Wednesday, 2 March 2011

Quem espera sempre alcança


Quando fui Chefe de Gabinete do Ministro dos Negócios Estrangeiros Freitas do Amaral, recebi um telefonema do Embaixador de um país acreditado em Lisboa a perguntar se o Ministro recebesse um convite oficial para visitar o país em questão, este aceitaria. Tendo assegurado o meu interlocutor que um convite seria muito bem recebido, fiquei a aguardar que o mesmo se materializasse.

Passadas umas semanas, o mesmo Embaixador convidou-me, com um ar preocupado, para almoçar pois tinha um assunto delicado que queria discutir comigo.

Depois de evitar o mais que podia a questão, o Embaixador encontrou na ementa que consultava longamente coragem para me dizer o que o preocupava: tinha falado com a sua Capital sobre o convite mas estes haviam respondido que o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal já tinha sido convidado para visitar oficialmente o país e que não havia respondido. Nessa medida, não se via necessidade de o voltar a convidar.

Nessa altura da conversa eu estava obviamente pouco àvontade: como é que era possível que eu tivesse deixado passar o convite? Por mais que tentasse, não me lembrava de nenhum convite! Que outros assuntos importantes ou urgentes teria eu ignorado?

O meu interlocutor, sem notar o meu crescente incomodo, perguntou-me se o Ministro se importaria de responder positivamente ao convite, tendo em consideração que o mesmo havia sido feito... há mais de 20 anos, em nome de outro MNE.

Imediatamente aliviado e já com vontade de rir respondi-lhe que as pessoas mudam mas que o convite era para o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, fosse ele ou ela quem fosse, pelo que teriamos todo o gosto em aceitar.

Daí em diante, o almoço foi um conjunto de simpatias mútuas e terminámos a brindar à amizade entre os nossos povos.

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