Monday 15 February 2010

Diplomacia económica

O programa da BBC4 sobre a diplomacia britânica onde se contou a história do pente do careca (ver dois posts abaixo), foi dedicado às relações entre o Reino Unido e a China.

Embora a transição de Hong Kong tenha ocupado uma parte importante do programa, houve amplo espaço para se debater a primeira missão diplomática britânica ao Império do Meio que, conduzida por um nobre anglo-irlandês no Séc. XVII, tinha como principal (se não único) objectivo, abrir o já então enorme mercado chinês ao comércio e garantir o fornecimento de chá para estas ilhas.

Partindo desta missão diplomática - que, por sinal, falhou redondamente - o programa apresenta um conjunto importante de ex-embaixadores e ex-ministros dos negócios estrangeiros a falarem na importância da diplomacia económica e do papel dos Embaixadores e das missões diplomáticas na promoção e protecção das empresas britânicas nos países onde estão colocados.

Mas não são só os britânicos que têm presente a importância da diplomacia económica: quando fui Secretário de Estado recebi um "convite urgente" para almoçar com um Embaixador de um País da União Europeia no próprio dia. Sem saber o que justificava tamanha urgência, aceitei de imediato o convite. Ao chegar à residência do embaixador, fui levado directamente para a sala de jantar onde a mesa estava posta para duas pessoas, o que me pareceu mais um sinal de eminente crise diplomática. Depois das simpatias habituais, entrámos no tema do almoço: uma empresa do País representado pelo meu anfritião que estava a ter problemas com uma direcção-geral portuguesa.

Embora bastante mais tarde que outros países, também nós incorporámos a economia e as empresas nas nossas preocupações diplomáticas e a crescente intimidade entre o MNE e o Ministério da Económia, através da AICEP, nomeadamente a co-instalação das Embaixadas e dos Centros de Negócios da AICEP e a nomeação dos respectivos directores como Conselheiros Económicos e Comercias é disso prova.

O futuro de um País depende tanto da sua economia como da sua política e a utilização dos vários mecanismos de política pública para a sua promoção é apenas uma questão de bom senso.

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