Monday, 31 January 2011

E a Bélgica?


Com tantas coisas a acontecerem em Portugal, no Brasil e no Mundo, nem nos lembramos que a Bélgica está sem governo desde Junho, sendo certo que se não nos lembramos nem somos lembrados é porque a situação é gerida de forma pacífica, ordeira e civilizada.

No news is good news, principalmente quando há razões para haver news.

Sunday, 30 January 2011

Mundo Árabe


Tenho hesitado em escrever sobre as tremendas mudanças que estão a ter lugar no Mundo Árabe porque não sou capaz de perceber quais serão as suas consequências.

Os sinais são positivos, já que a mudança de regime na Tunísia e as manifestações no Egipto e no Libano parecem ser conduzidas pela classe média educada e laica, simbolizada no Egipto por Al Baradei - ex-Director da Agência Internacional de Energia Atómica, diplomata e Prémio Nobel da Paz - e não por radicais, mas ainda é cedo para saber e tudo pode mudar.

O que já é possível dizer é que há limites para a repressão, o monolitismo, a prepotência e a violência e que por mais sólida uma ditadura pareça ser, mais cedo ou mais tarde, acaba por explodir ou por implodir.

E ainda há quem tenha dúvidas sobre as virtudes de uma democracia...

British Tennis


Ainda não foi desta que os britânicos tiveram uma alegria tenista.

As aves que aqui gorgeiam


Ontem ao fim do dia, também para fugir ao calor medonho que se fazia sentir em São Paulo, fomos ao cinema. Quando saímos, vi um Beija-Flor a voar mesmo por cima de nós.

O Beija-Flor, que tem em média uns 8cm e habita as Américas, é o único pássaro que consegue ficar parado no ar e que voa para trás, habilidades que ontem pude comprovar durante os 30 segundos que este Beija-Flor levou a investigar uma árvore antes de seguir caminho.

Não sendo um grande apreciador de pássaros, passarinhos, passarões, aves de rapina ou cucos, gostei muito de ter visto um Beija-Flor no meio da megatrópole paulista.

Saturday, 29 January 2011

Estado de Direito


Antes de mais quero deixar bem claro que não conheço os novos estatutos da FPF nem sei quem tem razão e quem não tem, mas sei que a Federação Portuguesa de Futebol está, como todos, sujeita à lei e que se decidir colocar-se à sua margem, tem que sofrer as respectivas consequencias.

Não são muitas as ocasiões em que temos que ser absolutos e intrasigentes mas, numa democracia, a aplicação do Estado de Direito é uma delas.

Friday, 28 January 2011

O mal


Faz hoje 66 anos que o Campo de Auschwitz foi libertado. Como diziam as organizações de sobreviventes: perdoar sim mas nunca esquecer.

Wednesday, 26 January 2011

Sol lá em cima e chuva cá em baixo


Ontem o Aeroporto de Guarulhos, a norte de São Paulo, esteve fechado durante 1H15 por causa da chuva torrencial, ao mesmo tempo que, no sul da cidade, o sol brilhava. São Paulo é tão grande que o boletim metereológico da cidade é apresentado por bairros e áreas e não para a cidade toda.

Aqui podemos ter, e normalmente temos, sol na eira e chuva no nabal.

Campeões


Graças a um interesse tardio da Margarida por ténis, tenho acompanhado alguns jogos do Open da Austrália, com crescente admiração por jogadores como Nadal ou Federer. Não é só a técnica, a força física e a qualidade do ténis jogado pelos jogadores que chegam a uma final de um Master de Ténis. O que mais me tem interessado é a força psicológica que os leva a nunca desistirem, por mais longo que o jogo seja ou mais perdida uma determinada a bola pareça ser.

Bem sei que o que acabei de escrever é um lugar comum, mas não deixa de ser impressionante ver, dia após dia, que o lugar comum está certo e que o que distingue um campeão de um "mortal" não é só técnica, que se aprende. O que distingue alguém como Nadal ou Federer dos outros é a vontade.

Tango


Este fim-de-semana fomos assistir a um show de tango argentino. Para além da orquestra composta por 3 acordões, 2 violinos e 1 piano que tocou os grandes clássicos, os bailarinos eram óptimos e o tango é uma dança estruturalmente sensual e algo machista.

Para além disso, o tango é uma dança dificil, cheia de passos complicados, trocas de pernas rapidíssimas e momentos de quase ginástica. Mas, quando dançado por que sabe, tudo parece simples, fluído e agradável.

Uma bela noite num ambiente divertido a lembrar os anos 30.

Friday, 21 January 2011

O poder da imagem


Na passagem dos 50 anos da tomada de posse do Presidente Kennedy, a GloboNews (quem mais?) passou um pequeno programa sobre a campanha que garantiu a Kennedy a nomeação democrata às eleiçoes de 1960. Com base em dois filmes da época, "Primaries" e "The man who would be President", sobressai a forma nova, dinamica e moderna com que JFK conduziu a campanha.

Mais interessante do que a campanha em si é notar como Kennedy utilizou a televisão. Para além de dar acesso a partes da sua vida privada, como a sua casa ou apresentar a sua filha mais velha aos telespectadores, os filmes mostram a minuciosa preparação estética que antecedia cada uma das suas aparições televisivas, incluíndo uma curta mas muito reveladora demonstração sobre a forma como Kennedy deveria cruzar os braços por forma a que as mangas do casaco não subissem mais do que 1cm nos punhos.

É um dado adquirido que Kennedy foi dos primeiros candidatos, se não o primeiro, a perceber a importância da imagem e o poder da televisão, mas não tinha ideia do nível de promenor a que a sua campanha chegou no estudo e controle da imagem do candidato.

Thursday, 20 January 2011

Missões de Paz


No final de 2009 as Nações Unidas tinham 15 Missões de Paz desde o Haiti até Timor Leste passando pela Europa, África, Médio-Oriente e o Sub-Continente Indiano, envolvendo 99.506 pessoas, entre Militares, Polícias e Civis.

Desta quase cem mil pessoas que trabalham em alguns dos piores lugares do Mundo, o maior contingente vem do Bangladesh (10,8%), seguido pelo Paquistão (10,7%) e pela Índia (8,7%). Depois do Sub-Continente, vêm a Nigéria, Egipto, Nepal, Jordania, Ruanda, Gana, Uruguai, Senegal, Etiópia, Brasil e todos os outros Países do Mundo.

Se compararmos os Países que têm mais pessoas nas Missões de Paz com o Índice de Desenvolvimento Humano, concluímos que o Uruguai e o Brasil estão no grupo dos Países com Alto Desenvolvimento Humano, a Índia e o Paquistão pertencem ao conjunto dos Países de Médio Desenvolvimento e todos os outros têm baixos níveis de Desenvolvimento Humano.

Não faço ideia o que explicará esta correlação, se alguma coisa a explica, mas não deixa de ser interessante que os Países que mais problemas têm sejam os mesmos que mais contribuem para o esforço das Nações Unidas em manter a paz no Mundo.

Wednesday, 19 January 2011

Finalmente


Pela primeira vez desde que os Fenícios fundaram Olisipo, os esgostos das casa da zona central e ocidental de Lisboa (hoje em dia, cerca de 120 mil) são tratados antes de serem despejados no Rio Tejo.

Tuesday, 18 January 2011

Ele há dias assim


"Copia esta frase no teu status se já foste, ou conheces alguém que foi afectado por alguém que necessita de uma chapada nas fuças. As pessoas que necessitam uma chapada nas fuças afectam muitas vidas. Ainda não se conhece cura para quem necessita uma chapada nas fuças, a não ser: uma chapada nas fuças! Cerca de 93% das pessoas nunca publicarão isto! Porquê? Provavelmente, porque precisam de uma chapada nas fuças!"

Tirado do Facebook de uma amiga

Monday, 17 January 2011

Coisas que se ouvem VII


Outro dia, num restaurante perto da minha casa, umas crianças faziam um barulho insuportável que incomodava toda a gente e o patrão, com um ar calmo, disse: "olha que chamo o Herodes", o que me fez lembrar de uma música do Vinícios de Moraes e do Toquinho chamada Quotidiano 2 e cuja letra transcrevo.

"Há dias que eu não sei o que me passa
Eu abro o meu Neruda e apago o sol
Misturo poesia com cachaça
E acabo discutindo futebol

Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão

Acordo de manhã, pão sem manteiga
E muito, muito sangue no jornal
Aí a criançada toda chega
E eu chego a achar Herodes natural

Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão

Depois faço a loteca com a patroa
Quem sabe nosso dia vai chegar
E rio porque rico ri à toa
Também não custa nada imaginar

Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão

Aos sábados em casa tomo um porre
E sonho soluções fenomenais
Mas quando o sono vem e a noite morre
O dia conta histórias sempre iguais

Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão

Às vezes quero crer mas não consigo
É tudo uma total insensatez
Aí pergunto a Deus: escute, amigo
Se foi pra desfazer, por que é que fez?

Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão"

E em Lisboa começou a ciência



A GloboNews, de longe um dos melhores canais de notícias que conheço - não tanto pelas notícias mas pelos outros programas de actualidade ou cultura que apresenta - entrevistou ontem à noite Edward Paice, Historiador britânico e autor de "The Wrath of God: the story of the great Lisbon earthquake of 1755" onde o autor desenvolve a tese que o Terramoto de Lisboa marcou o fim das justificações teológicas para os grandes acontecimentos e o surgimento das bases da ciência moderna.

Segundo Paice, até ao dia 1 de Novembro de 1755 a Europa vivia no "optimismo" de que nada de muito mau aconteceria pois Deus velava por nós. No entanto, a devastação em Lisboa foi de tal amplitude que levou Voltaire a escrever o "poème sur le désastre de Lisbonne" onde se questionava a explicação divina dos desastres naturais: como poderia Deus ter causado tamanha destruição e morte? E se Deus não tinha sido o causador da catástrofe, que outras explicações haveria? Nasce então a ciência.

Para além desse efeito absolutamente fundamental no desenvolvimento intelectual e científico mundiais, o terramoto de Lisboa deu início ao processo que resultaria na independência do Brasil em 1822. Para pagar a reconstrução de Lisboa, o Marquês de Pombal aumentou os impostos sobre os colonos brasileiros, nomeadamente em Minas Gerais, o que levou à Inconfidência Mineira de 1789, primeiro movimento independentista do Brasil.

A terra tremeu em Lisboa em 1755 e o Mundo nunca mais foi mesmo.

Thursday, 13 January 2011

Presidência da República


Serei só eu ou, numa altura em que a situação não está fácil, a campanha para a Presidência da República está a ser de uma pobreza e desinteresse absolutos?

Wednesday, 12 January 2011

Moro num país tropical II


O resultado das chuvas em São Paulo há 3 dias foi de quase 20 mortos, o que não se compara com os 360 mortos no Estado do Rio de Janeiro nas últimas 72 horas. Em ambos os casos, a maioria das mortes resultou de deslizamentos de terras.

Finalmente em casa


Depois de meses a viver do conteúdo de 3 malas, chegaram ontem as nossas coisas, o que significa que agora estamos cercados de caixas, caixinhas e caixotes por todos os lados. Nunca pensei que, mesmo nesta confusão total, os meus livros, discos, filmes e a máquina do café fossem suficientes para me fazer sentir, finalmente, em casa.

Democracia Brasileira


A Globo News, o canal de notícias da Rede Globo, está a entrevistar cada um dos Ex-Presidentes da democracia Brasileira, com excepção do Presidente Lula da Silva. A saber: José Sarney, Fernando Collor de Melo, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso.

Ontem foi a vez de Collor de Melo que, perante acusações de corrupção e roubo e tremendas manifestações populares pelo Brasil todo, renunciou antes de perder o mandato por decisão do Congresso. Eleito Senador nas últimas eleições Collor foi candido quanto ao processo de renuncia, contando que só percebeu que o seu mandato tinha chegado ao fim quando deu uma ordem ao piloto que, no seu último dia no Palácio do Planalto, o levava para casa e este não obedeceu.

Curiosamente, dos cinco ex-Presidentes brasileiros, só Fernando Henrique Cardoso e Lula da Silva tiveram mandatos sem qualquer surpresa. José Sarney, eleito Vice-Presidente de Tancredo Neves, assumiu depois da morte do Presidente-eleito e Collor de Melo renunciou, sendo substituído pelo Vice-Presidente Itamar Franco.

E no entanto, mesmo com todas estas crises, a democracia brasileira seguiu o seu caminho sem abalos nem soluços, com os votos nas urnas e a tropa nos quartéis.

Tuesday, 11 January 2011

Moro num país tropical


Para quem não sabe, São Paulo fica na linha do trópico de cancer - há até uma placa a indicar o local exacto one o trópico passa - o que torna a cidade, por definição, numa cidade tropical.

Essa tropicalidade é mais exuberante no verão, que começou no dia 21 de Dezembro, e traduz-se num padrão de tempo regular: calor o dia todo e chuvas torrenciais ao fim do dia que não são fáceis de descrever. O céu fica completamente negro, como se fosse noite fechada, caem grossas cordas de água acompanhadas de raios brilhantes e trovões barulhentos e o ar, que estava quente e pegajoso, fica limpo e fresco.

Haverá, naturalmente, espetáculos muito mais grandiosos na natureza do que as chuvas de verão nos trópicos, mas não serão assim tantos.

Em tempo: Como resultado das chuvas de ontem - a que se refere este post escrito no dia 10 à noite - resultaram 5 mortos e 7 desaparecidos na cidade de São Paulo. O espetáculo natural das chuvas de verão nos trópicos teve, ontem, uma faceta trágica.

Monday, 10 January 2011

Uma nova África?


Um dos principais princípios que a Organização de Unidade Africana sempre defendeu foi o da chamada "irreversibilidade das fronteiras" (confesso que não estou muito certo se o princípio de chama assim) que defende que as fronteiras estabelecidas no periodo colonial não devem ser alteradas, mesmo que os Estados africanos quase nunca correspondam a qualquer Nação africana. O princípio pretendeu evitar que África se transfomasse num mar de conflitos e guerras por causa da desagregação de Estados em várias Nações ou de disputas de fronteiras e de reclamações históricas sobre determinados territórios que fazem hoje parte de dois ou mais países.

Sem prejuízo para os muitíssimos e graves conflitos inter e intra Estados que África tem conhecido ao longo da sua curta história post-independências, o princípio da estabilidade das fronteiras nunca foi posto em causa, nem mesmo quando a Eritreia se tornou independente da Etiópia, já que tratou-se da reposição da situação anterior à invasão italiana do Corno de África na II Guerra Mundial.

O referendo deste fim-de-semana no Sudão - caso o Sul opte pela independência - poderá abrir a porta de sabe-se lá quantas questões de traçado de fronteiras no continente com consequências que não serão difíceis de imaginar.

Não quero com isto dizer que sou contra o referendo. Não sou. Entendo que o povo do sul do Sudão tem tanto direito à autodeterminação como qualquer outro e que um processo pacífico, controlado e supervisionado é sempre melhor que uma guerra civil ou étnica ou que forçar um grupo a viver associado a outro, quando não é esse o seu desejo. Mas espero que as Nações Unidas estejam preparadas para os efeitos de multiplicação das pretenções nacionais e territoriais que a alteração das fronteiras em África irá alimentar.

Sunday, 9 January 2011

A viagem dos malditos - parte III


A minha ida do Brasil para a Europa, tão cheia de desventuras (ver abaixo), continuou ontem quando fui fazer o check-in para voltar para São Paulo. Apresentando-me no balcão TAP, a senhora olhava para o meu passaporte e para o ecrã do computador, carregando cada vez mais freneticamente nos botões para, por fim, perguntar-me se eu tinha estado em Londres.

Como eu não apanhei o avião de Paris para Londres, o sistema "não percebia" como é que eu poderia estar noutro aeroporto qualquer, já que se tratava do regresso da viagem maldita com o mesmo código de reserva. Para resolver o drama do computador, foi necessário emitir um cartão de embarque de Paris para Londres e, só depois, o cartão de Lisboa para São Paulo.

Os computadores são óptimos quando as coisas correm como previsto, mas assim que se sai da normalidade, começa a confusão que só a flexibilidade de uma pessoa consegue resolver.

Saturday, 8 January 2011

De volta às Americas


Depois de quase 3 muito boas semanas na Europa, a Velha Albion volta hoje para as Terras de Vera Cruz. Adeus Europa, até ao meu regresso.

Thursday, 6 January 2011

Meus amigos


Muito obrigado por todas as mensagens, chamadas, sms, posts e abraços que recebi ao longo do dia de hoje de tantos Amigos dos quatros cantos do Mundo. Quem tem amigos tem tudo, e eu tenho-os.

Tuesday, 4 January 2011

Animais nossos amigos


Ontem à noite, durante o jantar anual da AICEP, discutiam-se as belezas naturais da Austrália, onde algumas das pessoas com quem partilhei a mesa já tinham estado ou vivido. Como não poderia deixar de ser, falou-se também nos tubarões, crocodilos de água salgada, serpentes marinhas e outros animais que habitam aquelas águas e que têm má fama.

Dada a proximidade geográfica, encontramos todos esses animais em Timor-Leste, alguns dos quais tive a oportunidade de ver nos vários mergulhos que fiz na região de Dili entre os verões de 2006 e 2007, nomeadamente um Tubarão de Ponta Branca - igual ao que aparece na fotografia - que dormia satisfeito a uns 300 metros da costa e 20 metros de profundidade depois de uma noite de caça ao marisco, base civilizada da sua dieta.

Com raras excepções - como os crocodilos de água salgada que comem praticamente tudo - os seres humanos não fazem parte da dieta de nenhum animal e, portanto, caso não se sintam ameaçados, haja comida e não estejam assustados, os animais selvagens raramente atacam pessoas.

Claro está que os animais são curiosos e a única forma de saberem se somos ou não parte da dieta preferida é dar uma trinca, nomeadamente nos surfistas que vistos de baixo são iguais a tartarugas, essas sim, uma iguaria apreciada por tubarões.

Saturday, 1 January 2011

Chuva e mais chuva


Acho que nunca apanhei tanta chuva enquanto andava de mota como nos últimos 3 ou 4 dias. Comparada com Lisboa, até Londres tem um clima seco e moderado!