Friday 31 July 2009

Ex-fumador e... ex-bebado

Esta semana fui, finalmente, inscrever-me no Serviço Nacional de Saúde Britânico, o NHS, que envolve uma entrevista com uma enfermeira (no caso, simpática) que nos pesa, mede a tensão arterial e a altura, faz uma análise e uma série de perguntas sobre os nosso antecedentes clinicos e hábitos de vida cujas respostas introduz num processo informatizado.

Como não poderia deixar de ser, lá vieram as perguntas sobre se eu fumo ou se bebo. Quanto à primeira o NHS sabe agora que eu sou, desde 2004, um "ex-smoker". Mas muito me ri quando ela me perguntou se eu bebiba e eu respondi que costumava beber dois copos de vinho por dia mas que parei porque estou a fazer uma dieta. Imediatamente, a senhora escreveu "ex-drinker".

Não fosse o NHS e eu não saberia que até há um mês era um bebedolas!

Monday 27 July 2009

E quem nos protege dos ditadores?

Semana passada o Eng. António Guterres deu uma entrevista ao Jornal Público onde - com um ar triste de quem vê diariamente o pior que a humanidade tem para mostrar - constatava que o Mundo regrediu em matéria de protecção dos Direitos Fundamentais. E acrescentou que hoje em dia, a intervenção internacional dos anos 90 em Timor ou na Bósnia não seria possível.

Na mesma semana, a ONU debatia, sem grande convicção e menos esperança de chegar a qualquer resultado interessante, o conceito da Responsabilidade de Proteger que é uma versão mitigada, tímida e aguada do conceito de Direito ou mesmo do Dever de Ingerência Humanitária, segundo o qual - na sua versão mais corajosa - a Soberania dos Estados é limitada pelo dever de proteger as vítimas de genocídio, limpeza étnica e outras formas de extermínio.

A década entre queda do Muro de Berlim e a queda das Torres em NY caracterizou-se pela crença na diplomacia e a cooperação entre os Estados, a proclamação do Direito Internacional e a resolução de alguns conflitos que pareciam insolúveis, como os já citados Timor Leste ou a pacificação dos Balcãs. A essa década dourada do Multilateralismo, seguiram-se oito anos marcados pelo unilateralismo e a secundarização das Nações Unidas.

Embora o Multilateralismo esteja a fazer progressos, ainda estamos longe da ideia generosa que animou a década de 1990, de que as Pessoas são mais importantes que os Estados e que há limites para a soberania.

Thursday 16 July 2009

E uma história do Pacífico Sul

Nos meus últimos dias em Timor Leste fui visitar o Campo de Refugiados de Comoro, à saída do Aeroporto de Dili, onde vivam cerca de 5 mil pessoas em tendas do ACNUR e que se vê parcialmente na fotografia que tirei da internet.



A visita foi organizada pela OIM, que geria os apoios aos campos e combinada com os Chefes do Campo a quem foi dito que viriam umas pessoas do Club de Madrid, uma ONG composta por ex-Chefes de Estado ou de Governo para quem eu trabalhava.

Rapidamente a notícia da visita correu o campo e no dia previsto quando saí do carro perante uma multidão vestida a preceito, notei um claro desagrado. Como quem conta um conto acrescenta um ponto, a multidão estava convencida que o visitante seria o ex-Presidente Clinton...

Wednesday 15 July 2009

Já agora, outra história da América Central

A segunda vez que fui à Guatemala, fui visitar Tikal, a muito impressionante capital do Império Maia no meio da floresta virgem centro-americana. Para lá chegar é preciso voar para Flores e depois viajar uma hora e tal de carro por uma estrada mal cuidada.

Assim, lá me apresentei no terminal dos voos domésticos do Aeroporto de Ciudad de Guatemala onde estava um DC3, parecido com o avião na fotografia.

Junto do avião, um indiozinho dava, empenhado, pontapés numa das rodas da frente. Quando alguém lhe perguntou o que estava a fazer, ele respondeu com um ar natural que a roda estava um pouco presa...

O que pode o amor (e uma ditadura)

A crise política nas Honduras lembrou-me a visita que fiz, integrado numa Delegação da Organização Ibero-Americana de Juventude e convite do Parlamento hondurenho, a Tegucigualpa, a respectiva capital.

Chegados ao Aeroporto, depois de uma viagem numa companhia aérea regional que nos levou da Cidade do México para Tegucigualpa via Cidade da Guatemala e S. Pedro Sula, uma senhora do Protocolo do Parlamento estava à nossa espera e rapidamente tomou conta dos nossos passaportes, pedindo que nos ocupássemos das respectivas bagagens que eram lançadas para o chão por 3 funcionários do aeroporto sob o olhar atento de uns militares armados de metralhadora.

Pouco depois, a Senhora do Protocolo voltou com os passaportes carimbados e perguntou se tinhamos todas as malas. Tendo respondido que sim, ela comentou: Que raro!

Sentados confortavelmente nuns carros do Parlamento, fomos guiados para a cidade. A meio caminho, só se vendo descampado e mato, alguém perguntou ao motorista se faltava muito para chegarmos à cidade. Espantado, ele disse que estávamos no centro!

Segundo reza a história, Tegucigualpa era uma vilazinha sem grande interesse quando um dos muitos Caudilhos que mandaram no País se apaixonou por uma mulher local e, para provar o seu amor, mudou a Capital do País.

Nunca consegui confirmar esta história, mas se não for verdade é pena.

Friday 10 July 2009

Já não era sem tempo

Um ano mais tarde, o Parlamento elegeu Alfredo de Sousa para ocupar a Provedoria de Justiça. Como o País não tem problemas que justifiquem algum Sentido de Estado por parte dos Partidos Políticos, podemo-nos permitir que as Instituições não funcionem e que se coloque o interesse partidário acima do interesse dos cidadãos.

Assim vai o nosso Portugalinho.

Wednesday 8 July 2009

A Rainha e eu

Um dos divertimentos de estar na Embaixada em Londres é fazer parte da "Diplomatic List" e, portanto, da lista de convidados diplomáticos da Casa Real, o que significa podermos ser convidados para o "Royal Enclosure" em Ascot, o Jantar e Recepção Anual ao Corpo Diplomático em Buckingham Palace e a Garden Party de verão, igualmente nos jardins de Buckingham.

Cada um destes eventos tem as suas particularidades e são bastante formais, como se pode ver pelas fotografias da Recepção ao Corpo Diplomático (que não está boa) e Ascot:





E isto porque não temos traje nacional...

Tuesday 7 July 2009

Gostos idosos

Acabámos de voltar do O2 onde fomos ver um concerto do James Taylor, que foi exactamente o oposto do concerto da Madonna de ontem. Visualmente, um palco estático e clássico com 5 músicos e 3 vozes de apoio e o James Taylor, cujo primeiro album foi lançado em 1969, a cantar em pé ou sentado, sem dançar nem saltar e a fazer um intervalo de 20 minutos.

Mas a música foi óptima, a relação com o público muito próxima, chegando a cantar músicas pedidas pela audiência que não estavam programadas e, ao contrário de ontem, voltou ao palco 3 vezes para cantar 4 músicas para além do previsto.

No caminho de volta a conversar com a Margarida, chegámos à conclusão que os espetáculos que mais gostámos ultimamente foram o de hoje, o Art Garfunkel que vimos há uns meses largos aqui em Londres e um concerto do Christopher Cross em Lisboa há uns anos.

Como diz uma amiga nossa, temos gostos idosos.

Monday 6 July 2009

Não haverá outros?

Já que uma oposição atenta e competente faz falta, dá vontade de perguntar se não haverá melhor que a Senhora Palin em todo o Partido Republicano?

O rei do pop morreu mas a rainha está bem e recomenda-se

Ontem (escrevo à 1H13 da manhã) fomos ver o concerto da Madonna ao O2, uma espécie de Pavilhão Atlântico enorme a leste de Londres.

A noite começou mal quando, por nabice minha, chegámos ao O2 quase 2 horas adiantados e tivemos que esperar pacientemente ao som de um DJ que nos massacrou com musica tecno durante uns 45 minutos.

O concerto é visualmente esmagador, com imensos ecrãs de alta definição por todo o palco que se movem para a frente e para trás, abrem e fecham e sobem e descem. Igualmente esmagadora é a vitalidade da Madonna que aos 50 anos, pulou, dançou e cantou durante quase 2 horas, acompanhada por um grupo de 8 bailarinos e uma banda de 4 pessoas.

O pior foi a música! Ou eram novas e eu não as conhecia ou eu conhecia-as mas os arranjos eram modernos e cheios de percussão.

Uma particularidade bifa que eu desconhecia: quando a Madonna deu o concerto por terminado,as pessoas levantaram-se e foram embora se sequer pedir mais uma ou duas músicas. Tudo muito obediente.

Apesar da contradição, mesmo sem ter gostado muito da música, o concerto foi óptimo.

Sunday 5 July 2009

Pedalar pela Europa e ganhar uma bicicleta para a Margarida

Para marcar o início da sua Presidência Europeia, a Embaixada da Suécia convidou as restantes Embaixadas para um passeio de bicicleta entre o centro de Londres e Hamsted Heath, um parque real a norte de Londres.

Lá nos apresentámos, umas 30 a 35 pessoas entre as quais a Vice-Presidente da Comissão Europeia (de origem Sueca), vários Embaixadores, outros diplomatas e equiparados, acompanhados ou não de conjuge e filhos, para, todos vestidos de igual e montados numas bicicletas eléctrias de origem Sueca, pedalar por Regente Park, Camdon Town e chegar a Hamsted Heath a tempo para assistir ao concerto de um dos ABBA.

E, tal como prometido pela Embaixada sueca, os que chegámos ao fim (ou seja, todos) pudemos ficar com a bicicleta que usámos. A Margarida é, agora, feliz proprietária de uma bicicleta hibrida, um colete reflector, um capacete e uma capa de plástico para a chuva.

O carnaval do arco-iris debaixo da janela

Ontem a manhã começou com uma muito animada barulheira debaixo da nossa janela. Como no ano passado, a "London Gay Pride Parade" organizou-se em Baker Street e percorreu Oxford Street, Regent Street e Picadilly Circus para acabar em Trafalga Square.

Do nosso ponto de observação privilegiado, a Margarida e eu vimos passar os vários grupos, a pé ou em caminhões de caixa aberta, representando, entre outros, os 3 ramos das Forças Armadas (que marcharam fardados), a Polícia Metropolitana (igualmente fardados), os bombeiros e a ambulância de Londres, os Guardas Prisionais, os Funcionários Públicos, a British Arways, os Católicos, Judeus e Mulçumanos Gay, os Sado-Maso Gay Men (que, cheios de correntes e cabedais, metiam medo) e muitas outras associações e grupos organizados.

No meio desta gente todas, estava também um autocarro aberto com "The Elderly Gay and Lesbian Community" que, composta por velhinhos (alguns muito velhinhos), muito devem ter sofrido por serem gay.

A orientação sexual será eventualmente uma das últimas discriminações socialmente aceites nas sociedades ocidentais mas pense-se o que se pensar sobre o assunto, como dizia um dos cartazes dos participantes, "Some people are gay: get over it!"

Friday 3 July 2009

De grande estatura moral e não só

Eu e a Margarida voltamos dos Estados Unidos no dia das eleições legislativas, pelo que não conseguirei estar em Portugal para votar. Por isso, fui hoje ao Consulado em Londres mudar o meu registo eleitoral para Londres e aproveitei para pedir o "Cartão do Cidadão".

Tudo feito on-line e rapidamente, lá substituí o BI, Cartão de Contribuinte, Cartão da Segurança Social, Cartão do Serviço Nacional de Saúde e Cartão de Eleito pelo novo cartão. E, à semelhança do novo Passaporte - que tirei também no Consulado há 18 meses - somos colocados perante uma máquina que tira a nossa fotografia, recolhe as impressões digitais e a assinatura e mede-nos a altura.

Pois fique-se a saber que segundo as máquinas do Consulado, no último ano e meio cresci 5cm, já que no passaporte tenho uns singelos 162cm e no cartão do cidadão tenho uns muito respeitáveis 167cm, sendo certo que ninguém (nem eu) notou esta fundamental diferença.

Quem sabe se não chego aos míticos 180cm antes dos 50 anos!

(Quase) de volta à civilização

A temperatura baixou e já se consegue andar na rua, embora as casas continuem quentíssimas.

Estes dias de calor lembraram-me um amigo Colombiano que vive em Madrid e que passava o verão a dizer que "suar não é digno de um cavalheiro". E não é.

Thursday 2 July 2009

De mal a pior

Hoje estarão 32ºC em Londres e a arquitectura não mudou nos últimos dois dias...

Wednesday 1 July 2009

O mundo dos outros II

Há tempos tive uma reunião na embaixada de um País do Golfo a quem a natureza generosamente dotou de lagos de petróleo. Discutindo a crise e para demonstrar a falta de liquidez do sistema financeiro, o meu anfitrião contou que o PM do seu País havia visitado recentemente o Reino Unido e tinha decidido, depois de um dia de reuniões e contactos, ir jogar um pouco a um dos vários casinos de Londres. Para grande espanto de todos eles, foi preciso recorrer a mais de um banco para se obter as 500 mil libras consideradas necessárias para se ter uma noite bem passada...