Thursday, 13 October 2011

Sandokan

Uma vez que volto para os mares do Pacífico Sul, resolvi reler as aventuras de Sandokan, o Tigre da Malásia e do seu melhor amigo, o português Gastão de Siqueira (na edição da Romano Torres) ou o Eanes (noutras edições).

Criado por Emilío Salgari no final do Sec. XIX em Turim, o Tigre de Mompracem - a ilha de onde Sandokan e os seus tigresinhos aterrorizavam os mares da região - é um hino à imaginação e ao espírito aventureiro. Desde os terríveis estranguladores aos colecionadores de cabeças, passando pelo poder imperial britânico e por James Brooks, o Raja Branco de Sarawak (que existiu e tem um quadro na National Portraid Gallery em Londres) e acabando nos adoradores de Kali, não há nada que a pena de Salgari não nos traga.

Acresce que a linguagem é colorida, as descrições vivíssimas e os diálogos inesquecíveis, como se pode ver pela amostra que se segue.

Sandokan prepara-se para uma arriscada empresa: ir a Labuan (sede do poder imperial britânico na região) para ver uma bela jovem inglesa conhecida como a "Pérola de Labuan", que lhe roubou o coração (embora ele nunca a tenha visto) e que nada mais é do que a sobrinha do Governador Inglês. Temendo pela segurança do seu amigo, Gastão diz-lhe (uma vez mais na versão da Romano Torres):

- Não sê só prudente, meu irmão. Sê prudentíssimo!

Ao que Sandokan, responde:

- Nada temas meu irmão. As balas têm medo de mim.

Depois disto, quem é que tem paciência ou tempo para os Power Rangers da vida? 

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