As consequências da posição que o Primeiro Ministro britânico tomou no Conselho Europeu desta semana começam a aparecer:
- Na União Europeia, o Reino Unido está fora do novo forum de decisão, correndo o risco de ver-se obrigado a implementar decisões tomadas numa mesa na qual não tem lugar por vontade própria;
- Na Aliança dos Países de Língua Inglesa - que para os eurocépticos britânicos significa o Reino Unido e os Estados Unidos -, os sinais de empenho dos Estados Unidos numa cooperação estreita com uma Zona Euro recuperada multiplicam-se, deixando Londres à deriva;
- Na City há grande preocupação com a possibilidade de nova regulamentação ser aprovada em Bruxelas sem haver quem se preocupe com as suas necessidades;
- No sector produtivo britânico há ainda maior preocupação com o efeito que o isolamento britânico possa ter no acesso ao mercado europeu, que corresponde a cerca de 60% do comércio do país;
- Na coligação que governa o País, há novas tensões, com o Vice Primeiro-Ministro a dizer-se "horrorizado" com a posição do Primeiro-Ministro e a dizer que os deputados Conservadores eurocépticos vivem num mundo de fantasia.
Dir-se-ia que, com excepção dos deputados Conservadores e os tabloides, ninguém está contente. É certo que, olhando para o Partido Conservador e para a posição que Cameron assumiu antes da Cimeira, tenho dúvidas que o Primeiro Ministro pudesse ter feito outra coisa. Dito isto, não me parece que os Eurocépticos fiquem satisfeitos com a meia vitória e irão tentar forçar um referendo sobre o futuro do Reino Unido na União Europeia, o que levará ao fim da coligação e a eleições antecipadas.
Se somarmos a confusão que reina no Reino com os efeitos sociais da política de austeridade do Governo, parece-me que haverá um Governo Trabalhista ou uma coligação Trabalhista-Lib. Dem. antes do fim de 2012.
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a tua análise parece completamente certa
ReplyDeleteJoão Vieira