Partida, largada, fugida... Eleições à vista

Começou ontem, embora oficiosamente, a corrida para as eleições de 6 de Maio (se for essa a data) com um debate entre os 3 candidatos a Ministros das Finanças. Perante uma audiência que foi responsável pelas perguntas postas aos candidatos, e pela ordem em que aparecem na fotografia, Alister Darling (Trabalhista e actual MF), Vince Cable (Liberal Democrata) e George Osborne (Conservador) discutiram as diferenças e semelhanças entre os 3 Partidos.

Como seria de esperar, a principal diferença radica no papel do Estado e do investimento público tendo como pano de fundo a necessidade de baixar a dívida britânica. Curiosamente, os Liberais Democratas foram os que recolheram mais palmas do público presente pois, encontrando-se ideologicamente ao centro, permitem-se ir buscar as melhores soluções de ambos os lados do espectro ideológico.

Durante 1 hora foi possível ouvir cada um dos protagonistas sem gritarias ou atropelos mas, antes pelo contrário, com grande seriedade e educação e perceber as diferenças entre os principais partidos. Um bom debate, elevado e esclarecedor, que faz justiça à importância das eleições e da escolha esclarecida.

O silêncio nas profundesas

Hoje fui passar a tarde no London Internationational Dive Show onde estive a ver as últimas novidades e técnicas de mergulho.

Embora não haja grandes novidades, pude experimentar um "rebreather", uma maquineta que recupera o ar expirado pelo mergulhador, limpando-o e enriquecendo-o para que possa ser usado novamente. O rebreather tem algumas vantagens, nomeadamente permitir estar muito mais tempo debaixo de água pois o ar não é deitado fora e o silêncio que a ausência de bolhas permite, o que não acontece no mergulho com garrafas, como se vê na fotografia em que apareço a mergulhar em Timor.


Ainda no maravilhoso mundo do mergulho, vou fazer em Abril as 4 especialidades que me faltam para ser Master Scuba Diver. A saber: Fato Seco, Peak Performance Boyance (que não faço idea como se diz em português), Mergulhador de Profundidade e Mergulhador de Destroços. Terminados esses cursos, terei atingido o escalão mais alto do mergulho não profissional, processo que comecei em Timor em 2006 e que interrompi depois de ter terminado o curso de Rescue Diver, retratado na fotografia em baixo com a Marianne (instructora) e o Rui (que terminou o curso no mesmo dia).

Comissão Europeia: Motor de Integração ou Funcionalismo Público

Uma das características inovadoras da União Europeia quando comparada com outras organizações internacionais tem sido o papel da Comissão Europeia, nomeadamente a sua independência em relação aos Estados Membros e a sua capacidade solitária de iniciar programas e legislação comunitária. Essa independência tem permitido que a Comissão proponha soluções que sejam do interesse da União e de todos ou da maioria dos Estados membros, sejam eles a pequena Malta ou a grande Alemanha.

Infelizmente, o Tratado de Lisboa veio destruir a independência absoluta da Comissão ao juntar os papéis de Alto representante para a Política Externa - que depende da vontade dos Estados - e de Vice-Presidente da Comissão. E, como seria de esperar, no primeiro confronto entre a faceta intergovernamental e a faceta comunitária do novo posto, a primeira mostrou-se claramente mais forte, remetendo a Comissão para um papel de pouco mais que mero executor da vontade dos Estados.

Trilhamos caminhos perigosos.

A idade do declínio?

A crise financeira e económica da Grécia veio demonstrar, uma vez mais, que a base sobre a qual a União Europeia frutificou - solidariedade e não-discriminação entre os seus membros - já não é um dado adquirido.

Reconhecendo a validade das preocupações da Alemanha (para não falar no seu calendário eleitoral) diria que este assunto seria tratado de forma diferente há uns anos, quando a Europa tinha outros lideres.

Utilizando uma classificação muito na moda poderiamos dividir a história da União Europeia em três fases distintas: a idade da construção - que vai do fim da II Guerra Mundial à assinatura do Tratado de Roma -; a idade do apogeu - que vai do Tratado de Roma ao Euro - e a idade do declínio, onde nos encontramos.

Há várias razões que poderiam explicar o declínio da União Europeia, desde o fim do bipolarismo até à aceleração brusca do processo de integração, passando por um alagamento demasiado abrangente. Mas nenhuma dessas razões é inultrapassável.

O que é inultrapassável é a mudança geracional nas lideranças da União e dos seus Estados membros. Durante a formação e o apogeu da União Europeia, os seus líderes conheceram os horrores da guerra e reconheceram que a solidariedade era o preço a pagar para manter a paz, a prosperidade e a concórdia na Europa. Mas o tempo passou e os nossos dirigentes não têm a mesma memória.

Esperemos que a União Europeia sobreviva a esta alteração profunda e irreversível. Não devemos deitar pela janela uma das mais impressionantes construções políticas que há memória, que tem contribuido decisivamente para um dos mais longos periodos de paz e prosperidade no nosso continente.

Da preguiça

Com o meu pedido de desculpas e ultrapassada a uma imensa preguiça, eis-me de volta à Velha Albion.

Dura Lex Sed Lex

Tirado do facebook de um amigo

Como funciona... um fundo de investimentos?

Hoje fui convidado a participar numa reunião de estratégia de um dos muitos fundos de investimento que há em Londres.

Num ambiente descontraido e muito jovem, umas 20 pessoas literalmente espalhadas por uma sala de reuniões ouviram o "Chief Economist" explicar as tendências macro-económicas mundiais para os próximos anos, nomeadamente o que se pode esperar nos países da OCDE e nos BRICs, tendo traçado um quadro cautelosamente pessimista. Logo depois, o responsável pela carteira de investimentos de risco elevado veio apresentar a respectiva estratégia: dada a incerteza que se vive nos mercados, tinham optado por concentrar as posições em acções de risco e rentabilidade média, para não correr riscos desnecessários.

Todo o processo durou pouco mais de uma hora, altura em que todos - incluindo os responsáveis máximos de cada departamento - voltaram os respectivos lugares num enorme "open space" onde trabalham.

Foi uma manhã interessante e fiquei a perceber melhor os mecanismos de decisão dos fundos de investimento.

Margarida motoqueira

A pedido de várias familias, eis a Margarida pronta para qualquer aventura motard.

A fama solitária

Nos últimos anos, a culinária tem vindo a tornar-se cada vez mais importante para os britânicos, eventualmente em reacção a anos e anos de má comida. Uma das facetas mais visíveis deste novo entusiasmo são os intermináveis programas de televisão protagonizados por cozinheiros famosos ou os concursos onde o prémio mais cobiçado é um emprego como aprendiz em algum restaurante importante.

De entre estes concursos o mais famoso é Master Chef, cujos jurados são os dois senhores na fotografia. Mas com a fama veio a solidão: desde que começou o concurso, nunca mais foram convidados para jantar em casa de ninguém, não vão eles "julgar" a qualidade do jantar dos amigos.

Vendo Veleiro em Lisboa

Como alguns saberão, tenho o barco em Lisboa amarrado a um poste a estragar-se, o que me provoca profunda neura. Somem-se as compreensíveis angustias sempre que vejo que o tempo está péssimo em Portugal e a irracionalidade económica de ter um barco onde ando 1 ou 2 vezes por ano. Assim resolvi, com grande peso na alma, vender o Corto. Para os eventuais interessados e os seus amigos, o Corto é:

Shipman 28 de 1973 (desenho sueco e construção irlandesa)

Lotação 6 pessoas

Inspecção em 2007

Categoria 4

Parlamenta completa

2 Sondas de fundo (1 poço e 1 antiga mas a funcionar na cabine)

Radar (poço)

GPS (poço)

Agulha (poço)

Piloto automático (ligado ao GPS)

Balsa para 6 pessoas

2 Epirbes (1 em frequência moderna e outro na frequência antiga)

1 VHF com DSC

Electricidade toda nova (em 2007)

2 Velas grandes (1 nova e outra usada)

2 Genoas (1 nova e outra usada)

1 Vela de balão (usada)

2 carregadores de bateria

Cozinha e frigorifico

Ligação de corrente à terra

2 extintores (1kg e 2kg)

Antena de televisão

Motor inbord de 7,5cvs

Foi tirado da água em 2007 – limpeza e pintura de fundo e substituição dos zincos

Por estar parado há 1 ano, o barco tem os seguintes problemas:

- Motor (arranjo ou substituição por outro igual custa cerca de €2500)

- Baterias precisam serem substituídas (cerca de €100 x 2)

- Balsa precisa ser revista (cerca €400)

- Extintores precisam serem carregados ou substituídos (cerca €20 x 2)

Eu saía sempre (ou quase sempre) em solitário, pelo que o barco esta preparado para isso, mas permite 6 pessoas confortavelmente para passear ou 4 adultos para dormir. É um barco desenhado para o atlântico norte, muito seguro, com um poço fundo e protegido.

Preço:

Custo do barco em 2006 - €21000

Investimento e arranjos feitos por mim €3000

Total €24000

Mas como disse, quem comprar o barco terá que gastar cerca de €3100 para o por em ordem e tendo em consideração os tempos, estou a pedir cerca de 15 mil euros.

O barco (que me custa imenso vender mas que me custa ainda mais deixar estragar-se) é ideal para quem queira um primeiro veleiro para cruzeiro ou um veleiro para sair em solitário.

Caso haja interessados, poderei mandar mais fotografias e poderei pedir a um amigo em Portugal que mostre o barco.

Segurança Rodoviária

Dentro e no topo da Microlet que liga Dili a LosPalos em Timor Leste

People who read the papers

E em Portugal? Quem lê os jornais?

E amanhã para Aveiro

Amanhã participarei no V Congresso da Associação Portuguesa de Ciência Política onde irei moderar um painel sobre os "Challanges of Foreign Policy" e apresentar uma comunicação num painel dedicado às "Três Faces do Poder Normativo" da União Europeia. Para quem tenha curiosidade, este são o poder normativo no combate à pena de morte (Raquel Vaz Pinto), duas comunicações sobre o poder normativo e os Estados membros (eu e Isabel Costa Leite) e uma comunicação sobre o poder nomativo e a bacia do Mediterrâneo (Henrique Burnay).

Para além do prazer de ir ouvir ideias novas sobre assuntos que considero interessantes, é reconfortante ver a dimensão e abragência do programa do congresso: mais de 100 comunicações sobre dezenas de assuntos apresentadas por investigadores de várias partes do Mundo.

A Ciência Política em Portugal está a tornar-se num campo de estudos e investigação reconhecido e a Associação está de parabéns pelo trabalho que, ano após ano, tem vindo a desenvolver.

A graças do ofício

Hoje esteve um dia lindo em Londres, cheio de sol e sem vento nenhum, pelo que decidi deixar a mota em casa e ir trabalhar de bicicleta, atravessando Hyde Park num passeio muito agradável e relaxante.

Ao chegar, o Senhor Diamantino - porteiro da Embaixada - olhou para mim muito risonho e perguntou se eu tinha perdido o motor, seguindo-se uma gargalhada satisfeita. Ao fim do dia, voltei pelo mesmo caminho, que é menos relaxante pois da Embaixada até casa é quase sempre a subir, e quando cheguei o porteiro do meu prédio perguntou quase tão contente quanto o Sr. Diamantino: Lost your engine sir?

Haverá uma escola secreta de piadas para porteiros que eu não conheço?

Longe da cidade, perto da colina, descrevendo o Ramalhete

Quando vivi em Bristol fui espreitar a casa onde Eça de Queroz viveu durante 10 anos - entre 1878 e 1888 - e onde escreveu a maior parte d'Os Maias. A casa, grande e com um ar confortável, fica numa zona sossegada, cheia de árvores, no sopé de umas das várias colinas de Bristol e, ainda hoje, longe da cidade.

Gosto de pensar no Eça sentado no jardim, de casaca e caneta em punho, a criar o Carlos, a Maria Eduarda, o Ega, a Cohen, o velho Afonso, o Dâmaso e muitas outras personagens de um dos melhores livros escritos em língua portuguesa.