Saturday 2 October 2010

Good Value for Money


Depois de quase 3 anos a trabalhar diariamente com empresas portuguesas e a estudar as características do mercado britânico, acho que aprendi uma lição sobre a nossa economia sobre a qual tiro algumas ilações para o futuro.

Portugal é, como se sabe, uma pequena economia de 10 milhões de consumidores, o que significa que o mercado interno não é suficiente para garantir o crescimento económico que, por sua vez, gera riqueza e cria empregos. Exportar é, portanto, a solução. Nada disto é novidade e todos, desde o Governo à OCDE, o dizem.

Mas exportar é competir com países que têm, entre outras, condições sociais de produção, de acesso a recursos e de capacidade de produção extensiva muito diferentes das nossas. Competir no mercado aberto não é um exercício justo ou equilibrado. Cada um tem as cartas que tem e é com elas que terá que jogar.

No nosso caso, raros serão os casos em que Portugal e as suas empresas poderão competir em termos de preço ou de quantidade dos bens, serviços ou produtos que exportamos. Haverá quase sempre quem venda mais barato do que nós e quem consiga produzir maior quantidade do que nós. Se não somos concorrenciais no preço e na quantidade resta-nos sermos competitivos na qualidade.

Portugal e as suas empresas têm que encontrar nichos de qualidade, onde o preço é factor menor e a quantidade não é considerada. Os ingleses têm uma bela expressão que se aplica perfeitamente ao nicho de mercado que devemos procurar: “good value for money” , ou seja, o consumidor esta disposto a pagar o que considerar justo pelo bem, produto ou serviço que quer, mesmo que o preço seja alto.

Ao longo dos 3 anos que estive em Londres pude testemunhar a qualidade, o dinamismo, a modernidade e o profissionalismo de muitas empresas portuguesas, dos sectores mais tradicionais aos mais inovadores, e a forma como ganharam clientes e negócios num mercado tão competitivo e exigente como o britânico, numa altura tão difícil como os anos da crise. Infelizmente, as empresas que trabalham o nicho da qualidade eram a minoria.

O nicho da qualidade é difícil, exigente e não permite erros, improvisos ou enganos. Mas é o nicho que temos que ocupar.

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