Sunday, 8 March 2009

Um País quase como os outros

Portugal - Um Retrato Social, de António Barreto e Joana Pontes deixa um sentimento misto. Por um lado, devemos estar colectivamente orgulhosos com o tanto que Portugal melhorou nos últimos 40 anos: de uma sociedade pobre, fechada, rural, analfabeta e desigual, somos hoje uma sociedade muito mais rica, cosmopolita, citadina, educada e igual. Por outro lado, somos um País ineficiente, que produz pouco e mal, gasta muito para os resultados que obtém e falha onde não podia falhar, nomeadamente na Justiça e na Educação.

Os vários exemplos do que corre bem em sectores que genericamente correm mal explicam-se pela autonomia e pela responsabilização. Escolas e serviços de saúde que contratam objectivos com os respectivos Ministérios e que se auto-organizam obtêm resultados muito superiores aos obtidos pelos que são geridos centralmente.

Mas o que fica é o quão difícil é viver em Portugal: horas perdidas no trânsito; ineficiências várias e custo de vida elevado são exemplos do nosso calvário diário, tão bem ilustrado por uma Senhora que se levanta às 5 da manhã, leva os filhos à escola às 7, começa a trabalhar às 8H30, volta a casa 12 horas depois, faz o jantar, arruma a casa, vê um pouco de televisão e deita-se à 1 da manhã do dia seguinte, para, 4 horas mais tarde, recomeçar o seu interminável dia.

Portugal é, sem dúvida, um País muito melhor do que era. É, como dizia há uns anos António Barreto, o mais pobre dos Países ricos. Um País quase como os restantes Países europeus. Mas esse quase obriga-nos a um quotidiano duro e cansativo, desanimado e deprimido.

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