Não sou um grande fã do pessimismo militante de Pacheco Pereira mas ontem na "Quadratura do Círculo", PP explanou longamente a sua visão - pessimista mas interessante - do atual momento político em Portugal.
Diz Pacheco Pereira - em tom extremamente crítico - que a atividade do Governo PSD-CDS não corresponde apenas à necessidade de diminuir fortemente as despesas públicas e do déficit, mas correspondendo também e talvez de forma mais fundamental, a uma visão estruturante de Portugal.
Segundo a leitura de Pacheco Pereira, o Governo entende que uma vez que Portugal não produz riqueza suficiente para manter o nível de vida que se habituou nos últimos 10 anos, terá necessariamente que limitar os gastos aos ganhos. Ou seja, para o Governo, é fundamental empobrecer Portugal até ao nível do que formos capazes de produzir, obrigando esse ajustamento por meio da fiscalidade e dos cortes nos mecanismos de apoio social.
Será assim? Haverá uma vontade voluntária do Governo de empobrecer Portugal até ao nível da nossa produtividade? Terá essa estratégia em conta que quanto mais empobrecermos, mais pobre ficaremos por força da quebra do consumo, da confiança e do emprego? Não seria mais interessante criar condições para o crescimento da produtividade? Como fazê-lo? São perguntas difíceis e intelectualmente interessantes.
No entanto, o resultado desta analise intelectualmente estimulante é trágica: Governar é lidar com pessoas de carne e osso, com vidas e angústias e não com abstrações teóricas ou números.
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