!

Nunca tinha visto tamanha unanimidade e satisfação no reconhecimento desta importante vantagem de género.

O verdadeiro sacrifício


Quantos de nós arriscariamos 11 anos de prisão em nome da liberdade?

Saturday 9 October 2010

A olhar para o precipício


Esperemos que o bom senso e o Sentido de Estado prevaleçam.

Botas de Borracha


Na passada Quinta-feira caiu a primeira grande chuvada em São Paulo desde a minha chegada. O céu fica completamente tapado com nuvens negras e baixas e, de repente, cai uma cortina de água que deixa a cidade (ainda mais) intrasitável, com inundações várias e rios a correrem pelas ruas.

Estava eu a ver a chuva da janela do meu gabinete na AICEP, quando noto olhares preocupados das pessoas que lá trabalham. Não se tratava, como eu, de admiração pelo espetáculo da natureza mas de dúvida se poderiamos ir ou não para casa. Segundo me explicaram, o local onde o escritório fica tem um baixio à porta que concentra a água que desce a rua das duas direcções, o que tem isolado a AICEP do mundo nos dias de maiores chuvadas.

Primeira compra para ter no escritório: umas botas de borracha!

Friday 8 October 2010

Os novos reforços da Portuguesa de Desportos


Ontem, por sugestão e na companhia do Paulo Machado, director do Turismo em São Paulo, participei no Almoço das Quintas da Casa de Portugal, que se realiza todas as semanas (como o nome indica, às quinta-feiras) há 65 anos.

Para além de ter conhecido empresários de origem portuguesa e brasileiros importantes na comunidade empresarial e política paulista e nacional, sentei-me na mesa do convidado de honra, o Zico.

No fim do almoço, o Presidente da Casa de Portugal ofereceu-nos uma camisola da Portuguesa de Desportos e tirámos a tradicional fotografia dos novos reforços.

Mesmo para quem não gosta de futebol, como é o meu caso, o Zico é uma referencia de sempre e foi muito interessante ouvi-lo contar histórias da sua vida pessoal e profissional.

Deputado Tiririca


O candidato a deputado federal do Estado de São Paulo Tiririca, o palhaço de profissão na imagem, conseguiu, com o slogan "Vote Tiririca. Pior do que está não fica", o melhor resultado da eleição com 1 milhão e 300 mil votos.

No entanto, a lei eleitoral brasileira exige que os candidatos escrevam uma declaração manuscrita a comprovarem que sabem ler e escrever e, agora, uns peritos em grafia vieram questionar a veracidade da declaração de Tiririca. Segundo estes peritos, há, pelo menos, duas letras diferentes na declaração de 3 linhas: alguém escreveu o texto que Tiririca terá assinado. Perante as dúvidas, o Tribunal reunirá no dia 14 para decidir se Tiririca é ou não analfabeto.

Dá vontade de dizer "mas que grande palhaçada!"

Wednesday 6 October 2010

Paula Escarameia


Morreu, aos 50 anos, a Paula Escarameia.

Conheci-a pessoalmente quando fui Subsecretário de Estado no MNE e pedi os seus sábios conselhos sobre as linhas gerais da política externa de Direitos Humanos e Democratização que estava a desenhar. Depois disso fomos mantendo contacto na Universidade Católica.

Anos mais tarde, combinámos, com a Raquel Vaz Pinto, apresentar um painel sobre Timor, assunto que ela dominava e que sobre o qual eu tenho algumas ideias incipientes, no Congresso da Associação Portuguesa de Ciência Política mas eu, por razões várias, não pude comparecer. A Paula compreendeu perfeitamente e apresentou, diz-me quem lá esteve, um paper interessantíssimo, o que só surpreendeu quem não a conhecia. Não voltámos a trabalhar juntos. Vou ter saudades da sua inteligência aguda e da sua personalidade modesta.

Portugal perdeu uma das vozes mais sólidas nos assuntos dos Direitos Humanos que tinha.

A nossa casa em São Paulo


Encontrámos ontem a nossa casa em São Paulo. A Margarida, com a ajuda da Joana, uma amiga de uma amiga da minha cunhada Inês que trabalha numa "corretora" - imobiliária em "brasileiro" -, foi ver umas 4 ou 5 casas e, à hora do almoço, tinha encontrado um andar mobilado de que muito gostámos. Como somos os inquilinos ideais - 40ish; no children; no pets; no smokers - a negociação com o senhorio, conduzida pela Joana, foi rápida e eficiente e ainda conseguimos um abatimento na renda.

O prédio fica na Vila Nova Conceição, paredes-meia com o Parque do Ibirapuera, o grande parque da cidade de São Paulo que foi (mais ou menos) inspirado no Central Park em NY, a uns 4KM do meu escritório.

Vamos agora tratar das burocracias, fazer os contratos da água, luz, gás, telefone, internet, etc. e comprar meia dúzias de coisas que nos aguentem até chegar a nossa mudança. Como o hotel está pago até ao fim do mês, temos tempo para tratar de tudo com calma.

E, naturalmente, teremos um quarto de hóspedes para os amigos que nos queiram visitar em São Paulo.

Tuesday 5 October 2010

Feliz Aniversário


A República faz hoje 100 anos o que, em termos de um regime político, nos tempos conturbados que vivemos, já é qualquer coisa.

Embora a nossa República não tenha tido uma vida particularmente feliz, desde os desmandos dos seus primeiros anos, passando pelos 48 anos do Estado Novo e, agora, nesta versão de crise perpétua, a República tem uma grande virtude: é republicana.

Ao contrário da Monarquia, na República o vértice da representação do Estado está aberto a qualquer pessoa que, tendo as suas qualidades reconhecidas pelos seus pares, o ocupará temporariamente. Ao contrário da Monarquia, o critério de ocupação da mais alta instituição do Estado é a vontade de quem lá vive e não um acidente de nascimento.

Com todos os seus defeitos, problemas e falhas, a República não exclui ninguém por razões alheias a cada um de nós. E essa virtude, por mais que se racionalize, a Monarquia não consegue igualar.

Por isso, Feliz Aniversário Senhora República, que conte muitos mais.

Monday 4 October 2010

Ryder Cup


Bravo Europa.

Um belo dia


Fez ontem 20 anos sobre o dia da reunificação Alemã. Depois de décadas de guerra fria, a Alemanha Democrática sossobrou e os alemães e, com eles a Europa, reencontraram-se no centro de Berlim.

Para quem, como eu, nasceu no final da década de 60, a divisão da Europa era um facto da vida, tão certo e imutável como as marés. Afinal, o Muro caiu, a Alemanha recuperou a sua unidade, a União Soviética fechou as portas e nem uma bala foi disparada.

Há dias assim. Não são muitos, mas há.

O efeito Marina


As eleições presidênciais brasileiras de ontem resultaram, ao contrário das previsões publicadas no próprio dia, - no Brasil, as sondagens podem ser publicadas até ao dia da eleição - na necessidade de uma segunda volta que terá lugar no dia 31 de Outubro entre os candidatos do PT e do PSDB.

Olhando para as sondagens de ontem - que davam à candidata do PT, Dilma Rousseff, 50% dos votos; ao candidato do PSDB, José Serra, 31% e à candidata do PV, Marina Silva, 17% dos votos - e para os resultados, há uma transferência quase directa de votos do PT para o PV. Segundo as várias análises dos comentadores nas televisões brasileiras, a explicação está na reacção de um eleitorado mais sofisticado e urbano ao escandalo recente que abalou a Casa Civil do Presidente Lula e que atingiu a candidata do PT.

Veremos para onde se deslocarão os 20% de eleitores que votaram PV na primeira volta. Ao contrário do que se pensava, ainda muita água vai correr debaixo desta ponte.

Sunday 3 October 2010

Panoramix, MBE


O Reino Unido acaba de conceder o estatuto de Religião Oficial ao druidismo, colocando-o, para todos os efeitos legais e fiscais, ao mesmo nível das grandes Religiões monoteistas, do Hinduismo entre outras.

Baseada no ideia da existências de espíritos no mundo natural, o druidismo era a religião originais das ilhas britânicas e tem conhecido um aumento significativo de apoiantes, reflexo da diminuição da importância das religiões tradicionais e do aumento das preocupações ambientais.

Nada como os bifes para transformarem Panoramix num Member of the British Empire.

Saturday 2 October 2010

Good Value for Money


Depois de quase 3 anos a trabalhar diariamente com empresas portuguesas e a estudar as características do mercado britânico, acho que aprendi uma lição sobre a nossa economia sobre a qual tiro algumas ilações para o futuro.

Portugal é, como se sabe, uma pequena economia de 10 milhões de consumidores, o que significa que o mercado interno não é suficiente para garantir o crescimento económico que, por sua vez, gera riqueza e cria empregos. Exportar é, portanto, a solução. Nada disto é novidade e todos, desde o Governo à OCDE, o dizem.

Mas exportar é competir com países que têm, entre outras, condições sociais de produção, de acesso a recursos e de capacidade de produção extensiva muito diferentes das nossas. Competir no mercado aberto não é um exercício justo ou equilibrado. Cada um tem as cartas que tem e é com elas que terá que jogar.

No nosso caso, raros serão os casos em que Portugal e as suas empresas poderão competir em termos de preço ou de quantidade dos bens, serviços ou produtos que exportamos. Haverá quase sempre quem venda mais barato do que nós e quem consiga produzir maior quantidade do que nós. Se não somos concorrenciais no preço e na quantidade resta-nos sermos competitivos na qualidade.

Portugal e as suas empresas têm que encontrar nichos de qualidade, onde o preço é factor menor e a quantidade não é considerada. Os ingleses têm uma bela expressão que se aplica perfeitamente ao nicho de mercado que devemos procurar: “good value for money” , ou seja, o consumidor esta disposto a pagar o que considerar justo pelo bem, produto ou serviço que quer, mesmo que o preço seja alto.

Ao longo dos 3 anos que estive em Londres pude testemunhar a qualidade, o dinamismo, a modernidade e o profissionalismo de muitas empresas portuguesas, dos sectores mais tradicionais aos mais inovadores, e a forma como ganharam clientes e negócios num mercado tão competitivo e exigente como o britânico, numa altura tão difícil como os anos da crise. Infelizmente, as empresas que trabalham o nicho da qualidade eram a minoria.

O nicho da qualidade é difícil, exigente e não permite erros, improvisos ou enganos. Mas é o nicho que temos que ocupar.

Friday 1 October 2010

Casa nova


Eis-nos bem chegados às Terras de Vera Cruz, mais precisamente ao Hotel George V Casa Branca (na fotografia), nossa "casa" durante pelo menos 1 mês em São Paulo.

Após uma viagem longa mas sem nenhum evento digno de registo, fomos recebidos à porta do avião pelo Paulo Machado - Director do Turismo em SP -, o que significou passaramos pelos passaportes e alfândega sem qualquer problema ou contratempo. Cá fora estava a Valéria, minha PA na AICEP.

No caminho para o centro da cidade, fui olhando pela janela do carro com muita atenção, mas com poucas excepções, como o Edifício Bradesco, a Pinacoteca do Estado ou o MASP, não reconheci nada de São Paulo. De facto, 30 anos muda tudo!

Fomos directos ao Hotel onde tomei um longo e revigorante banho e fui trabalhar pois tinha já duas reuniões marcadas. O escritório, a uns 700 metros a pé do Hotel, ocupa metade do edifício do consulado de Portugal em SP. Uma vivenda bem localizada nos Jardins Paulistas, tem um belo jardim japones nas traseiras, cheio de árvores. Em termos de instalações, não me posso queixar.

Veremos se o resto da experiência tupi-guarani corre tão bem como o primeiro dia.