Wednesday, 14 September 2011

Já não era sem tempo

As minhas desculpas se este post se tornar muito técnico ou chato, mas algumas coisas importantes são-no.

Uma das maiores inovações - se não a maior inovação - da União Europeia foi criar uma instituição poderosa que não depende dos Estados e que deve procurar soluções que interessem a todos, sejam eles a grande Alemanha ou a pequena Malta. Para garantir esse equilíbrio de interesses, o Tratado garante a independência da Comissão e atribui-lhes poderes que deveriam permitir que os interesses de todos são mais importantes que os interesses de alguns, por mais relevantes que sejam esses alguns.

E com base nessa divisão de interesses - a Comissão representa a União, o Conselho representa os Estados e o Parlamento Europeu representa os cidadãos - a União Europeia avançou para patamares de integração voluntária entre Estados soberanos nunca antes vistos e garantiu a paz e a prosperidade num continente historicamente devastado por guerras constantes.

No entanto, desde as negociações da malograda Constituição Europeia que tem havido um movimento cada vez mais forte para tornar a Comissão num mero secretariado dos Estados e não num parceiro de igual estatura e importância. E, desde a crise do Euro e das dívidas soberanas, temos assistido ao progressivo desaparecimento da Comissão, substituida por reuniões inúteis nos resultados e destruidoras nos métodos, entre a Alemanha e a França.

Ontem, no entanto, o Presidente da Comissão, num discurso no Parlamento Europeu, reagiu e disse o que todos - a começar nos mercados - já percebemos: que a solução para a União Europeia e, em particular para a crise que atravessamos, é mais União Europeia e mais integração e não mais Estados.

Quem precise de provas, que olhe para os últimos dois anos.

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