10 anos

No meio das reuniões, das correrias e de não ter sempre acesso a um computador ligado à internet, deixei passar o dia 23 de Setembro de 2011 sem assinalar os 10 anos da minha ida para Bristol. Mas mais vale tarde do que nunca!

Estamos todos à espera...

O FMI, os Estados Unidos, os países que compõem os BRIC, as instituições financeiras, os investidores, os académicos, os jornalistas, os cidadãos europeus e sabe-se lá mais quem, continuamos todos à espera que os nossos "queridos lideres" tomem as decisões difícies e corajosas que sejam necessárias para salvar o Euro, a União Europeia e a economia mundial.

Olhando para os últimos meses, só me consigo lembrar de uma música do Chico Buarque que diz:
Espere sentado ou voce se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança

Brinquedo novo

Tenho um brinquedo novo! Comprei um IPad que é uma máquina óptima, leve e eficaz e que me manteve entretido durante as quase 10 horas de voo entre Lisboa e São Paulo, tem-me acvompanhado nas várias reuniões que tenho feito e tem um sem número de aplicações, algumas mais úteis e outras perfeitamente inúteis. A minha única queixa é que não consigo fazer o upload de imagens neste blog...

Lost in translation

Ontem, ainda meio atordoado pela diferença horária entre Portugal e o Brasil, fiquei à noite no hotel a fazer um zapping nos vários canais da Netcabo. Entre dezenas de possibilidades, acabei a ver "Love Actually", um dos meus filmes feel-good preferidos.

O filme, apresentado na versão original e sem legendas, tem uma cena onde um inglês vai a França declarar o seu amor a uma portuguesa tendo, para tanto, aprendido a língua de Camões que utiliza com esforço. Como é natural esta cena era, na versão original, a única com legendas, já que se trata de uma cena em português num filme inglês.

O que eu não esperava foi ver as legendas traduzidas para "brasileiro": a irmã gorda e feia da protagonista diz num português algo alarve "não sejas parva!!" e a legenda esclarecia o telespectador brasileiro "não seja boba!!", e assim por diante. Claro está que assim que acabou a cena dos portugueses, as legendas desapareceram e o telespactador pode acompanhar o resto do filme na sua versão original sem qualquer auxilio ou ajuda.

Estará o Brasil a transitar da CPLP para a Commonwealth?

Tô voltando (por duas semanas)

Pouco mais de um mês desde que cheguei a Portugal e 15 dias depois de começar a trabalhar na Leadership Business Consulting, volto a São Paulo para um conjunto de reuniões de trabalho. Vai ser interessante ver as empresas brasileiras e portuguesas que conheci na perspectiva da AICEP com outros olhos, re-encontrar bons amigos que tenho e re-visitar algumas ruas e bairros de São Paulo que fizeram parte do meu cotidiano paulista.

Ao eventual leitor ou leitores destas notas lembro que, como não terei acesso permanente à internet, as notas neste blog serão mais espaçadas.

Esteriótipos

"A ONU enviou uma carta para cada país com a pergunta:  "Por favor, diga honestamente qual é a sua opinião sobre a escassez de alimentos no resto do mundo".

Foi um fracasso. Os europeus não entenderam o que era 'escassez' e os africanos o que era 'alimento'. Os cubanos não entenderam o que era 'opinião', e os argentinos o significado de 'por favor'. Os norte americanos nem imaginam o que seja 'resto do mundo'. E o congresso brasileiro está debatendo o que é 'honestamente'."

Tirado do facebook de um amigo no Brasil

Planeamento, execução e resultados

No regresso às aulas, a Polícia de Segurança Pública de Lisboa resolveu chamar a atenção dos pais para a importância de transportarem as crianças de forma segura.

E se bem pensou, melhor executou. Em plena hora de ponta da manhã, escolheu a Escola João de Deus, na rotunda da Av. Álvares Cabral, por onde passam os carros que vêm da Av. 24 de Julho, de Campo de Ourique, da Lapa, de Santos e de outros bairros de Lisboa em direcção ao centro, para mandar parar os carros com crianças a bordo e certificar-se que tudo estava de acordo com a lei e a ordem. Para quem lê estas notas no Brasil, corresponderia a mandar para 2 em cada 3 carros na Av. 9 de Junho de SP em plena hora de rush. Como é óbvio, o resultado foram milhares de carros cheios de pessoas atrasadas, deseperadas e frustradas, perdas de tempo, de gasolina e de produtividade.

Nada como um caos organizado pelas autoridades para começar bem o dia!

Já não era sem tempo

As minhas desculpas se este post se tornar muito técnico ou chato, mas algumas coisas importantes são-no.

Uma das maiores inovações - se não a maior inovação - da União Europeia foi criar uma instituição poderosa que não depende dos Estados e que deve procurar soluções que interessem a todos, sejam eles a grande Alemanha ou a pequena Malta. Para garantir esse equilíbrio de interesses, o Tratado garante a independência da Comissão e atribui-lhes poderes que deveriam permitir que os interesses de todos são mais importantes que os interesses de alguns, por mais relevantes que sejam esses alguns.

E com base nessa divisão de interesses - a Comissão representa a União, o Conselho representa os Estados e o Parlamento Europeu representa os cidadãos - a União Europeia avançou para patamares de integração voluntária entre Estados soberanos nunca antes vistos e garantiu a paz e a prosperidade num continente historicamente devastado por guerras constantes.

No entanto, desde as negociações da malograda Constituição Europeia que tem havido um movimento cada vez mais forte para tornar a Comissão num mero secretariado dos Estados e não num parceiro de igual estatura e importância. E, desde a crise do Euro e das dívidas soberanas, temos assistido ao progressivo desaparecimento da Comissão, substituida por reuniões inúteis nos resultados e destruidoras nos métodos, entre a Alemanha e a França.

Ontem, no entanto, o Presidente da Comissão, num discurso no Parlamento Europeu, reagiu e disse o que todos - a começar nos mercados - já percebemos: que a solução para a União Europeia e, em particular para a crise que atravessamos, é mais União Europeia e mais integração e não mais Estados.

Quem precise de provas, que olhe para os últimos dois anos.

O mundo novo

Os países que compõem os BRICS - Brasil, Russia, India, China e Africa do Sul, ou seja, as economias mais dinamicas deste início de Séc., acabam de anunciar que irão proceder a consultas à margem da reunião do FMI para discutirem formas de ajudar a União Europeia a ultrapassar a crise das dívidas soberanas e salvar o euro.

Não vai longe o tempo em que a União Europeia ajudava os países em vias de desenvolvimento...

O true gentleman

A arrumar algumas estantes - numa tentativa muito pouco sucedida de preparar a casa para a eventual chegada dos caixotes que vêm do Brasil - encontrei um livrinho encadernado em pele azul, chamado "The True Gentleman".

Não sei como é que o livro foi lá para a casa mas entretive-me a folhea-lo e a ler os pequenos conselhos que o autor dá aos seus leitores sobre a forma de um gentleman agir nas mais variadas situações, como estar à mesa, o que vestir e como cumprimentar a Rainha de Inglaterra, o Presidente dos Estados Unidos ou o Papa. Tratando-se de uma edição americana, o livro ensina-nos igualmente quando e onde poderemos usar um boné de baseball e botas de cowboy.

Sendo divertido, o livro parte de uma premissa séria e universal: o true gentleman faz tudo para facilitar a vida dos outros. Informo com tristeza que hoje no trânsito de minha casa para o escritório, não encontrei nenhum gentleman (ou gentlewoman) ao volante!

Olhar em frente

Passaram-se ontem 10 anos sobre o 11 de Setembro.

Durante a inauguração de uma exposição evocativa da data, organizada pela Embaixada dos Estados Unidos, estive a conversar com o adido militar americano em Lisboa que me perguntou onde estava eu há 10 anos. Tendo-lhe respondido, ele disse-me que todas as pessoas com quem falou ao longo do ano sabiam precisamente onde estavam no momento em  souberam do ataque a Nova Iorque e Washington.

Não vou falar do impacto do 11 de Setembro no Mundo. Não teria nada para dizer que não tenha sido por outras pessoas de forma muito mais capaz e completa. Também não vou falar no impacto que os ataques de há 10 anos tiveram em mim pois não interessaria a ninguém.

Mas fico satisfeito em ver que no discurso que proferiu na inauguração da exposição, intitulada "Honrar o Passado, Seguir em Frente", o Embaixador dos Estados Unidos em Lisboa tenha feito isso mesmo.

Criatividade e concretização

A revista Veja apresenta no seu último número uma matéria sobre 50 brasileiros que mudaram o Mundo em campos tão distintos como as artes, a ciência, o desporto, o ambiente, a saúde ou a indústria entre outros. Embora o Brasil gaste apenas 0,9% do PIB em investigação e desenvolvimento (comparados com os quase 3% dos Estados Unidos) é hoje o 11º país do mundo que mais investe em I&D e a grande maioria das descobertas apresentadas têm lugar em universidades e centros de desenvolvimento no Brasil.

A investigação, o desenvolvimento e a aplicação de novas soluções para velhos problemas é um dos mais importantes componentes da economia do conhecimento. O Brasil sabe-o e tem conseguido aliar uma reconhecida imaginação prodigiosa ao trabalho necessário para transformar a realidade que nos cerca. 

Como dizem na Terras de Vera Cruz, o Brasil é "a bola da vez" e se a natureza ajuda, os próprios muito fazem por isso!

Primeiros dias

Começar a trabalhar num novo lugar é sempre uma experiência interessante, que pode correr bem ou não. Felizmente, no caso da Leadership a experiência tem sido muito agradável, se bem que trabalhosa.

Novos nomes e novas caras. Reuniões e mais reuniões para perceber as forma de organização, os processos de trabalho, as áreas onde somos mais concorrências. Tentar processar toda essa informação e enquadrá-la no que de mim se espera. Esclarecer as dúvidas que surgem e obter respostas sem atrapalhar as pessoas ou distraí-las do que têm que fazer.

Cada dia que passa é menos difícil que o anterior e as coisas vão se tornando mais claras. E embora muito seja sensatez e humildade de se saber que não se sabe, muito mais se deve à excelente organização da Leadership e à forma simpática e empenhada com que todos me têm recebido e ajudado.

Se os próximos dias continuarem como os que já lá vão, estarei muito bem nesta minha nova casa.

Mais um passo na direcção certa

O virus na imagem - que em tempos foi utilizado para nos proteger da variola - está a ser testado no combate ao cancro. Num pequeno grupo de pessoas em estádios avançados da doença, o JX-594 atacou apenas as células doentes tendo travado a progressão do cancro e como é ministrado através do sangue, poderá ainda evitar que a doença se espalhe pelo corpo dos doentes. Tudo isto com os mesmos efeitos secundários de uma gripe.

Cada dia que passa, estamos mais próximos de encontrar uma solução para uma doença que mata milhões de pessoas no mundo inteiro. Um dia lá chegaremos. 

Nova vida e novos objectivos

Dentro de umas horas começarei a trabalhar na Leadership Business Consulting. Faço-o entusiasmado e ciente das implicações do conselho que recebi de um amigo: "no sector privado não basta poupares dinheiro; tens que ganha-lo".