Thursday, 19 May 2011
Os curiosos
A Royal Society of London acaba de ganhar o Prémio Príncipe das Astúrias pelo "carácter multidisciplinar da instituição, onde se manifesta os vínculos entre a ciência, as humanidades, a sociedade e a política".
A Royal Society, fundada em 1660, teve início numas reuniões em 1640 onde se discutia a natureza, ciência e métodos de investigação. Os seus fundadores vinham das mais variada profissões, entre as quais um Pastor da Igreja de Inglaterra, um construtor naval, dois arquitectos, um economista e filósofo e um químico. Desta lista resulta que, com excepção do último, nenhum dos fundadores da Royal Society tinha formação base em ciências naturais ou se dedicava primeiramente à ciência. Eram, em bom rigor, uns curiosos.
O carácter multi-disciplinar e amador que caracterizou a origem da Royal Society foi-se perdendo à medida que o conhecimento avançou e se especializou em áreas de saber cada vez mais isoladas. Como me disseram em Bristol quando comecei o meu doutoramento, no fim do processo eu não iria conhecer a floresta, nem se quer a árvore: iria conhecer uma folha.
Embora o tremendo avanço do conhecimento humano praticamente imponha a que olhemos para a folha, é pena termos perdido a perspectiva da floresta.
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