Friday, 29 April 2011

Tio Manel Vieira


Ontem a Confraria do Vinho do Porto ofereceu um jantar no Iate Clube de Santos, em São Paulo, para marcar a entrada na Confraria de um conjunto importante de Brasileiros e Portugueses que se distinguiram na promoção do Vinho do Porto nestas paragens.

Tendo ficado sentado na mesa do Chanceler da Confraria, George Sandeman - CEO da Casa Sandeman do vinho do Porto - ouvi-o dizer que já havia trabalhado com enólogos de todo o mundo e que de entre os melhores estava o Eng. Manuel Vieira.

Fiquei muito contente em sabe-lo, mais que não fosse pelo facto do Eng. Vieira ser o meu Tio Manel, irmão da minha mãe - o que o George Sandeman desconhecia até eu lho dizer.

Wednesday, 27 April 2011

Correndo para o abismo


Não satisfeitos com o lindo serviço que têm feito na resolução da crise do Euro, os nossos queridos líderes europeus agora resolveram colocar em causa a livre circulação de pessoas no espaço da União Europeia, um dos pilares fundamentais do Mercado Interno.

Será que não se consegue parar estas nulidades políticas antes que elas consigam destruir a União Europeia?

Rumores


Tanto quanto se consegue perceber, as negociações entre o FMI, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia e as autoridades portuguesas estão a decorrer num clima de recomendável e surpreendente recato. Isso não tem impedido os jornais de apresentarem diariamente - ou mais que uma vez por dia nas edições on-line - grandes parangonas onde anunciam medidas cada vez mais austeras a que seremos colectivamente sujeitos, numa espécie de concurso delirante.

Que o pacote final a ser negociado entre Portugal e a troika não vai ser leve e que as nossas vidas vão ser mais difíceis ninguém tem dúvidas. Mas que ninguém sabe ainda em que se traduzirá o acordo parece ser igualmente verdade.

Já não deve faltar muito para sabermos o que nos espera. Até lá, não vale a pena continuarmos neste exercício de auto-flagelação especulativo.

Tuesday, 26 April 2011

Memórias


Na primeira vez que vivi em São Paulo - entre 1975 e 1981 - ia muitas vezes para casa dos meus Tios Mário e Bi Quartin Graça no Rio de Janeiro. Dessas estadas, lembro-me particularmente dos dias passados na praia de Ipanema, mais precisamente no Posto 9 - umas estruturas de apoio à praia, na fotografia -, onde se reunia a comunidade portuguesa e onde passavamos o dia a jogar futebol, a tomar banho, a tentar beber copos e mais copos de chá mate leão e a tentar convencer os nossos Pais a comprarem umas pizzas cozidas na altura.

Nesta Páscoa voltei ao Posto 9. A praia, muito mais pequena do que me lembrava, estava cheia de gente e não consegui perceber onde é que jogavámos futebol ou corriamos como doidos. Mas a pizza ainda está lá e continua a saber à mesma coisa!

Em 30 anos muitas coisas mudam, mas a pizza da Praia de Ipanema resiste ainda e sempre ao tempo.

Alguém sabe para onde vamos?


No avião de São Paulo para o Rio de janeiro, o piloto deu as boas vindas aos passageiros dizendo "bem-vindos ao voo da TAM para..." e depois de uma curta pausa, voltando-se para o co-piloto com o microfone ainda ligado: "afinal para onde vai este avião?". Uma hora mais tarde, quando pousamos no Rio de Janeiro a hospedeira (ou aeromoça) deu-nos, por duas vezes, as boas vindas a... São Paulo!

Foi certamente o voo mais nonsense que alguma vez apanhei.

Wednesday, 20 April 2011

Rio de Janeiro


Aproveitando o Feriado do Tiradentes e a Páscoa, a Margarida e eu estaremos entre amanhã e Domingo no Rio de Janeiro, onde se prevê uma temperatura de cerca de 30ºC e sol. Até ao nosso regresso, desejo ao leitor ou leitores destas notas uma óptima Páscoa.

Tuesday, 19 April 2011

Só para dizer o óbvio


Seja qual for o pacote que o FMI, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia venham a negociar com as autoridades portuguesas, é claro para todos que o Estado vai deixar de poder fazer muitas das funções e prestar muitos dos apoios e ajudas que nos habituou.

Restar-nos-à (re)vitalizar a Sociedade Civil portuguesa, assumindo colectivamente algumas daquelas funções e organizar-nos para suprir os apoios e ajudas que não mais receberemos.

Quer queiramos quer não, vamos ter que aprender a viver fora da sombra do Estado. E se no longo prazo ganharemos mais do que perderemos, no curto prazo não vai ser fácil.

Dia da Comunidade Luso-Brasileira


Desde a década de 60 que o dia 22 de Abril, data em que os portugueses desembarcaram no Brasil em 1500, foi definido como o Dia da Comunidade Luso-Brasileira. Como este ano o dia 22 é Quinta-Feira Santa, as comemorações solenes tiverem lugar hoje na Câmara Municipal de São Paulo.

No Salão Nobre da Câmara, decorado com todas as bandeiras portuguesas que vigoraram entre 1500 e 1822 (data da Independência do Brasil), foram homenageados vários Portugueses e de Luso-Descendentes que têm ou tiveram um papel importante na ou para a Comunidade Portuguesa em São Paulo.

Antecedendo as entregas dos diplomas, o Deputado Municipal paulistano que presidiu à sessão anunciou que a partir do ano que vem, as Escolas municipais de São Paulo passarão a dedicar a semana de 22 de Abril à promoção da importância da Comunidade Portuguesa, através de trabalhos de grupo e outras actividades.

Para quem tivesse alguma dúvida sobre a importância e a integração da Comunidade Portuguesa em São Paulo, bastar-lhe-ia ter assistido aos discursos e homenagem que os representantes eleitos da Cidade lhe prestaram e teria ficado completamente esclarecido.

Monday, 18 April 2011

O segredo


Ao fim de seis meses, descobrimos o segredo para se aguentar o trânsito, o cimento e o stress de São Paulo: sair da cidade para nada fazer num ambiente relaxante.

Foi o que fizemos este fim de semana na Praia do Camburizinho, no litoral norte de São Paulo, a 170 km de nossa casa. Uma praia de areia branca e água quente cercada pela Mata Atlântica e uma pousada simpática a 150 metro da praia.

Durante dois dias inteiros dormimos, lemos, passeámos pela praia, tomamos banhos de mar e jantámos com amigos que, por coincidência, também lá estavam.

De tempos a tempos, todos precisamos de arejar. Mais precisamos, numa cidade com quase 25 milhões de pessoas durante a semana e mais de 6 milhões de carros.

Friday, 15 April 2011

Camburi


Aproveitando o verão tardio que se espera para este fim-de-semana em São Paulo, a Margarida e eu iremos para a praia de Camburi, a 170km da cidade.

Tratando-se da nossa segunda ida à praia desde que aqui chegámos, espero que Camburi mereça a fama que tem, já que anterior experiência não foi lá muito conseguida.

Thursday, 14 April 2011

Musica para os meus ouvidos


Embora São Paulo tenha uma vida cultural muitíssimo boa e variada, a música classica, por qualquer razão, não é o forte da oferta disponível. Sem prejuízo, realiza-se há 30 anos o Festival Mozarteum Brasileiro que, como o nome indica, só toca musicas de Mozart.

Ontem a Margarida e eu fomos ouvir dois Divertimentos, um Concerto para Violino e Orquestra e um Concerto para Violino, Viola e Orquestra. Um óptimo início de noite numa sala quase cheia de um público entusiasta que "obrigou" as solistas a um encore e a orquestra a outro.

Tuesday, 12 April 2011

Oceanos


Não faço ideia quando o ser humano começou a explorar os oceanos, mas foi muitos séculos antes de Yuri Gagarin (ver post imediatamente abaixo) ter iniciado a exploração do espaço. E no entanto, sabemos muito mais sobre as estrelas do que sabemos sobre o fundo dos oceanos.

Para nós portugueses, que tivemos a nossa "hora mais brilhante" quando nos lançámos ao mar, poderá ser no mar - onde muitíssimo está ainda por fazer - que encontraremos o nosso nicho de crescimento e afirmação enquanto País.

Yuri Gagarin


Faz hoje 50 anos que Yuri Gagarin, conhecido como o "cosmonauta sorridente", iniciou as viagens espaciais tripuladas. Depois dele, menos de 600 pessoas no Mundo inteiro romperam as correntes da gravidade e sairam do nosso planeta.

Com muita pena resigno-me a não ser uma dessas pessoas e poder ver directamente o que há para lá das fronteiras da Terra.

Monday, 11 April 2011

A culpa não é minha...


Alguém me lembrou um inquérito onde se perguntava aos condutores se eles achavam que genericamente se guiava mal em Portugal e, em segundo lugar, se o próprio achava que guiava mal. Sem grandes surpresas, mais de 90% respondeu que sim à primeira pergunta e que não à segunda.

No País dos Fangios, o inferno são os outros!

Um homem honesto


Esta manhã ouvi nas notícias que um homem que perdeu tudo nas inundações da região serrana do Rio de Janeiro no início do ano e que continua a viver numa espécie de refúgio, encontrou uma mala com 30 mil Reais em dinheiro (cerca de 12 mil Euros) e, sem pestanejar, devolveu-a intacta ao respectivo dono.

No meio de guerras, crises, mortes, tsunamis e sabe-se lá mais o quê, há notícias que nos fazem ficar mais bem dispostos. São é poucas...

Saturday, 9 April 2011

Close but no cigar


Os senhores na imagem, lideres Democrata e Republicano no Congresso americano, chegaram a um acordo na última hora (literalmente) sobre o orçamento, o que impediu ou adiou o encerramento do Governo Federal e todos os seus serviços, desde os salários de todos os funcionários federais até aos Museus.

As instituições americanas mostraram ser um pouco - mas muito pouco - mais sensatas que as nossas.

O umbigo e o País


Cerca de 50 pessoas (à data em que escrevo) de vários quadrantes políticos, profissões, idades e tradições publicaram um "Compromisso Nacional" que mais não é do que exigir às instituições políticas portuguesas que, pensando no País e não nos respectivos umbigos, tenham Sentido de Estado e estejam à altura das circunstâncias que vivemos.

Dizem os signatários:

"1 - Portugal está a viver uma das mais sérias crises da sua história recente. Essa crise tem uma dimensão financeira e económica, que se reflete no défice orçamental, no desequilíbrio externo, no elevado grau de endividamento público e privado e nos baixos índices de competitividade e crescimento da economia, com grave impacto no desemprego, em especial nas gerações mais novas; mas tem igualmente uma dimensão política e social grave, que se exprime numa crescente dificuldade no funcionamento do Estado e do sistema de representação política e em preocupantes sinais de enfraquecimento da coesão da sociedade e das suas expectativas.

2 - A crise financeira e económica mundial que se iniciou em 2007,com origem nos Estados Unidos, gerou em 2009 a maior recessão global dos últimos 80 anos e transformou-se, mais tarde, na chamada crise da dívida soberana, que abriu no seio da União Europeia um importante processo de ajustamento político e institucional, afetando de modo especialmente negativo alguns dos Estados membros mais vulneráveis, entre os quais, agora, Portugal.

3 - Nesta situação de grande dificuldade, em que persistentes problemas internos foram seriamente agravados por uma conjuntura internacional excecionalmente crítica, os signatários sentem-se no dever de exprimir a sua opinião sobre algumas das condições que consideram indispensáveis para ultrapassar a crise, num momento em que a dificuldade de diálogo entre os dirigentes políticos nacionais e a crescente crispação do debate público, nas vésperas de uma campanha eleitoral, ameaçam minar perigosamente a definição de soluções consistentes para os problemas nacionais.

4 - Essas condições envolvem dois compromissos fundamentais:

a) em primeiro lugar, um compromisso entre o Presidente da República, o Governo e os principais partidos, para garantir a capacidade de execução de um plano de ação imediato, que permita assegurar a credibilidade externa e o regular financiamento da economia, evitando perturbações adicionais numa campanha eleitoral que deve contribuir para uma escolha serena, livre e informada; este compromisso imediato deve permitir que o Governo possa assumir plenamente as suas responsabilidades para assegurar o bem público e assumir inadiáveis compromissos externos em nome do Estado.

b) em segundo lugar, um compromisso entre os principais partidos, com o apoio do Presidente da República, no sentido de assegurar que o próximo Governo será suportado por uma maioria inequívoca, indispensável na construção do consenso mínimo para responder à crise sem a perturbação e incerteza de um processo de negociação permanente, como tem acontecido no passado recente; numa perspetiva de curto prazo, esse consenso mínimo deverá formar-se sobre o processo de consolidação orçamental e a trajetória de ajustamento para os próximos três anos prevista na última versão do Programa de Estabilidade e Crescimento; e, numa perspetiva de médio/longo prazo, sobre as seguintes grandes questões nacionais, relacionadas com a adaptação estrutural exigida à economia e à sociedade: a governabilidade, o controlo da dívida externa, a criação de emprego, a melhor distribuição da riqueza, as orientações fundamentais do investimento público, a configuração e sustentabilidade do Estado Social e a organização dos sistemas de Justiça, Educação e Saúde.

5 - As próximas eleições gerais exigem um clima de tranquilidade e um nível de informação objetiva sobre a realidade nacional que não estão neste momento asseguradas. A afirmação destes compromissos, a partir de um esforço conjunto dos principais responsáveis políticos, ajudará seguramente a construir uma solução governativa estável, que constitui a primeira premissa para que os Portugueses possam encontrar uma razão de ser nos sacrifícios presentes e encarar com esperança o próximo futuro."

Dir-se-ia que nada disto é extraordinário, irracional ou partidariamente motivado. Mesmo assim, ficarei muito e positivamente surpreendido se a campanha eleitoral e o periodo que se seguirá tiver qualquer aderencia ao que se sugere neste texto.

Em tempo: Lendo alguns dos comentários deixados pelos leitores dos jornais on-line, constata-se que a vasta maioria passa mais tempo a acusar os signatários do texto de qualquer mal-feitoria do que discuti-lo. Tratando-se de uma amostra muitíssimo reduzida, é aquela que resolveu pronunciar-se, o que levanta a questão: Teremos a realidade que merecemos?

Friday, 8 April 2011

Hotel Unique


Hoje ao fim do dia, a Margarida e eu fomos ao bar no topo do Hotel Unique, na fotografia. Para além da arquitectura do Hotel - que vale uma visita por si só - do bar ve-se o Parque do Ibirapuera que acaba numa parede de arranha-céus que simbolizam bem São Paulo.

Embora o conjunto da cidade seja feio, São Paulo tem dezenas - se não centenas - de edifícios magníficos e arrojados. De entre estes está o Hotel Unique.

Pedro de Kastro


Abriu hoje no Museu Brasileiro de Escultura, em São Paulo, uma exposição individual de Pedro de Kastro, um pintor português radicado no Brasil que gravita num surrealismo apocalíptico.

Utilizando primordialmente tinta-da-china e e uma técnica quase microscópica, Pedro de Kastro mistura o mundo que o rodeia com um universo inquieto mas estranhamente calmo. Para além do conjunto, os seus quadros têm pequenos detalhes que nos obrigam a ver cada um com atenção e (por vezes) com a ajuda de uma lupa.

Tanto a Margarida como eu gostámos muito da exposição e ficámos satisfeitos em ver uma grande audiência a apreciar e apludir a obra de Pedro de Kastro.

Wednesday, 6 April 2011

O mal dos outros


Embora por razões diferentes das dos últimos dias ou semanas, passei a manhã a ouvir falar nas Agências de Rating, uma vez que estas elevaram a classificação do Brasil. Dir-se-ia que é uma boa notícia.

Mas não! O Governo Brasileiro e os analistas estão preocupados pois uma melhoria no rating irá aumentar o investimento directo estrangeiro no Brasil, que já está a níveis record, o que poderá acelerar ainda mais a economia brasileira e aumentar a taxa de inflação. Como definiu o Economista Chefe do Banco Mundial resposável pelo Brasil: "é uma boa-má notícia"!

Cada um tem as preocupações que tem e ninguém está contente com o que tem, mas há preocupações com as quais eu viveria melhor que outras...

Tuesday, 5 April 2011

Fado


Tenho estado a pensar e não me consigo lembrar da última vez que ouvi uma boa notícia sobre Portugal.

Saturday, 2 April 2011

A dignidade do cargo


A Câmara dos Comuns do Parlamento britânico tem tido ao longo da sua muito respeitável existência, momentos de grande tensão e importância histórica, com o apogeu recente nos discursos fundamentais e estratégicos de Churchill durante a Segunda Guerra Mundial.

Mas reflectindo umas das facetas dos britânicos que mais aprecio, o Parlamento não se leva demasiado a sério e as suas tradições acolhem a apreciam a ironia e a graça inteligente, como se pode ver na intervenção de William Hague no debate sobre o Tratado de Lisboa.

Será que o nosso Parlamento aprenderá algum dia que a dignidade das instituições não tem que ser sinónimo de chatice e auto-convencimento?

Friday, 1 April 2011

Gravidade


A imagem, resultante de dois anos de estudos da Agência Espacial Europeia, mostra a distribuição da força da gravidade no Mundo.

Por qualquer razão que me escapa, mas que suponho tenha a ver com as posições relativas da lua e do sol, a gravidade não é uniforme - sendo mais forte nas zonas a azul e mais fraca nas zonas amarelas - pelo que o mundo não é semi-esférico, lembrando mais uma pera.

Será que seremos mais leves nos polos e em África do que no nordeste brasileiro?