Tuesday 13 October 2009

Do bom senso e da falta dele

O chamado escandalo das despesas dos deputados britânicos continua. Agora por força dos resultados de uma comissão independente criada para avaliar todas as despesas apresentadas por todos os deputados nos últimos 5 anos.

Esta semana a comissão terminou o trabalho e enviou cartas a todos os membros do Parlamento a solicitar a devolução de valores que foram consideradas não correspoderem aos objectivos do sistema de pagamento das despesas, alguns no valor de vários milhares ou mesmo milhões de libras.

Se considerarmos a força da reacção da opinião pública e da opinião publicada britânica ao escandalo das despesas, duvido que haja algum Deputado que, querendo continuar a sua vida política, se recuse a pagar o que a comissão entender, sendo certo que não são poucas as vozes que exigem eleições antecipadas argumentando que os actuais deputados perderam a confiança dos eleitores e, portanto, a legitimidade para os representar.

Mas alguns dos deputados queixam-se que poderão ser culpados de falta de bom senso mas que agiram dentro da prática há muito instituida no sistema e que não violaram nenhuma lei. E acrescentam que a comissão avaliou as despesas sem ter uma clara definição do que seria aceitável ou não, baseando-se no entendimento pessoal que os seus membros fazem do espírito da sistema. Assim, substituiu-se um conjunto de entendimentos pessoais por outro.

De futuro e para evitar novos dissabores, foi decidido criar um conjunto rígido de regras para regular o mecanismo de pagamento de despesas dos membros do Parlamento, o que, em bom rigor, deveria ter sido o primeiro passo para resolver esta história (ou para a evitar). Mas como era necessário acalmar o clamor público, começou-se pelo telhado, acrescentando mais confusão ao caos.

Como a vida seria mais simples e agradável se a sensatez fosse um bem distribuido equitativamente por todos. Infelizmente não é.

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