Ninguem nega a grandiosidade, os meios tecnológicos, o impacto visual do cinema norte-americano e a qualidade de alguns filmes. Sem ter os mesmos meios, o cinema europeu procura cativar audiências atraves dos dálogos, da graça e da inteligencia das suas produções.
Quem queira passar algumas horas a rir com gosto, recomendo o filme "Benvindo ao Sul", uma produção italiana sobre os preconceitos e descobertas de um milanês obrigado a viver numa pequena vila perto de Nápoles e quem prefira o riso e as lágrimas não deve deixar de ver "Pequenas Mentiras entre Amigos", uma produção francesa que discute a importância relativa das coisas quando somos confrontados com a morte de um amigo.
Eu, que gosto francamente de cinema, sou o primeiro a reconhecer que uma grande produção americana invade-nos os sentidos e deixa-nos pregados à cadeira. Mas um bom diálogo - mesmo que produzido com poucos meios - ainda faz um grande filme.
Tuesday, 30 August 2011
Thursday, 25 August 2011
Dona do seu nariz
Quando a Presidente Dilma foi eleita, não faltaram vozes a garantirem que o novo governo brasileiro nada mais seria do que a continuação do governo do Presidente Lula da Silva e que a nova Presidente não teria capacidade para gerir os interesses conflitantes da mega coligação que a apoia.
Passado meio ano, não restam muitas dúvidas: quem manda é a Presidente Dilma Rousseff.
Passado meio ano, não restam muitas dúvidas: quem manda é a Presidente Dilma Rousseff.
Wednesday, 24 August 2011
Não interessa quem tu és; interessa quem tu conheces
O meu amigo Paulo Chaves, diplomata português, a acompanhar o agora desaparecido Coronel Kadaffi numa visita oficial a Portugal.
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Coisas com graça,
O Mundo dos Outros
Monday, 22 August 2011
E lá vai mais um
À hora que escrevo, as forças especiais de Kadafi renderam-se, os seus filhos estão presos, os rebeldes ocupam Tripoli e há festa nas ruas. Sem prejuízo para as difíceis horas, dias, semanas e meses que se seguirão, a Primavera Árabe continua o seu caminho.
E a farsa continua
Mais uma reunião "salvadora" entre os líderes alemão e francês; mais um conjunto de medidas sem objectivo ou propósito; mais sinais de descrença dos mercados que já nem 12 horas esperam para mostrarem que não há lideranças na Europa; mais uma semana perdida na União Europeia e ninguém sabe da Comissão...
Sinais de crise
Ao fim de quase um mês desde o meu regresso a Portugal, não vejo sinais óbvios da crise que atravessamos: os restaurantes estão cheios, o Algarve cheio está e os centros comerciais também.
Mas no bairro de Campo de Ourique - bairro de classe média e classe média-alta no centro de Lisboa - apareceream pelo menos 4 lojas de penhores, algumas quase porta-sim-porta-não, quando no Natal não havia nenhuma. Se as há, é porque há quem as use.
Mas no bairro de Campo de Ourique - bairro de classe média e classe média-alta no centro de Lisboa - apareceream pelo menos 4 lojas de penhores, algumas quase porta-sim-porta-não, quando no Natal não havia nenhuma. Se as há, é porque há quem as use.
Wednesday, 17 August 2011
Quem te avisa, teu amigo é
Pequeno intervalo nas férias do blog por achar graça à fotografia encontrada no "facebook" de uma amiga.
Thursday, 11 August 2011
De papo para o ar
Este blog também precisa de descanso, por isso vai de férias até Setembro. Desejo a leitor ou leitores destas notas um bom resto de Agosto, seja ele verão ou inverno.
Wednesday, 10 August 2011
Do pior ao melhor em apenas algumas horas
Depois de noites de violência, anarquia e caos em várias cidades inglesas, o melhor dos ingleses vem à tona: o espirito de comunidade e entre-ajuda retratado na fotografia tirada em Londres.
Tuesday, 9 August 2011
Violencia em Londres
Não consigo perceber o que se passa em Londres nos últimos 3 dias. Onde andarão as pessoas com quem eu me cruzava na rua durante quase 3 anos, que seguravam as portas, pediam desculpas mesmo quando não havia razão para o fazer e agradecia sem razão aparente? Devem estar fechadas em casa, sequestrados pela turba que ocupou as ruas e que, segundo parece, nada mais quer do que destruir tudo o que encontrar no caminho.
Monday, 8 August 2011
A douta opinião do Zé Povinho
Sem prejuízo para um considerável esforço falhado, não consigo dizer o que se segue sem parecer pedante. Assim sendo, aqui vai o meu pedantismo bem intencionado.
Um dos hábitos mais estranhos das televisões portuguesas é acharem que o Zé Povinho deve pronunciar-se sobre todo e qualquer assunto durante o telejornal. Do tempo à economia, passando por desastres nucleares, exploração espacial ou microbiologia, os jornalistas espetam os microfones à frente do primeiro popular que lhe passa pelo caminho e este, normalmente sorridente, partilha conosco as suas opiniões de leigo .
Nada tenho contra o Zé Povinho ter opiniões e poder expressa-las sempre que lhe aprouver, mas acharia muito mais interessante ouvir especialistas sobre os temas em focos, cuja opinião acrescentasse alguma coisa que não lugares comuns, ao nosso conhecimento colectivo, fazendo do telejornal um programa muto mais útil.
Há coisas bizarras no nosso Portugalinho.
Um dos hábitos mais estranhos das televisões portuguesas é acharem que o Zé Povinho deve pronunciar-se sobre todo e qualquer assunto durante o telejornal. Do tempo à economia, passando por desastres nucleares, exploração espacial ou microbiologia, os jornalistas espetam os microfones à frente do primeiro popular que lhe passa pelo caminho e este, normalmente sorridente, partilha conosco as suas opiniões de leigo .
Nada tenho contra o Zé Povinho ter opiniões e poder expressa-las sempre que lhe aprouver, mas acharia muito mais interessante ouvir especialistas sobre os temas em focos, cuja opinião acrescentasse alguma coisa que não lugares comuns, ao nosso conhecimento colectivo, fazendo do telejornal um programa muto mais útil.
Há coisas bizarras no nosso Portugalinho.
Sunday, 7 August 2011
Costa da Caparica
Ninguem pode negar a beleza das praias do litoral norte de São Paulo, as maravilhosas praias da Cidade Maravilhosa ou os outros encantos da costa brasileira, mas a Costa da Caparica fica a uns 5 kms da minha porta.
E hoje esteve um óptimo dia de praia.
E hoje esteve um óptimo dia de praia.
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O Nosso Portugalinho
Saturday, 6 August 2011
O nicho de sucesso
Fez ontem uma semana que voltei e, para além de tratar de uma série de assuntos necessários para que possa voltar a viver e trabalhar em Portugal, tenho aproveitado para visitar as várias livrarias de Lisboa, onde identifiquei uma nova linha editorial que cresce diariamente: os livros sobre a crise.
Das perspectivas académicas e científicas, passando pelos livros de auto-ajuda sobre a crisa e notando-se alguns livros mais optistas e outros livros mais pessimistas, eis um nicho da actividade intelectual e empresarial que está bem e recomenda-se.
Das perspectivas académicas e científicas, passando pelos livros de auto-ajuda sobre a crisa e notando-se alguns livros mais optistas e outros livros mais pessimistas, eis um nicho da actividade intelectual e empresarial que está bem e recomenda-se.
Tão antigo quanto a humanidade
De vez em quando aparecem referências nas redes sociais sobre as diferenças entre as gerações como, por exemplo, o facto de a minha geração - nascida no final dos anos 60, inícios dos anos 70 - ter tido uma infância passada a brincar na rua enquanto que a geração dos nossos filhos ter passado a infância em casa.
Também recorrentes são as queixas relativas à educação (ou falta dela) das gerações mais novas quando comparadas com as gerações mais velhas, sendo certo que a mais antiga reclamação da falta de qualidade das gerações mais novas aparece na Ilíada de Homero, escrita no Séc. VIII A.C.
Uma vez que continuamos a seguir códigos formais e informais que nos permitem conviver com alguma civilidade, não me parece possível que a qualidade das pessoas tenha diminuido sem cessar desde há 2.800 anos. Mas a percepção é tão constante como o sol nascer a leste e deitar-se a ocidente.
Também recorrentes são as queixas relativas à educação (ou falta dela) das gerações mais novas quando comparadas com as gerações mais velhas, sendo certo que a mais antiga reclamação da falta de qualidade das gerações mais novas aparece na Ilíada de Homero, escrita no Séc. VIII A.C.
Uma vez que continuamos a seguir códigos formais e informais que nos permitem conviver com alguma civilidade, não me parece possível que a qualidade das pessoas tenha diminuido sem cessar desde há 2.800 anos. Mas a percepção é tão constante como o sol nascer a leste e deitar-se a ocidente.
Tuesday, 2 August 2011
Vitória sobre A Máquina
Depois da estrondosa derrota de ontem na eterna batalha contra o sistema (ver post imediatamente abaixo), hoje consegui tratar de todos os documentos e sou, até ver, um homem livre do guichet público. Mas não foi uma vitória fácil!
Uma vez que a Loja do Cidadão abre às 8H30 da manhã, juntei-me a uma longa fila de gente que, como eu, aguardavam para enfrentar "A Máquina" às 8H15. Todos em silêncio, certamente imaginando as melhores estratégias, gizando os mais audaciosos planos, preparando frases arrasadoras para responder às dificuldades que funcionários "d'A Máquina" iriam colocar-nos. Às 8H32 (dois minutos depois do previsto para assegurar a vantagem psicológica d'A Máquina sobre o Cidadão) abrem-se as portas e, quais carneiros a caminho do matadouro, somos autorizados a entrar, um por um, na Loja do Cidadão.
A minha estratégia, comum a todos os outros cidadãos, foi tirar imediatamente todas as senhas que necessitava e ir tratando dos assuntos à medida que chegasse a minha vez. Mas rapidamente percebi que assim não conseguiria vencer "A Máquina". Tudo dependia do Cartão do Cidadão!! Sem ele, nada seria possível!!!
Descartando, portanto, a senha que me permitiria tratar da carta de condução, acompanhei como que apostou tudo numa corrida de tartarugas, o movimento das senhas para o cartão do cidadão e para o passaporte. Se o cartão do cidadão avançasse mais depressa que o passaporte, pouparia horas. Se o passaporte fosse mais ligeiro, teria que tirar outra senha e esperar a minha vez... Como a sorte protege os audazes, o cartão do cidadão foi mais rápido e, concluída essa batalha com rapidez que até a mim espantou, ainda tive tempo de conquistar o direito a viajar pelo Mundo com um novo "Passaporte Electrónico Português".
Faltava agora a carta de condução, para a qual eu não tinha senha. Mas o destino estava traçado e uma competente senhora explicou-me que eu não necessitava de substituir a carta inglesa, bastando-me registar a alteração de morada num simples formulário.
E, apenas 2 horas depois de ter enfrentado a força d'A Máquina, saí para a Praça dos Restauradores, com a fé na superioridade do Cidadão sobre o sistema, por que não dizê-lo, Restaurada. Pelo menos, até ao próximo encontro com A Máquina que, lambendo as feridas, estará já a preparar a vingança...
Uma vez que a Loja do Cidadão abre às 8H30 da manhã, juntei-me a uma longa fila de gente que, como eu, aguardavam para enfrentar "A Máquina" às 8H15. Todos em silêncio, certamente imaginando as melhores estratégias, gizando os mais audaciosos planos, preparando frases arrasadoras para responder às dificuldades que funcionários "d'A Máquina" iriam colocar-nos. Às 8H32 (dois minutos depois do previsto para assegurar a vantagem psicológica d'A Máquina sobre o Cidadão) abrem-se as portas e, quais carneiros a caminho do matadouro, somos autorizados a entrar, um por um, na Loja do Cidadão.
A minha estratégia, comum a todos os outros cidadãos, foi tirar imediatamente todas as senhas que necessitava e ir tratando dos assuntos à medida que chegasse a minha vez. Mas rapidamente percebi que assim não conseguiria vencer "A Máquina". Tudo dependia do Cartão do Cidadão!! Sem ele, nada seria possível!!!
Descartando, portanto, a senha que me permitiria tratar da carta de condução, acompanhei como que apostou tudo numa corrida de tartarugas, o movimento das senhas para o cartão do cidadão e para o passaporte. Se o cartão do cidadão avançasse mais depressa que o passaporte, pouparia horas. Se o passaporte fosse mais ligeiro, teria que tirar outra senha e esperar a minha vez... Como a sorte protege os audazes, o cartão do cidadão foi mais rápido e, concluída essa batalha com rapidez que até a mim espantou, ainda tive tempo de conquistar o direito a viajar pelo Mundo com um novo "Passaporte Electrónico Português".
Faltava agora a carta de condução, para a qual eu não tinha senha. Mas o destino estava traçado e uma competente senhora explicou-me que eu não necessitava de substituir a carta inglesa, bastando-me registar a alteração de morada num simples formulário.
E, apenas 2 horas depois de ter enfrentado a força d'A Máquina, saí para a Praça dos Restauradores, com a fé na superioridade do Cidadão sobre o sistema, por que não dizê-lo, Restaurada. Pelo menos, até ao próximo encontro com A Máquina que, lambendo as feridas, estará já a preparar a vingança...
Monday, 1 August 2011
Choque de realidades
Hoje dirigi-me à Loja do Cidadão (para quem lê estas notas no Brasil, um "one-stop" onde podemos tratar de todas as burocracias de uma só vez) para alterar a morada (endereço) no meu cartão do cidadão (o RG), substituir o meu passaporte que está quase a caducar, substituir a minha carta de condução (carteira de habilitação) que ainda é inglesa e pedir uma segunda via dos documentos da minha mota. Estava confiante, já que na companhia de um bom jornal e o IPod, trataria de todos os documentos numa manhã e não teria que pensar em papéis por muitos e bons anos.
Cheguei à Loja do Cidadão, depois de uma reunião matinal com as pessoas com que irei trabalhar a partir de Setembro, por volta das 11H00 para me confrontar com filas de pessoas que bloqueavam o acesso à porta do prédio, quanto mais aos balcões que eu procurava. Mas não desanimei! Meti-me na mota e, debaixo de uma estranha chuva de Agosto, rumei ao outro lado da cidade, onde me tinham dito, haveria outra Loja do Cidadão sem ninguém.
Lá chegado, percebi que afinal não era uma Loja do Cidadão mas sim um posto de atendimento dos Registos. Sem prejuízo, poderia tratar dos documentos da mota, do cartão do cidadão e eventualmente do passaporte (já que as opiniões se dividiam quanto a este último). Avancei corajoso e encontrei uma sala grande, arejada e vazia onde uma senhora tratou dos documentos da mota em menos de 10 minutos. Crédito para o funcionalismo público que recebeu e despachou este membro do público com eficácia, simpatia e rapidez!
Dirigi-me depois para outra sala onde poderia tratar do cartão do cidadão e, eventualmente do passaporte.
Começou então a descida ao inferno dos burocratas numa sala cheia de gente, com filas que avançavam a passo de caracol esperei mais de uma hora, primeiro em pé e depois sentado e sem o jornal que me esqueci de comprar, para ser atendido por uma senhora muito simpática que me perguntou se vinha buscar o cartão do cidadão. Responde-lhe que não. Que vinha apenas alterar a morada (endereço) já que ainda estava registado como vivendo em Londre e que agora estava de volta a Portugal. A senhora pediu-me então os códigos de segurança do cartão que me tinham sido dados numa carta. Expliquei-lhe que não sabia da carta, razão pela qual tinha-me dirigido aos serviços já que, se soubesse os códigos, poderia ter tratado tudo pela Internet e não teria perdido parte da manhã e parte da tarde naquela sala.
Aqui começou a trágico-comédia! Olhando para mim com um ar simpático e mesmo pesaroso, a senhora explicou-me que sem os códigos não se podia fazer nada e que teria que tirar um novo Cartão! Fiquei siderado!! Mas se eu estava ali, se o cartão me pertencia, se eu queria mudar a morada, se a senhora tinha acesso à informação armazenada algures nos sistemas informáticos do Estado, não haveria forma de alterar a morada sem os códigos sem ser necessário emitir um novo cartão? Não, disse-me ela como se fossa absolutamente óbvio.
Com alguma vontade de rir, resignei-me e preparei-me para pedir à senhora a emissão do novo cartão. Eis que entra o funcionalismo em toda a sua força. Explica-me a senhora que eu tinha tirado uma senha para mudança de morada e não a senha para emissão do cartão e que, embora fosse igualmente ela a tratar da emissão do cartão, eu tinha a senha errada. Teria, portanto, que tirar uma nova senha e aguardar mais umas horas para poder voltar à sua imperial presença, desta vez com a senha certa. E quanto ao Passaporte, só começariam a tratar disso naquele balcão semana que vem.
Resumindo o resto da história, voltei para casa, debaixo de ainda mais chuva, sem ter almoçado, sem
cartão do cidadão, sem passaporte e sem carta de condução.
Amanhã às 8H30 da manhã estarei de volta à Loja do Cidadão, desta vez com o jornal.
Cheguei à Loja do Cidadão, depois de uma reunião matinal com as pessoas com que irei trabalhar a partir de Setembro, por volta das 11H00 para me confrontar com filas de pessoas que bloqueavam o acesso à porta do prédio, quanto mais aos balcões que eu procurava. Mas não desanimei! Meti-me na mota e, debaixo de uma estranha chuva de Agosto, rumei ao outro lado da cidade, onde me tinham dito, haveria outra Loja do Cidadão sem ninguém.
Lá chegado, percebi que afinal não era uma Loja do Cidadão mas sim um posto de atendimento dos Registos. Sem prejuízo, poderia tratar dos documentos da mota, do cartão do cidadão e eventualmente do passaporte (já que as opiniões se dividiam quanto a este último). Avancei corajoso e encontrei uma sala grande, arejada e vazia onde uma senhora tratou dos documentos da mota em menos de 10 minutos. Crédito para o funcionalismo público que recebeu e despachou este membro do público com eficácia, simpatia e rapidez!
Dirigi-me depois para outra sala onde poderia tratar do cartão do cidadão e, eventualmente do passaporte.
Começou então a descida ao inferno dos burocratas numa sala cheia de gente, com filas que avançavam a passo de caracol esperei mais de uma hora, primeiro em pé e depois sentado e sem o jornal que me esqueci de comprar, para ser atendido por uma senhora muito simpática que me perguntou se vinha buscar o cartão do cidadão. Responde-lhe que não. Que vinha apenas alterar a morada (endereço) já que ainda estava registado como vivendo em Londre e que agora estava de volta a Portugal. A senhora pediu-me então os códigos de segurança do cartão que me tinham sido dados numa carta. Expliquei-lhe que não sabia da carta, razão pela qual tinha-me dirigido aos serviços já que, se soubesse os códigos, poderia ter tratado tudo pela Internet e não teria perdido parte da manhã e parte da tarde naquela sala.
Aqui começou a trágico-comédia! Olhando para mim com um ar simpático e mesmo pesaroso, a senhora explicou-me que sem os códigos não se podia fazer nada e que teria que tirar um novo Cartão! Fiquei siderado!! Mas se eu estava ali, se o cartão me pertencia, se eu queria mudar a morada, se a senhora tinha acesso à informação armazenada algures nos sistemas informáticos do Estado, não haveria forma de alterar a morada sem os códigos sem ser necessário emitir um novo cartão? Não, disse-me ela como se fossa absolutamente óbvio.
Com alguma vontade de rir, resignei-me e preparei-me para pedir à senhora a emissão do novo cartão. Eis que entra o funcionalismo em toda a sua força. Explica-me a senhora que eu tinha tirado uma senha para mudança de morada e não a senha para emissão do cartão e que, embora fosse igualmente ela a tratar da emissão do cartão, eu tinha a senha errada. Teria, portanto, que tirar uma nova senha e aguardar mais umas horas para poder voltar à sua imperial presença, desta vez com a senha certa. E quanto ao Passaporte, só começariam a tratar disso naquele balcão semana que vem.
Resumindo o resto da história, voltei para casa, debaixo de ainda mais chuva, sem ter almoçado, sem
cartão do cidadão, sem passaporte e sem carta de condução.
Amanhã às 8H30 da manhã estarei de volta à Loja do Cidadão, desta vez com o jornal.
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