Thursday, 25 March 2010

A idade do declínio?


A crise financeira e económica da Grécia veio demonstrar, uma vez mais, que a base sobre a qual a União Europeia frutificou - solidariedade e não-discriminação entre os seus membros - já não é um dado adquirido.

Reconhecendo a validade das preocupações da Alemanha (para não falar no seu calendário eleitoral) diria que este assunto seria tratado de forma diferente há uns anos, quando a Europa tinha outros lideres.

Utilizando uma classificação muito na moda poderiamos dividir a história da União Europeia em três fases distintas: a idade da construção - que vai do fim da II Guerra Mundial à assinatura do Tratado de Roma -; a idade do apogeu - que vai do Tratado de Roma ao Euro - e a idade do declínio, onde nos encontramos.

Há várias razões que poderiam explicar o declínio da União Europeia, desde o fim do bipolarismo até à aceleração brusca do processo de integração, passando por um alagamento demasiado abrangente. Mas nenhuma dessas razões é inultrapassável.

O que é inultrapassável é a mudança geracional nas lideranças da União e dos seus Estados membros. Durante a formação e o apogeu da União Europeia, os seus líderes conheceram os horrores da guerra e reconheceram que a solidariedade era o preço a pagar para manter a paz, a prosperidade e a concórdia na Europa. Mas o tempo passou e os nossos dirigentes não têm a mesma memória.

Esperemos que a União Europeia sobreviva a esta alteração profunda e irreversível. Não devemos deitar pela janela uma das mais impressionantes construções políticas que há memória, que tem contribuido decisivamente para um dos mais longos periodos de paz e prosperidade no nosso continente.

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